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“O Agro gera muitas oportunidades para as mulheres”: conheça a história de Lúcia Bortolozzo
Ex-atleta, pedagoga e produtora rural, a presidente do Comitê das Mulheres da Rural relembra sua vida e incentiva as mulheres no Agro brasileiro
3 minutos de leitura 18/02/2024 - 10:08
Por: Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com
Sem tradição com o universo rural, a ex-atleta de vôlei e pedagoga, Lúcia Bortolozzo, diz que o começo da vida no campo, no interior do Piauí, foi com a cara e a coragem. A atual presidente do Comitê das Mulheres da Rural, vinculada à SRB (Sociedade Rural Brasileira), viu a vida mudar de rumo ao tomar a decisão de trocar Araraquara (SP) por Uruçuí (PI).
“Eu sempre fui urbana e não tinha nada a ver com Agro. Meu sogro já almejava e procurava novas fronteiras, novas terras, porque naquela época o Brasil estava crescendo. Infelizmente, ele faleceu em um acidente aéreo junto com o filho mais velho. Os [outros] filhos ficaram incumbidos dessa questão de sair e meus cunhados junto com meu noivo, na época, foram conhecer e ficaram encantados com a região. Casei dia 06 de março de 1992. Dia 09 de março eu estava no Piauí pela primeira vez”, relembra a hoje produtora rural.
Quando chegaram na propriedade recém comprada não havia nada e todos os dias eles percorriam 50 km entre a casa alugada na cidade até o terreno da família. “A gente ficava nos barracões com os funcionários. Lá a gente comia. Eu passava o dia todo com o meu marido. Saíamos da fazenda 19h, 20h, e voltamos para Uruçuí. E assim foi por alguns anos”, conta.
A fazenda-empresa Canel é tocada desde o início pelos familiares de Lúcia, as cunhadas, os cunhados, os filhos e o marido. Hoje a empresa tem cerca de 350 funcionários e trabalha com lavouras de milho, algodão, soja e eucalipto.
Tomando a frente
A agricultora fala que cada integrante da família era responsável por uma parte do negócio. A ela coube a gestão e o desenvolvimento de pessoas, além das questões sociais junto à comunidade. “Como eu era pedagoga, eu queria muito trabalhar com gente”, revela.
Vendo a defasagem da educação na região, a empresa chegou a montar uma escola para alfabetização dos funcionários, fato que ela considera marcante.
“Acho que para mim o momento mais marcante foi a primeira formatura que nós fizemos com os nossos funcionários. Ali a gente viu realmente o valor que a gente pode levar à autoestima das pessoas”, expressou.
Experiente nesse ramo, Lúcia dá uma dica aos produtores rurais: ”eu acho que primeiramente a gente precisa investir nas pessoas, no quadro que nós já temos. Fazer com que os nossos funcionários sejam promovidos, possam se capacitar e se sentir seguros dentro da própria empresa. Essa evolução dentro do negócio é muito importante, desenvolver essa cultura”.
Marcando presença
Além da presidência do Comitê de Mulher, Bortolozzo também é vice-presidente das Mulheres do Agro CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e FAEPI (Federação da Agricultura e Pecuária do Piauí), e membro da Comissão do Movimento Mulheres de Fibra – todas mulheres produtoras de algodão. Na visão dela, “o Agro gera muitas oportunidades para as mulheres”.
Lúcia também destaca que a mulher tem uma “sensibilidade” para o social. “É dela estar ajudando o desenvolvimento social também dos negócios”, reforça.
Apesar dos avanços, a presidente do comitê diz que ainda há desafios e propõe que as mulheres produtoras liderem e ocupem os espaços.
“A mulher precisa ver que essas oportunidades são importantes também para o avanço dela. Ela precisa estar entrando nesses setores, fazendo presença nesses setores, para que possa dar também o seu parecer, a sua contribuição, para que outras não tenham essas dificuldades. Então é preciso circular.”
Lúcia Bortolozzo, presidente do Comitê das Mulheres da Rural
A produtora realça o valor de grupos de apoio, como o comitê, que são incentivadores das mulheres. “É importante esse fortalecimento e a gente tem que fazer com que cada vez mais elas se unam”, conclui.
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