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Embrapa desenvolve protetor solar para aumentar resistência das plantas às mudanças climáticas

Diferente dos protetores para humanos, produto permite, com uso da nanotecnologia, que vegetais enfrentem situações de estresse

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Daumildo Júnior | Brasília |daumildo,junior@estadao.com.br

26/02/2025 - 08:00

Mamão fpi uma das culturas nas quais o protetor solar foi experimentado - Foto: Litho Plant/Divulgação
Mamão fpi uma das culturas nas quais o protetor solar foi experimentado - Foto: Litho Plant/Divulgação

Indicação constante dos médicos, o protetor solar também virou necessidade nas lavouras e pomares. Mas diferente do que se utiliza no dia a dia, esse é um insumo agrícola composto por nanopartículas à base de carbonato de cálcio. O produto, chamado de Sombryt BR, é resultado de uma parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Litho Plant.

Prestes a ser lançado comercialmente, o protetor solar da Embrapa tem uma dupla função: evitar queimaduras nas superfícies das folhas e frutos, e aumentar a resistência das plantas em ocasiões de estresse térmico e hídrico. Um dos responsável pelo estudo, o pesquisador Maurício Coelho, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, explica que há uma necessidade crescente por esse tipo de solução.  

“A gente tem uma demanda atual para sistemas agrícolas que se adaptem às mudanças e riscos climáticos, e buscou um produto que pudesse mitigar isso. Ele é aplicado na superfície da planta, folhas ou frutos, e protege contra o excesso de radiação, reduzindo alguns problemas e melhorando o balanço energético. A planta fica mais resistente aos ambientes estressantes”, comenta o cientista. 

O trabalho foi feito em diferentes pomares e culturas. Banana, citros, mamão, manga, abacaxi e maracujá são algumas das frutas que passaram pelo experimento. Em laranjeiras, os testes foram em sistemas de sequeiro e irrigados, e, em média, houve um aumento de 12% na produtividade dos pomares.  

Além disso, o protetor pode ser aplicado em hortaliças e culturas anuais, como soja e milho. Isso porque as etapas da formação das vagens ou dos grãos são mais vulneráveis e têm um impacto direto na produtividade. 

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“Na [cultura] anual, você tem que focar naqueles momentos mais críticos — pré-floração, floração. Aqueles em que as plantas têm mais necessidade de se tornar resiliente e não sofrer com efeitos ambientais. É nesses períodos mais críticos que elas têm as maiores perdas de produção”, diz o pesquisador. 

Quais os benefícios do protetor solar para plantas?

Coelho destaca que um dos ganhos principais do produto é o aumento da resiliência das plantas. O protetor solar da Embrapa é classificado como um fertilizante mineral – é capaz de potencializar as atividades das folhas.  

Esse efeito se dá nas trocas gasosas que a planta faz durante a fotossíntese. “As plantas fotossintetizam mais por unidade de água. Em sistemas sequeiros, elas ficam mais resilientes, ao ponto de conviver melhor com os estresses ambientais. As trocas gasosas ficam mais positivas, a eficiência do uso de água fica melhor, ou seja, a taxa de fotossíntese fica traz ganhos tanto em qualidade de frutos como em produtividade”.

Outro ponto é a capacidade de diminuir perdas devido a queimaduras da superfície, O pesquisador relata que, em algumas partes do Nordeste, o descarte pelo dano pode chegar a 40% da produção. O insumo cria uma película protetora nas folhas e frutos. “Tem culturas em que a fruta fica muito exposta ao sol. Essa exposição pode provocar danos físicos, o que acaba prejudicando a comercialização”. 

Aplicação e uso de forma simples

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O processo de aplicação, bem como a aderência do produto à planta, é simples. Basta misturá-lo em água. A pulverização pode ser feita tanto com aplicadores costais como em mecanizados, E até por via aérea, usando, por exemplo, os drones. A quantidade a ser aplicada varia de acordo com a região e a cultura, mas, em média, se utiliza de 1 a 1,5 litro por hectare. 

Produto por ser pulverizado por via aérea, com o uso de drones – Foto: Litho Plant/Divulgação

Coelho ainda orienta: “Um dos pontos importantes é a utilização de um sistema de pulverização correto, que permita uma boa distribuição do produto na folha. Não é para a planta ficar branca. Deve ser aplicado de maneira que você tenha uma pulverização muito boa, com partículas bem fininhas, que possam cobrir [a superfície] sem escorrer [a calda]”.

Quanto ao uso, a indicação é para sistemas convencionais e de produções orgânicas, podendo ser irrigados ou não. No entanto, a instrução é deixar para aplicar o produto em momentos estratégicos, nos quais as temperaturas estão mais altas ou quando há um período maior sem nebulosidade. 

Dependendo da época do ano e da cultura, a aplicação pode ser feita de uma só vez. Dois aspectos, porém, precisam ser observados na hora de adotar a frequência de uso: chuva e crescimento da planta. Um pomar que foi podado ou uma lavoura que teve dias seguidos de chuva pode demandar mais aplicações. 

O cientista também destaca que o protetor não é a bala de prata da agricultura, mas vem para complementar as práticas de manejo que o produtor já adota. “Ele não é uma solução única. É um tijolinho que você vai colocar nos sistemas de produção da cultura”. 

Expectativa de venda para este semestre

A Embrapa e a empresa parceira estão finalizando os processos finais de lançamento do produto. A expectativa é de que o protetor solar para plantas esteja disponível ainda neste primeiro semestre do ano. O preço deve variar entre R$ 80 e R$ 100 o litro.

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