Nelore: tudo o que você precisa saber sobre a raça

A raça de gado Nelore, hoje presente em todo o território nacional, é uma espécie bem-adaptada ao Brasil, pois vive facilmente no clima tropical. Derivada da espécie indiana Ongole, o Nelore apareceu aqui no século 19 e passou por melhoramento genético constante ao longo dos anos.

Hoje, é a raça responsável por aproximadamente 80% do gado de corte do País. Sua adaptabilidade e rusticidade a tornam a escolha ideal para a pecuária brasileira, especialmente em regiões com altas temperaturas e pastagens desafiadoras.

De acordo com a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), a raça é muito resistente ao calor brasileiro por ter a superfície corporal maior em relação ao corpo, além de ter mais glândulas sudoríparas e apresentar um metabolismo lento, o que gera menos calor.

Essa combinação de fatores fisiológicos permite que o Nelore mantenha sua temperatura corporal estável mesmo em condições climáticas extremas.

Quando estão expostos a temperaturas mais altas, a pele produz uma substância oleosa que funciona como repelente para insetos e parasitas, diminuindo a ocorrência de zoonoses.

Essa característica, somada à sua resistência a ectoparasitas como carrapatos, contribui para a saúde e o bem-estar do rebanho, reduzindo a necessidade de intervenções veterinárias.

Principais características do gado Nelore

Após ser selecionado e ter passado por intensos melhoramentos genéticos, o gado Nelore é um animal saudável, vigoroso, de temperamento normalmente dócil, com a masculinidade e a feminilidade bastante destacadas. A docilidade facilita o manejo do gado, tornando-o mais eficiente e seguro para os criadores.

O animal tem um porte que varia de médio para grande, com musculatura bem distribuída e compacta, tendo a ossatura característica leve, mas ao mesmo tempo forte e robusta. Essa estrutura óssea equilibrada contribui para a eficiência na conversão alimentar e para a qualidade da carcaça.

Normalmente, o gado Nelore tem a pelagem branca, mas há também os animais de tonalidade cinza-clara, além de outras cores geralmente malhadas, todos com pelos densos e curtos, com uma pele escura e macia por baixo.

O macho tem, geralmente, o cupim e o pescoço em tom mais escuro em relação ao restante da pele. A pelagem clara reflete a luz solar, auxiliando na termorregulação.

A cabeça é estreita, em formato de ataúde, e o perfil é subconvexo, contando com chanfro reto e largo em machos e estreito e delicado em fêmeas. Uma característica marcante da espécie são as narinas afastadas e dilatadas, com o focinho largo e preto.

As narinas amplas facilitam a respiração, especialmente em climas quentes e durante atividades físicas.

As orelhas são simétricas, curtas e com suas extremidades em formato de ponta de lança. Os olhos são de formato elíptico, pretos e bastante vivos. Os chifres são escuros, nascem para cima e podem crescer para a frente, trás, cima ou baixo.

Há também o tipo de raça Nelore chamado de mocho, que não tem chifres. A ausência de chifres facilita o manejo e reduz o risco de ferimentos entre os animais.

A musculatura do Nelore é distinta entre os gêneros, pois o macho apresenta uma musculatura com maior desenvolvimento, enquanto a fêmea tem a musculatura com menor desenvolvimento.

O cupim no macho é bastante destacado, já na fêmea, é discreto. As tetas da vaca são de tamanho médio e eficientes para o manuseio e a retirada do leite. A habilidade materna das vacas Nelore é um fator importante para o sucesso da criação, garantindo o bom desenvolvimento dos bezerros.

Como criar essa raça de gado de corte?

Para desenvolver a bovinocultura de corte, é preciso passar o rebanho pelas fases de cria, recria e engorda.

A primeira fase, chamada de cria, compreende desde o acasalamento até o momento em que o bezerro é desmamado, algo que acontece quando o animal está com aproximadamente 6 meses a 8 meses de idade.

A escolha de touros melhoradores é crucial para garantir a qualidade genética do rebanho e o desempenho futuro dos animais.

Para que o animal se desenvolva saudável é forte, é crucial garantir que o bezerro tenha a mamada do colostro, aumentando assim a imunidade e as chances de ele ser mais forte e um reprodutor melhor.

Outro ponto fundamental é a cura do umbigo, pois o local pode gerar diversas infecções e comprometer a saúde do animal ou até mesmo ser fatal. O manejo sanitário adequado, incluindo a vacinação e o controle de parasitas, é essencial para prevenir doenças e garantir a saúde do rebanho.

A segunda fase, chamada de recria, é o período em que o animal começa a se alimentar de comida sólida. É preciso dar muita atenção a essa fase, escolhendo bem a pastagem, o cocho e dando acesso à água em abundância.

A falta de alimentação pode prejudicar a produtividade do gado e, às vezes, será importante recorrer às suplementações para garantir as necessidades nutricionais do boi. O pastejo rotacionado é uma estratégia eficiente para otimizar o uso da pastagem e garantir uma oferta constante de alimento de qualidade.

A terceira fase, da engorda, é o momento em que os animais são desenvolvidos para ganhar peso, conseguindo produzir carnes em maior quantidade e qualidade. Assim como na fase da recria, a alimentação na engorda é fundamental, pois é a dieta que vai ditar o quanto esse animal poderá alcançar o seu rendimento máximo.

A utilização de dietas balanceadas, com foco na maximização do ganho de peso e na qualidade da carne, é fundamental para o sucesso da fase de engorda.

Também é importante ter um especialista acompanhando a criação e, para a evolução do gado Nelore, a dieta precisa estar balanceada e o animal deve ficar livre de doenças.

O acompanhamento técnico de um zootecnista ou veterinário é fundamental para garantir o manejo adequado do rebanho e a otimização dos resultados.

Desafios na criação do Nelore

Apesar de suas inúmeras qualidades, a criação de Nelore também apresenta desafios. A busca constante por melhoramento genético é essencial para aumentar a produtividade e a qualidade da carne.

A seleção de animais com características desejáveis, como precocidade sexual, ganho de peso e qualidade da carcaça, é um processo contínuo que exige investimento em tecnologia e conhecimento.

Outro desafio importante é o manejo sanitário, especialmente em relação ao controle de parasitas e doenças.

A resistência a antiparasitários é um problema crescente, exigindo a adoção de estratégias integradas de controle, como o uso de produtos alternativos e o manejo adequado das pastagens.

A nutrição também é um fator crítico para o sucesso da criação de Nelore. A suplementação alimentar é fundamental, especialmente em épocas de seca, para garantir o bom desempenho dos animais.

O custo da alimentação pode ser um desafio para os criadores, exigindo a busca por alternativas mais eficientes e econômicas.

Por fim, a gestão da propriedade rural é fundamental para garantir a rentabilidade da criação de Nelore. O controle dos custos de produção, a otimização do uso dos recursos naturais e a adoção de práticas sustentáveis são essenciais para o sucesso a longo prazo.

Fonte: ACNB, Belgo Bekaert