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Como eliminar a brucelose bovina do rebanho
A zoonose afeta bovinos em idade reprodutiva e causa muitos prejuízos para os pecuaristas quando não detectada a tempo
3 minutos de leitura 03/03/2020 - 14:09
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A brucelose é uma doença infectocontagiosa que, além de atingir animais, pode ser transmitida aos seres humanos. A patologia tem alcance mundial e, em bovinos, interfere diretamente na eficiência reprodutiva do rebanho, tenho o abortamento como principal característica.
Estudos demonstram que a brucelose bovina causa prejuízos aos pecuaristas, com queda anual de 20% a 25% na produção de leite, 15% na produção de carne e 15% no nascimento de bezerros, isso sem mencionar as perdas genéticas e a desvalorização do rebanho.
Como a doença não tem cura, os animais infectados devem ser isolados e abatidos, por isso é importante que os criadores se atentem aos fatores de risco e ao programa de vacinação.
O agente causador da brucelose bovina
A brucelose bovina é causada por uma bactéria conhecida como Brucella abortus, que acomete principalmente as fêmeas em idade reprodutiva. A morte do bezerro é causada uma vez que os microrganismos invadem o útero da vaca e colonizam esse ambiente, causando uma grave placentite necrótica, uma infecção dos placentomas que gera a diminuição da passagem de nutrientes e oxigênio da fêmea para o bezerro, causando a morte dele e a sua consequente expulsão.
Esse fator geralmente é seguido de metrite, uma infecção uterina gerada pela retenção da placenta após o parto ou abortamento e que leva ao aumento do intervalo entre partos, ocasionando uma piora considerável nos índices reprodutivos das fazendas.
Todos os bovinos podem ser infectados pela brucelose bovina?
A suscetibilidade à doença varia de acordo com o sexo, a idade e o estágio reprodutivo do animal. Os bovinos sexualmente maduros e as prenhas são mais propensos do que os animais sexualmente imaturos. Filhos de vacas infectadas serão positivos até o 4º mês de vida por conta dos anticorpos colostrais passados pelo leite; após essa idade, 9% podem continuar positivos.
Principais meios de transmissão da doença e sinais clínicos
A brucelose tem como principal via de contaminação a boca do animal, através da água, de alimentos, de objetos e principalmente de pastos contaminados com restos fetais procedentes de fêmeas doentes, que eliminam uma grande quantidade de bactérias. A transmissão da doença também ocorre pela inseminação artificial, quando o sêmen de um touro doente contém a bactéria.
Vacas infectadas podem continuar a eliminar bactérias da brucelose por até 30 dias após o parto, o que pode gerar a contaminação de todo o rebanho. E isso torna de extrema importância a identificação e o isolamento da fêmea doente, assim como a retirada dos restos de partos e abortamentos do pasto, para ajudar na prevenção.
Os sinais clínicos iniciais da brucelose são imperceptíveis. Em um primeiro momento, as bactérias se espalham pelo sangue; ao atingirem o sistema linfático, causam a infecção de tecidos, órgãos reprodutivos, glândulas mamárias e articulações. O primeiro e principal sintoma visível da infecção é realmente o abortamento, que ocorre na maioria das vezes durante a primeira gravidez após a infecção. Já nos machos, o primeiro sinal é o desenvolvimento de infecções testiculares que reduzem a fertilidade e infecções articulares principalmente nos joelhos.
Animais com a doença permanecem infectados por toda a vida; por esse motivo, quando identificados clinicamente, devem ser isolados e sacrificados.
Fatores de risco e eliminação da doença
Alguns fatores que podem aumentar a probabilidade da doença na fazenda é a compra de gado de procedência duvidosa, a não imunização das fêmeas em idade reprodutiva com vacinas obrigatórias e a não realização da vigilância epidemiológica na fazenda, com a retirada de todos os restos de partos e abortos do pasto.
A legislação brasileira proíbe o tratamento dos animais positivos, então, para prevenir a doença, os pecuaristas devem se atentar aos fatores de risco e cumprir rigorosamente o programa obrigatório de vacinação.
Fonte: Beefpoit; Embrapa; Revista Científica eletrônica de medicina veterinária
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