A BRS Karajá também pode ser uma escolha para o jardim; nova cultivar de amora é a melhor entre as que não têm espinhos
Uma das novidades da Expointer deste ano é o lançamento da cultivar de amoreira-preta BRS Karajá. Desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a planta promete aumentar a eficiência na colheita em até 30%, já que não possui espinhos nas hastes e folhas. Além disso, ela apresenta parâmetros de doçura e produtividade semelhantes a Tupy, variedade mais plantada comercialmente no país.
A pesquisadora e coordenadora do programa de melhoramento genético em amoreira-preta, Maria do Carmo Bassols Raseira, conta ao Agro Estadão que a espécie de amora preta – também conhecida como blackberry – costuma ter muitos espinhos. Isso dificulta a colheita, que é manual, além de outros tratos, como a poda, pois é necessário segurar as ramas para fazer os cortes.
“Sem espinhos acelera esse processo [de colher]. Não precisa usar luvas. Por isso, ela [colheita da BRS Karajá] é bem mais rápida. Os tratos culturais e a colheita diminuem o tempo [desses tratos] em cerca de 30%”, afirma Raseira, da Embrapa Clima Temperado.
Além disso, ela apresenta algumas outras vantagens para o produtor e é considerada a melhor cultivar de amoreira-preta sem espinhos já desenvolvida pela Embrapa – as outras são BRS Ébano, de 1981, e BRS Xavante, de 2004.
A pesquisadora aponta que além da ausência de espinhos, a outra característica que torna a BRS Karajá única é ter as hastes bem eretas. Isso também ajuda a dar mais agilidade à colheita.
Porém, existem outros benefícios:
Um dos efeitos esperados para os produtores que adotarem a nova cultivar é a diminuição do custo de produção. Segundo Raseira, um dos gastos mais dispendiosos do produtor de amora é a mão-de-obra. A nível de comparação, os produtores das regiões serranas gaúchas costumam pagar R$ 1,50 por quilo colhido. Em um hectare, os agricultores chegam a pagar de R$ 2.700 a R$ 3.375 para cada pessoa.
“O mais caro no cultivo da amora é a mão de obra. […] A colheita diminuindo em 30% o tempo, já dá um lucro maior no final”, acrescenta a pesquisadora da Embrapa. Ela também conta que há casos de produtores não conseguirem o número ideal de pessoas.
“Eu sei de produtores que dizem não conseguir mão de obra, porque normalmente essa colheita é feita por mulheres. E claro, elas não querem se arranhar todas. Então, às vezes é difícil conseguir uma mão de obra em quantidade suficiente, porque um hectare requer de oito a dez pessoas para colher”, comenta.
Por ser uma planta de arbustos, uma aplicação não convencional da BRS Karajá é como planta ornamental. Ela pertence à mesma família das roseiras, a Rosaceae. “Ela é uma planta bonita. Então, se encaixa para quem quer plantar no jardim, por exemplo, e é da mesma família da roseira e as flores são bem bonitas”, explica Raseira.
O cultivo também não é considerado difícil, mas é recomendado plantar fazer mudas antes de fazer o plantio definitivo da amoreira. Além disso, essa é uma planta que costuma dar frutas um ano após o plantio.
A especialista dá algumas dicas:
As mudas da nova cultivar podem ser adquiridas atualmente em dois viveiros especializados, segundo a Embrapa:
Frutplan Mudas – Pelotas (RS): Telefone: (53) 32777035 | E-mail: frutplan@frutplan.com.br
Guatambu Mudas – Ipuiuna (MG): Telefone: (35) 99992-3501 | E-mail: guatambu.mudas@gmail.com
Siga o Agro Estadão noGoogle News e fique bem informado sobre as notícias do campo.