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Achachairu: a fruta que virou receita de família

De origem boliviana, o achachairu ainda é pouco consumido no Brasil

4 minutos de leitura 06/06/2024 - 05:00

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Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com

Foto: Zedenei Boaroli/Arquivo Pessoal
Foto: Zedenei Boaroli/Arquivo Pessoal

Essa história começa em maio de 1996, quando Eustáquia Figueroa Magagnin, boliviana e sogra de Zedenei Boaroli, foi visitar a família na Bolívia, na região de Santa Cruz de la Sierra. Ela trouxe para a cidade de Criciúma (SC) duas mudas de uma planta nativa daquela área que anos depois fariam a alegria da família e da vizinhança. Se tratava do achachairu, uma fruta exótica no Brasil. 

“Quando a minha sogra [Eustáquia] faleceu, eu vim morar na casa que era dela e até então aquilo ali floria, amadurecia e caia no chão. Ninguém comia, porque acho que ninguém conhecia. Uma vez tentei comer, mas acho que ela estava verde, então não prestou”, conta a assistente administrativa Zedenei, que depois de ler a matéria do Agro Estadão sobre a fruta, entrou em contato com a redação do portal para falar da experiência com o achachairu. 

A relação distante com os pés da fruta só mudou há aproximadamente dez anos. Familiares bolivianos do esposo de Zedenei vieram ao Brasil e questionaram sobre as mudas, agora já árvores. Foi então que eles revelaram o segredo para um bom sabor: “tem que estar bem alaranjada para ser gostosa”. A partir daí, Zedenei e a família experimentaram novamente o achachairu, só que maduro. 

“Nossa, muito gostosa. Desde então estamos nos deliciando com elas”, expressa a catarinense relembrando o sabor da fruta. “Eu subo no pé e fico lá em cima comendo. É tipo comer amendoim, come um e não para mais”, acrescenta.

Achachairu ou bacupari?

“Levei para a minha mãe e ela até achou que fosse bacupari”, revela Zedenei. Ao Agro Estadão, o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), José Urano de Carvalho, disse que pode haver essa confusão, mas diferente do bacupari, o achachairu é de origem boliviana. Além disso tem sabor mais marcante e mais polpa. 

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“Não há uma pessoa que, comendo o achachairu no ponto adequado de maturação, vai dizer que não gostou da fruta”, enfatiza Urano. 

Tem sabor doce com um toque de acidez, além de aroma leve. As medidas de comprimento costumam ter em média 4,8 centímetros e de largura em média 3,8 centímetros. Para comer a fruta in natura, basta romper a casca, que é um pouco resistente, e saborear a polpa branca de dentro. 

É fruta que não acaba mais

Depois de passar a apreciar a fruta, Zedenei começou a distribuir e hoje é sempre abordada por parentes perguntando pela “frutinha”, como ficou conhecido o achachairu na família dela. “Eles brigam [pelo achachairu]. Aqui todo mundo fala que é a ‘frutinha’. ‘Ah, não tem frutinha?’. Daí, cada vez que vou pra minha mãe eu levo”, brinca. 

Entre parentes, amigos e desconhecidos, as frutas do quintal de Zedenei já foram enviadas para pelo menos três outros estados e até para a Itália. Além da fruta em si, várias mudas nasceram por meio das sementes de lá, como é o caso dos pés que estão em Nova Veneza (SC) nas casas da mãe, da vizinha da mãe e de uma amiga, que de tão apaixonada resolveu que iria pagar pelo quilos até então doados por Zedenei.

“A gente consome ela em casa, mas a gente não dá conta. É muita fruta no pé. Daí, quem conhece, vem buscar. Nesse ano que passou, eu até vendi para uma amiga minha”, confidencia à reportagem. Segundo ela, as duas árvores chegam a render cerca de 100 quilos por temporada, que costuma ser de novembro ou dezembro até março.

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Veja como são as árvores de achachairu.

Da polpa direto para o copo

Bem, se você está se perguntando o que pode ser feito com a tal “frutinha”, na Bolívia, é possível encontrar pessoas que fazem suco e geleias. Mas Zedenei e a família resolveram ousar e apreciar o achachairu como drinque. 

“Já fiz suco e caipiroska. Fica muito boa!”, confessa ela sorrindo. A receita é bastante simples e Zedenei conta como costuma fazer.  “Pega a fruta e descasca ela. Ela tem uma casca grossa. Umas dez frutas mais ou menos. Aí tu tira toda a parte branca, que é a polpa, e coloca no mixer (ou liquidificador). Bate bem e ela vai ficar grossa. Vai adicionando vodka, leite condensado e gelo. Se quiser mais forte, coloca mais vodka. Se quiser mais fraquinha, coloca menos”. 

E para quem ainda não está convencido sobre experimentar ou não a fruta, a assistente administrativa recomenda: “prove, você vai gostar!”.

Para saber mais sobre o achachairu, confira a matéria que o Agro Estadão fez com detalhes sobre essa fruta boliviana. Veja mais aqui

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