Sustentabilidade
Algodão colorido: uma alternativa sustentável e lucrativa para o produtor rural
Com menor demanda hídrica e sem necessidade de tingimento químico, o algodão colorido é uma solução ecológica e lucrativa para o agronegócio brasileiro
Redação Agro Estadão*
27/11/2024 - 07:54

O algodão é uma das principais culturas agrícolas do mundo, essencial para a indústria têxtil e um motor econômico em várias regiões.
E com a colheita de mais de 3,7 milhões de toneladas na safra de 2023/2024, o Brasil tornou-se o maior produtor de algodão do mundo.
Dentro desse universo, o algodão colorido surge como uma alternativa sustentável e promissora, que combina menor impacto ambiental com potencial econômico significativo.
História do algodão colorido
O cultivo da pluma começou há milhares de anos, com registros de produção em civilizações antigas como a do Egito, da Índia e dos povos pré-colombianos da América.
O algodão colorido tem origens especialmente notáveis entre as comunidades indígenas da América Central e do Sul, que há séculos utilizavam variedades naturalmente pigmentadas.
Com a modernização da agricultura, o algodão colorido foi, por um tempo, deixado de lado em prol do algodão branco, que é mais fácil de tingir e processar em larga escala. O ressurgimento da variedade como alternativa sustentável ganhou força nas últimas décadas.
Pesquisadores e produtores perceberam que, além de dispensar tinturas químicas, essas variedades eram mais resistentes e adaptadas a certas condições climáticas, reduzindo a necessidade de insumos químicos.
Onde se produz algodão colorido?
Globalmente, o algodão colorido é produzido em menor escala em comparação ao algodão branco. Países como Peru e Índia mantêm tradições de cultivo de algodão colorido, especialmente em regiões onde práticas agrícolas sustentáveis são valorizadas.
Nos últimos anos, novas iniciativas têm surgido para ampliar a produção em áreas com clima favorável e histórico agrícola.
Brasil e o algodão colorido
No Brasil, a Paraíba é a principal produtora de algodão colorido, com condições de solo e clima ideais para o cultivo. E devido à relevância cultura e econômica ao estado, o algodão colorido também se tornou um patrimônio imaterial da Paraíba em 2022.
A Embrapa Algodão tem sido uma das líderes na pesquisa e no desenvolvimento de variedades de algodão colorido, que já são cultivadas em tons de marrom e verde.
Essas variedades se destacam por sua resistência a pragas e menores exigências de água, aumentando a viabilidade econômica para pequenos e médios produtores.
Organizações como a Cooperativa dos Produtores de Algodão do Estado da Paraíba (Copagre) têm apoiado a comercialização, garantindo um mercado justo e incentivando práticas agrícolas sustentáveis.
Variedades e cores do algodão colorido
Existem diversas variedades de algodão colorido, com cores que vão desde tons terrosos até verdes suaves. Cada uma possui características específicas, como resistência a pragas e alta produtividade. O algodão marrom é um dos mais comuns, seguido pelo verde, ambos apreciados por indústrias que buscam produtos naturais e sustentáveis.
A versatilidade do algodão colorido permite seu uso em diversos segmentos da indústria têxtil. Além de roupas e acessórios, é comum ver ser aplicado em artesanato e produtos de higiene pessoal, como toalhas e fraldas.
Marcas sustentáveis, como as que participam de feiras ecológicas, utilizam esse algodão em suas coleções para promover produtos éticos e de menor impacto ambiental.



Cultivo do algodão colorido
O cultivo do algodão colorido difere em alguns aspectos do algodão branco convencional, especialmente em relação às práticas sustentáveis que são a base dessa produção.
Práticas de plantio e preparo do solo
O primeiro passo para o cultivo bem-sucedido é a escolha do solo. Ele deve ser bem drenado, fértil e com pH entre 5,5 e 6,5.
Antes do plantio, recomenda-se a análise do solo para identificar a necessidade de correções, como calagem, que ajuda a ajustar a acidez e garantir um ambiente propício para o desenvolvimento da planta.
Clima ideal e regiões de cultivo
O algodão colorido prospera em regiões de clima quente e seco, características encontradas no Nordeste brasileiro, especialmente na Paraíba. Mas em outras regiões, como São Paulo, a cultura também vem ganhando espaço.
A temperatura ideal para o cultivo varia entre 25°C e 35°C, e a planta necessita de alta luminosidade para uma fotossíntese eficiente.
Técnicas de plantio
O plantio de algodão colorido pode ser realizado manualmente ou com o uso de maquinário específico. No entanto, é essencial manter um espaçamento adequado entre as plantas (cerca de 80 cm a 1 metro) para garantir que cada planta receba luz e nutrientes suficientes.
