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Principais doenças do maracujá e como fazer um manejo eficiente
O Brasil produz cerca de 700 mil toneladas de maracujá por ano e é o maior produtor global da fruta

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14/09/2023 - 08:30

O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, colhendo um volume aproximado de 700 mil toneladas por ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ceará, Bahia e Santa Catarina oferecem condições climáticas ideais para o cultivo, sendo os Estados que mais produzem a fruta.
A versatilidade do maracujá contribui para seu sucesso no mercado. Além de ser consumido fresco e in natura, o fruto é utilizado na produção de sucos, sorvetes, doces, geleias, licores e outros produtos derivados. Sua polpa também é apreciada na indústria alimentícia e de cosméticos, devido às suas propriedades antioxidantes e nutritivas.
Contudo, apesar do potencial produtivo do maracujazeiro, os agricultores enfrentam desafios em suas plantações, como o ataque de doenças que podem reduzir a produtividade e a qualidade dos frutos. Por isso, é essencial adotar práticas de manejo adequadas, para garantir o sucesso da produção.
Quais são as principais doenças do maracujá?

O maracujazeiro é suscetível a doenças devido a uma combinação de fatores biológicos e ambientais que tornam a planta vulnerável ao ataque de agentes patogênicos. O ambiente tropical e úmido, ideal para o crescimento e desenvolvimento do maracujá, também é favorável à disseminação de fungos, bactérias e vírus.
Confira as principais doenças que atingem o cultivo de maracujá.
Antracnose
A doença fúngica ataca diversas partes do maracujazeiro, como folhas, frutos e ramos. Os sintomas incluem lesões escuras e úmidas, que podem se expandir rapidamente, causando a queda prematura dos frutos.
Para controlar a doença, é importante realizar podas adequadas e aplicar fungicidas. Além disso, é recomendado evitar o excesso de umidade nas plantas, promover uma boa circulação de ar no pomar e realizar inspeções regulares para identificar e remover partes infectadas precocemente.
Verrugose
Causada por fungos do gênero Cladosporium, manifesta-se principalmente nas folhas do maracujazeiro. A doença causa pequenas verrugas de coloração escura na superfície das folhas, que, em casos severos, levam à desfolha.
Para evitar a propagação, é recomendado realizar a remoção e destruição de folhas infectadas, além de aplicar fungicidas. O controle da umidade e a manutenção de um espaçamento adequado entre as plantas também podem ajudar a prevenir a verrugose.
Septoriose
A septoriose é causada pelo fungo Septoria passiflorae, que afeta as folhas do maracujazeiro. Apresenta-se como pequenas manchas circulares com um centro branco ou acinzentado e bordas escuras nas folhas, gerando danos significativos ao maracujazeiro.
Para controlar a doença, é necessário remover e destruir as folhas afetadas e retirar o excesso de umidade do solo, além do uso de fungicida. A adoção de um sistema de irrigação que evite molhar as folhas pode ajudar a prevenir a septoriose.
Murcha ou fusariose
O fungo que causa a fusariose afeta o sistema radicular do maracujazeiro, sendo mais prevalente em condições de solo úmido e temperaturas moderadas. A doença provoca o amarelamento das folhas mais e a murcha gradual da planta.
O controle da doença é realizado com rotação de culturas, drenagem e solarização do solo. É importante também utilizar mudas sadias e certificadas, evitar o plantio em áreas com histórico da doença e manter um bom manejo nutricional das plantas para aumentar sua resistência.
Podridão-do-colo

