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Como prevenir a pulorose aviária
A doença bacteriana não tem tratamento e causa a morte de aves

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13/03/2020 - 17:53

A pulorose aviária é uma doença infecciosa causada pela bactéria Salmonella pullorum, que afeta principalmente filhotes e aves jovens, mas também pode impactar galinhas mais velhas, aves de caça, pintadas, avestruzes, papagaios, pavões, pombas, pardais e perus.
A principal característica da doença é a mortalidade muito alta. Os animais afetados se amontoam perto de uma fonte de calor, ficam anoréxicos, fracos, deprimidos, evacuam material branco e podem desenvolver doenças respiratórias, cegueira ou articulações inchadas.
A Instrução Normativa/DAS n. 3, de 9 de janeiro de 2002, do Ministério da Saúde determina que toda granja reprodutora deve ser sorológica e bacteriologicamente monitorada para detecção da doença.
A sorologia é um exame de laboratório efetuado para comprovar a presença de anticorpos no sangue e é utilizada como uma ferramenta de prevenção, mas, devido ao potencial de resultados falso negativos ou falso positivos, o indicado é que quando haja suspeita da doença o animal seja isolado.
O objetivo do controle da pulorose é a eliminação do patógeno, pois o tratamento não é recomendado.
A transmissão pode ser vertical (transovariana, processo da bactéria para os ovos) ou por contato direto ou indireto com aves infectadas (vias respiratória ou fecal), ração, água ou lixo contaminados.
A infecção transmitida pelos ovos ou dos locais apropriados para a incubação deles geralmente resulta em morte do recém-nascido durante os primeiros dias de vida, entre a segunda e a terceira semanas.
Sintomas
Os sintomas da pulorose podem variar dependendo da idade das aves e da severidade da infecção. Embora a doença possa ser vista em todas as faixas etárias, aves com menos de quatro semanas de idade são as mais comumente e severamente afetadas, apresentando alta mortalidade.
Os pintinhos sobreviventes de uma infecção aguda frequentemente ficam subnutridos, com crescimento retardado, mal emplumados e podem não atingir a maturidade sexual ou apresentar problemas reprodutivos.
Outros sinais observados em aves jovens incluem cegueira e inchaço nas articulações, como a tibiotársica (jarrete), úmero, radial e ulnar, dificultando a locomoção.
Em aves em crescimento e maduras, os sinais clínicos de pulorose podem ser menos aparentes ou até mesmo ausentes, tornando a identificação de aves portadoras um desafio. Sintomas não específicos em aves adultas podem incluir um declínio no consumo de ração, letargia e uma mudança na aparência das penas, que podem ficar claras e encolhidas.
Outros sinais em aves poedeiras incluem diminuição na produção de ovos, redução da fertilidade e da eclodibilidade (porcentagem de ovos férteis que eclodem), aumento da temperatura corporal, anorexia, diarreia, depressão, desidratação e perda de peso.
Bandos que experimentaram um surto grave de pulorose têm uma porcentagem maior de aves portadoras assintomáticas, que podem continuar eliminando a bactéria e infectando outras aves e ovos.
Após a infecção, a expectativa de vida da ave pode ser reduzida, com a mortalidade ocorrendo tipicamente entre cinco a dez dias após o início dos sintomas agudos em aves jovens.
Como se prevenir da pulorose aviária
Para a prevenção da doença devem ser adotadas ações de limpeza e desinfecção dos galinheiros para manter o controle de insetos, roedores e pássaros, bem como medidas simples de manejo sanitário. Existem sete áreas que requerem atenção especial para reduzir a contaminação bacteriana e prevenir o surgimento da pulorose aviária.
1. Limpeza e higiene
A contaminação residual em instalações mal limpas e desinfetadas é uma das causas mais comuns de reinfecção de lotes subsequentes. Uma limpeza rigorosa, seguida de desinfecção com produtos eficazes contra Salmonella, pode reduzir significativamente a prevalência da bactéria no ambiente de produção.
A implementação de um programa de biosseguridade abrangente, incluindo o controle de acesso de pessoas e veículos à propriedade, é essencial para evitar a introdução e disseminação de patógenos.