Sementes de qualidade e certificadas são cruciais para o sucesso do cultivo. Em regiões onde se pratica a agricultura orgânica, o uso de sementes não tratadas quimicamente é uma exigência.
Irrigação e manejo hídrico
Como em qualquer cultura, a água é o principal pilar para o cultivo. O uso de sistemas de irrigação por gotejamento é recomendado, pois permite um fornecimento controlado e eficiente de água, minimizando o desperdício e o impacto ambiental.
Além disso, essa técnica ajuda a evitar o encharcamento do solo, que pode ser prejudicial às raízes e aumentar o risco de doenças. Em períodos de estiagem prolongada, a irrigação precisa ser ajustada para garantir a hidratação das plantas sem comprometer os recursos hídricos locais.
Controle de pragas e doenças
O algodão colorido é conhecido por sua maior resistência a algumas pragas comuns ao algodão branco, mas isso não elimina a necessidade de um manejo cuidadoso.
O controle de pragas deve priorizar métodos biológicos, como o uso de predadores naturais e bioinseticidas à base de extratos vegetais, para evitar a dependência de pesticidas químicos.
Pragas como lagartas e percevejos podem ser manejadas com o uso de armadilhas e monitoramento constante da plantação.
Certificação orgânica e práticas sustentáveis
Para produtores que desejam certificar seu algodão como orgânico, é imprescindível seguir normas que proíbem o uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos.
A certificação orgânica não apenas agrega valor ao produto, mas também atende a uma crescente demanda do mercado por produtos sustentáveis e ecologicamente corretos.
O uso de compostagem e adubos naturais são práticas comuns, promovendo a saúde do solo e reduzindo a necessidade de insumos externos.
Além disso, produtores podem se beneficiar de incentivos governamentais e programas de apoio à agricultura sustentável. Esses incentivos ajudam a reduzir custos e a expandir a infraestrutura necessária para uma produção mais eficiente.
Comparação com o algodão convencional
Em comparação ao algodão convencional, o algodão colorido requer menos água e praticamente elimina a necessidade de tinturas químicas na etapa de processamento, o que reduz o impacto ambiental geral da produção.
Embora a produtividade possa ser menor do que a do algodão branco em alguns casos, os custos menores com insumos e a valorização no mercado por ser um produto diferenciado compensam essa diferença.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Sustentabilidade
1
Em 5 anos, mais de 90% da soja no Centro-Oeste avançou sem desmatamento
2
Dona do café Pilão firma parceria para descarbonizar conilon no Brasil
3
STF suspende processos sobre a Moratória da Soja em todo o País
4
STF forma maioria para manter lei de MT contra a Moratória da Soja
5
MG lança certificação para produtores que adotam agricultura regenerativa
6
STF dá 30 dias para SP apresentar plano de contratação de pesquisadores ambientais
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Sustentabilidade
Exigência de rastreabilidade ganha força com lei antidematamento da UE
No Estadão Summit Agro 2025, especialistas apontaram movimento semelhante de outros países, como a China
Sustentabilidade
“Agro tropical brasileiro será patrocinador da paz mundial”, diz Roberto Rodrigues
Ex-ministro da agricultura destacou o legado do agro pós-COP 30 durante palestra magna no Estadão Summit Agro 2025
Sustentabilidade
MT regulamenta regularização ambiental e compensação de reserva
Normas automatizam o CAR nos projetos de reforma agrária e padronizam a compensação ambiental
Sustentabilidade
STF dá 30 dias para SP apresentar plano de contratação de pesquisadores ambientais
Suprema Corte também pede projeções para implantação do CAR e do PRA; Estado diz que cumpre metas e que moderniza carreira científica
Sustentabilidade
Após recuo do governo na COP 30, Plano Clima deve ser revisado
Grupo de trabalho terá participação do agro e discutirá ajustes em desmatamento, emissões e créditos de carbono
Sustentabilidade
Em 5 anos, mais de 90% da soja no Centro-Oeste avançou sem desmatamento
Estudo da Serasa Experian, com base nas regras ambientais do crédito rural, mapeou 74 milhões de hectares em dois biomas do Centro-Oeste
Sustentabilidade
Conselho Europeu abre caminho para adiar lei antidesmatamento por um ano
Proposta será negociada com o Parlamento Europeu e busca simplificar a lei antidesmatamento e adiar sua aplicação para que todos se preparem
Sustentabilidade
Julgamento da Moratória da Soja é interrompido no STF
Pedido de vista de Toffoli adia definição sobre suspensão de ações e mantém medida em vigor