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Policultura: o que é e quais são os seus benefícios?

Técnica de policultura pode ser a resposta para muitos dos desafios ambientais que o agronegócio atual enfrenta

5 minutos de leitura 03/07/2023 - 10:00

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Farmers muddy hands bundling bunch of organic dandelion greens in field
Farmers muddy hands bundling bunch of organic dandelion greens in field

A policultura é a prática agrícola que consiste no cultivo de várias espécies na mesma área ou campo, seja de modo simultâneo, seja em sequência (com a rotação de culturas). A atividade é o oposto da monocultura, técnica de cultivar uma única cultura em grande escala, e gera uma série de benefícios para as plantas, para o solo e para o meio ambiente, mas existem algumas dificuldades para a sua implantação e manutenção.

A origem da policultura pode ser remontada ao início das atividades agrícolas na humanidade. Apesar de toda a tradição, a técnica perdeu espaço para as grandes produções da monocultura, principalmente em relação às grandes commodities.

Agora, com os desafios ambientais que o planeta vem enfrentando, a policultura volta a ganhar destaque como um método de produção mais sustentável e com menor impacto ambiental. Praticado em diversas partes do mundo, principalmente na produção de alimentos destinados ao mercado local, a policultura é a solução natural para vários problemas enfrentados pelo agronegócio de exportação.

A técnica reduz a necessidade da utilização de insumos, porém, requer uma análise melhor do solo, planejamento e mão de obra manual para dar certo. Existem diferentes técnicas de execução da policultura, incluindo:

  • consorciação de cultura — plantação de diferentes culturas na mesma linha ou campo;
  • agrossilvicultura — combinação de culturas e árvores na mesma área;
  • rotação de culturas — planejamento de ciclos de produção com plantas que requerem nutrientes diferentes de solo e assim fazem a recuperação deste;
  • sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF).
Farmers muddy hands bundling bunch of organic dandelion greens in field

Benefícios do uso da policultura

A policultura tem vários benefícios na produção agrícola, entre eles:

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Maior biodiversidade

O cultivo de várias culturas na mesma área aumenta a diversidade de plantas, animais e microrganismos no ecossistema. Isso ajuda a manter a saúde do solo, evitando seu esgotamento e a necessidade de investimentos para a sua recuperação por meio de fertilização artificial, além de reduzir o risco de surtos de pragas e doenças.

Melhoria da saúde do solo

Além de equilibrar o desgaste de nutrientes no solo, a policultura também aumenta o teor de matéria orgânica nele. Outra vantagem é para a estruturação do solo, já que culturas diferentes têm sistemas radiculares diferentes, e isso ajuda a quebrar o solo compactado e melhorar a infiltração de água, além de evitar processos de erosão.

Maior resiliência

A policultura pode ajudar a proteger o solo contra fenômenos ambientais extremos, como secas e geadas. Ao fornecer várias culturas com diferentes tolerâncias e requisitos, o risco de quebra de safra é bastante reduzido. Assim, a técnica ajuda a garantir um suprimento de alimentos mais estável.

Diminui a dependência de insumos sintéticos

Em um ecossistema diversificado, existem muitos predadores naturais que podem ajudar a controlar as pragas. Além disso, diferentes culturas atuam como uma barreira natural para determinadas pragas que não se alimentam delas. Esse é um processo que não ocorre nas monoculturas, em que a velocidade de propagação dos ataques de pragas é bem mais rápida.

Assim, a policultura pode reduzir a necessidade de fertilizantes e pesticidas sintéticos, promovendo o controle natural de pragas.

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Lucratividade

Principalmente para pequenas propriedades, a policultura pode ser mais lucrativa do que a monocultura, diminuindo os riscos pela dependência do sucesso de um produto só e possibilita que agricultores aproveitem as oportunidades de mercado para diferentes cultivos. A policultura também pode reduzir os custos de insumos, reduzindo a necessidade de insumos sintéticos e aumentando a produtividade geral.

Brother and sister farm owners with old tractor in empty hay field

Utilização, aplicação e desafios da policultura

A policultura pode ser encontrada em diversas regiões e tipos de sistemas agrícolas em todo o mundo, no entanto, é mais comumente praticado em sistemas de agricultura de pequena escala, de subsistência e na agricultura familiar. Isso ocorre porque a policultura pode ser uma forma mais sustentável e eficiente de produzir alimentos em pequenos lotes de terra, onde recursos como água e fertilizantes podem ser limitados.

Outro fator que incentiva a aplicação da policultura é o baixo custo para sua implementação. Em pequenos lotes, sem o uso de máquinas agrícolas e sem técnicas de irrigação, o método é mais eficiente.

A policultura também está se tornando mais popular em sistemas de agricultura orgânica e sustentável em países desenvolvidos, pois os agricultores buscam maneiras de reduzir sua dependência de insumos sintéticos e melhorar a saúde do solo. Os produtos orgânicos e com selos que comprovem a ausência de agrotóxicos e agrodefensivos também têm ganhado espaço e grande apreciação.

Além disso, a policultura é frequentemente praticada em sistemas agroflorestais e em locais de implementação de técnicas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), em que as culturas são cultivadas em conjunto com árvores ou arbustos.

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Isso pode ser particularmente benéfico em áreas com solos degradados ou com pouca disponibilidade de água, pois as árvores ou arbustos podem ajudar a estabilizar o solo e fornecer sombra e proteção contra o vento para as plantações. No geral, a prática da policultura é diversa e adaptável a tipos diferentes de sistemas agrícolas, e seus benefícios podem ser vistos em vários contextos ao redor do mundo.

Como desvantagens, é possível citar a necessidade do uso recorrente de mão de obra manual, já que a disposição das linhas do plantio podem impedir o uso de máquinas agrícolas. Entre os fatores que podem dificultar a adoção da policultura estão a necessidade de análise mais detalhada do solo, para entender as necessidades de nutrientes, e o planejamento a longo prazo que crie um sistema de rotação efetivo nas culturas.

Neste sentido, o investimento em conhecimento e em ciência ajuda os produtores. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu uma experiência no Cerrado brasileiro para recuperação de solos por meio do plantio com policultura de milho e feijão. Depois de algum tempo, o solo, considerado pobre, voltou a ter nutrientes suficientes para safras contínuas.

A policultura pode ser uma solução para a maior sustentabilidade do agronegócio, mas para seu sucesso os pequenos produtores precisam de investimento e incentivos, que muitas vezes são direcionados a produções com maior lucratividade. A volta do foco da produção alimentar para o consumo regional é um meio de salvar o meio ambiente e as populações locais, que teriam acesso a alimentos mais saudáveis e baratos.

Fonte: Embrapa, Embrapa Cerrados, Pensamento Verde

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