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Peixe tambaqui: uma possível nova commodity brasileira

Entenda por que o comércio do peixe tambaqui pode virar uma indústria internacional milionária

2 minutos de leitura

22/04/2022

Desde o início da pandemia de covid-19, o preço das proteínas animais mais consumidas pelos brasileiros tem disparado. Enquanto a maioria das famílias substitui a carne pelos ovos, outro tipo de proteína tem despontado como grande potencial no mercado nacional: a carne de peixe.

Segundo divulgou a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), em 2021 a piscicultura brasileira cresceu 4,7%, alcançando a marca de 841.005 toneladas de peixes produzidos.

Esse mercado é dominado pela produção em cativeiro de tilápias, que representa 60% dele, mas um estudo sugere que outra espécie de peixe pode emergir como uma nova commodity brasileira: o peixe tambaqui (Colossoma macropomum), natural da Região Amazônica.

A carne do tambaqui é muito apreciada e bastante utilizada em restaurantes da Região Amazônica. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Potencial do peixe tambaqui

Um estudo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), liderado pelo professor e pesquisador Alexandre Hilsdorf, indica o potencial do peixe para se adaptar a criadouros e render muito mais com o melhoramento genético.

O tambaqui é um peixe que se desenvolve rapidamente, alcançando até 2,5 quilos (kg) no primeiro ano e, depois, podendo chegar a 10 kg. A dieta desse animal é majoritariamente vegetariana e ele pode sobreviver com baixos níveis de oxigênio na água. Além disso, o manejo dele é bastante fácil, a fêmea tem grande produção de filhotes, e a carne dela é muito apreciada. Mas, com tantas características que ajudariam na produção, por que o mercado do peixe tambaqui não é mais popular?

Ao contrário das tilápias, que passaram por processo de melhoramento genético desde os anos 1980 para se tornarem adaptadas à indústria, os tambaquis não foram objetos de tantos estudos ainda.

Assim, devido à abundância de tambaquis na natureza, e os bons rendimentos nos criadouros, muitos criadores não veem razão em investir no melhoramento desses peixes.

Tambaquis podem chegar a 10 kg, mas cozinheiros preferem usar os menores de cativeiro pelo controle de qualidade. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Para Hilsdorf, renunciar ao investimento na melhoria do peixe é perder grandes retornos. Segundo o pesquisador, o Brasil já tem tecnologia genética o suficiente para fazer o animal ganhar peso mais rapidamente e aumentar a área de lombo, corte favorito da carne, e ter menos espinhas.

Assim como os porcos brasileiros passaram por seleção genética para criar as espécies que temos hoje, com maior área de lombo e gordura, um processo semelhante poderia ser aplicado no peixe tambaqui.

O tambaqui é adaptado às altas temperaturas, sobrevivendo entre 24 °C e 36 °C. No Sudeste e Sul do País, existem espécies híbridas resultados do cruzamento de tambaquis com outros — por exemplo, o tambacu, que é com o pacu (Piaractus mesopotamicus), e a tambatinga, com a pirapitinga (Piaractus brachypomus).

Segundo o estudo, o tambaqui tem potencial para se tornar um peixe com garantia de qualidade suficiente para se tornar commodity, como o salmão e a tilápia. O Brasil, com toda a sua água doce, ainda está aprendendo a aproveitar o potencial da piscicultura.

Em 2021, 100 mil toneladas de tambaqui foram produzidas, perdendo apenas para as 500 mil toneladas de tilápias. Os pesquisadores estimam que as produções poderiam ser similares se o investimento em pesquisa fosse realizado. O mercado para a carne existe, resta saber se os produtores estão prontos para esse avanço na indústria.

Fonte: Sputnik News, Fapesp – Revista Pesquisa, Reviews in Aquaculture, EBC, AquaCulture Brasil, Agrolink.

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