A podridão-do-colo também afeta o sistema radicular do maracujazeiro. É causada por vários fungos que provocam o escurecimento da região do colo da planta, próximo ao solo.
Com o tempo, o maracujazeiro pode morrer. Para evitar a doença, é necessário drenar e adubar corretamente o solo. O tratamento é realizado com fungicida.
Além disso, é recomendado evitar ferimentos na base da planta durante os tratos culturais e manter uma camada de cobertura morta ao redor do colo para reduzir o contato direto com o solo úmido.
Cancro-bacteriano ou bacteriose
O cancro-bacteriano é causado por bactérias que geram lesões de formato irregular, com bordas escuras e centros necrosados nas folhas, cancros nos ramos e necrose nos frutos.
A doença pode ser controlada com a desinfecção de equipamentos agrícolas, inspeções regulares nas plantas e a remoção e destruição das partes afetadas. O uso de cultivares resistentes e a aplicação de produtos à base de cobre podem auxiliar no manejo da doença.
Murcha bacteriana
A murcha bacteriana causa o murchamento repentino das folhas e ramos, seguido pela descoloração e necrose das partes afetadas. As plantas infectadas apresentam um aspecto mirrado e podem acabar morrendo rapidamente.
Ao adotar o uso de mudas sadias, a rotação de culturas e o monitoramento constante, os produtores podem minimizar os impactos da doença.
É fundamental evitar o excesso de umidade no solo e realizar a desinfecção de ferramentas de poda entre plantas para prevenir a disseminação da bactéria.
Endurecimento-dos-frutos
O endurecimento-dos-frutos é uma doença viral que afeta os frutos do maracujá que compromete a qualidade dos frutos, que passam a apresentar uma textura enrijecida e aspecto enrugado na casca, tornando-os inadequados para o consumo.
A doença pode ser evitada com o cultivo de espécies resistentes e o controle de insetos vetores. O uso de barreiras físicas, como telas anti-afídeos, e a eliminação de plantas daninhas hospedeiras do vírus nas proximidades do pomar também são medidas preventivas importantes.
Mosaico-do-pepino
O vírus causador do mosaico-do-pepino danifica as folhas do maracujazeiro, reduzindo a capacidade de fotossíntese. Com isso, as folhas apresentam manchas amareladas, esverdeadas ou esbranquiçadas.
A doença pode ser controlada com a remoção das partes doentes e o controle das pragas disseminadoras da doença.
O uso de mudas certificadas e livres de vírus, bem como o controle de plantas invasoras que podem servir como reservatório do vírus, são medidas preventivas essenciais.
Begomovírus
Os begomovírus são vírus que podem causar doenças graves no maracujá, afetando tanto a parte aérea quanto o sistema radicular da planta. O manejo inclui o uso de mudas saudáveis e provenientes de fontes confiáveis e o controle de insetos que disseminam a patologia.
A utilização de armadilhas adesivas amarelas para monitoramento e controle de moscas-brancas, principais vetores desses vírus, pode ser uma estratégia eficaz de manejo.
Definhamento precoce ou morte prematura
O definhamento precoce afeta o maracujazeiro, levando à morte das plantas ainda em estágios iniciais de crescimento. Causada por um vírus, a doença pode ser prevenida através do uso de mudas sadias, controle de vetores e eliminação de plantas doentes.
É importante também manter um bom manejo nutricional e hídrico das plantas para aumentar sua resistência a doenças.
Mancha-parda
A mancha-parda é causada pelo fungo Alternaria passiflorae e afeta principalmente as folhas do maracujazeiro. Os sintomas incluem manchas circulares de coloração parda com anéis concêntricos.
Em casos severos, pode causar desfolha e redução da produtividade. O controle é realizado através da remoção de folhas infectadas, aplicação de fungicidas e manejo adequado da irrigação para evitar o molhamento foliar prolongado.
Podridão-de-Phytophthora
Causada pelo fungo Phytophthora spp., esta doença afeta as raízes e o colo da planta, causando podridão e morte dos tecidos. Os sintomas incluem amarelecimento das folhas, murcha e morte rápida da planta.
O controle envolve o uso de porta-enxertos resistentes, manejo adequado da irrigação para evitar encharcamento do solo e aplicação de fungicidas específicos.
Oídio
O oídio é uma doença fúngica que afeta principalmente as folhas do maracujazeiro, causando um revestimento branco pulverulento na superfície foliar.
Em casos severos, pode levar à desfolha e redução da produtividade. O controle é realizado através da aplicação de fungicidas e manutenção de boa circulação de ar no pomar.
Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

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