2. Alimentação
Grãos e ingredientes de ração contaminados podem ser uma fonte de Salmonella. Utilizar ração peletizada a quente, produzida por fornecedores com rigorosos padrões de qualidade e controle de Salmonella, é uma forma importante de prevenção, pois o processo de peletização a quente ajuda a reduzir a carga bacteriana.
O armazenamento adequado da ração para evitar a contaminação por roedores e insetos também é fundamental.
3. Gerenciamento de água
A água pode servir como um importante meio de propagação da Salmonella em uma granja. Garantir o acesso à água potável e de qualidade, livre de contaminação bacteriana, é crucial.
A cloração da água de bebida e o uso de ácidos orgânicos na água podem ajudar a reduzir os níveis de Salmonella e outras bactérias patogênicas no sistema de distribuição de água. A limpeza e desinfecção regular dos bebedouros também são importantes.
4. Poeira
A poeira no ambiente do galinheiro pode conter Salmonella e ser inalada pelas aves, levando à infecção. Um sistema de ventilação adequado que ajude a manter os níveis de poeira baixos (idealmente abaixo de 3 miligramas por metro cúbico) é uma importante ferramenta de prevenção.
A umidade controlada da cama também ajuda a reduzir a quantidade de poeira em suspensão.
5. Gerenciamento de lixo
A cama utilizada pelas aves e o lixo gerado no galinheiro podem ser fontes de Salmonella. A remoção regular da cama úmida e contaminada, e o descarte adequado do lixo, são essenciais para reduzir a carga bacteriana no ambiente e evitar a atração de roedores e insetos, que podem disseminar a bactéria.
A compostagem da cama, quando feita corretamente, pode ser uma forma eficaz de eliminar a Salmonella.
6. Gerenciamento da flora intestinal
Manter a saúde intestinal das aves, especialmente dos pintinhos nos primeiros dias de vida, é muito importante para prevenir a colonização por Salmonella.
O uso de probióticos (microrganismos benéficos), prebióticos (substratos para os microrganismos benéficos), ácidos orgânicos e enzimas na ração ou água de bebida pode ajudar a estabelecer uma microbiota intestinal saudável que compete com a Salmonella por espaço e nutrientes, dificultando sua prolização.
7. Vacinação
Embora a vacinação não elimine completamente o risco de infecção, o uso de vacinas contra Salmonella pode ser uma ferramenta complementar importante em programas de controle, especialmente em plantéis de aves reprodutoras.
As vacinas podem ajudar a reduzir a mortalidade, a excreção da bactéria e a transmissão vertical. A vacina AviPro Salmonella Duo, mencionada no texto original, é um exemplo de vacina disponível que visa conferir proteção duradoura. A escolha e o programa de vacinação devem ser definidos em conjunto com um médico veterinário.
Impacto da doença em humanos
De acordo com o Ministério da Saúde, a ingestão de ovos ou carne de aves contaminadas pode causar dois tipos de doenças nos humanos: salmonelose não tifoide e febre tifoide.
A salmonelose não tifoide é a menos grave e não causa muitas complicações em pessoas saudáveis, mas pode causar a morte de quem estiver com a saúde fragilizada. Seus sintomas são vômito, dores abdominais, febre e diarreia, que geralmente duram alguns dias e diminuem em uma semana.
Já a febre tifoide é uma doença sistêmica grave causada pela Salmonella Typhi. Embora menos comum em muitos países devido a melhorias sanitárias, ainda representa um risco em algumas regiões.
A febre tifoide se desenvolve no intestino e pode se disseminar para a corrente sanguínea e outros órgãos. Os sintomas incluem febre alta e prolongada (de 39 °C a 40 °C), dor de cabeça intensa, mal-estar geral, náuseas, vômitos, tosse seca, dor abdominal, diarreia (ou constipação em alguns casos) e o aparecimento de manchas avermelhadas na pele (“roséolas tíficas”).
A febre tifoide requer tratamento médico imediato com antibióticos e, se não tratada adequadamente, pode ter uma alta taxa de mortalidade. A prevenção em humanos envolve boas práticas de higiene, saneamento básico e o consumo de alimentos seguros e bem cozidos.
Fontes: Inspection, Ministério da Saúde, Inata

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