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Economia

Tripes: como controlar essa praga?

Com mais de 1.500 espécies, os tripes causam danos severos a diversas culturas agrícolas no Brasil, exigindo estratégias eficazes de controle

Nome Colunistas

Redação Agro Estadão*

20/12/2024 - 08:00

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Os tripes são pequenos insetos que representam uma grande ameaça para diversas culturas agrícolas no Brasil. Esses minúsculos invasores, muitas vezes invisíveis a olho nu, podem causar danos significativos e prejuízos consideráveis aos produtores rurais. 

Segundo dados da Embrapa, a maior parte das espécies de tripes consideradas pragas está agrupada na família Thripidae, que reúne aproximadamente 1.500 espécies distribuídas em 250 gêneros. 

Tipos de tripes e culturas afetadas

Os tripes são insetos da ordem Thysanoptera e são encontrados em diversas espécies que afetam as culturas agrícolas no Brasil. Entre as mais comuns e prejudiciais, destacam-se:

  • Frankliniella schultzei (tripes-do-tomateiro): Uma das espécies mais problemáticas, afetando principalmente solanáceas.
  • Thrips tabaci (tripes-da-cebola): Como o nome sugere, é uma praga importante na cultura da cebola.
  • Caliothrips brasiliensis (tripes-do-prateamento): Comum em culturas como soja e feijão.
  • Heliothrips haemorrhoidalis (tripes-das-estufas): Afeta diversas culturas, especialmente em ambientes protegidos.

Culturas mais suscetíveis

Os tripes são pragas polífagas, ou seja, atacam diversas culturas.

  • Tomate: Sofre com deformações nos frutos e transmissão de viroses.
  • Algodão: Apresenta folhas deformadas e queda de botões florais.
  • Soja: Exibe folhas prateadas e redução no desenvolvimento das plantas.
  • Pepino: Mostra manchas prateadas nas folhas e frutos deformados.
  • Cebola: Apresenta folhas com aspecto prateado e redução no tamanho dos bulbos.
  • Pimentão: Sofre com deformações nos frutos e transmissão de viroses.

Cada cultura pode apresentar sintomas específicos, mas geralmente incluem manchas prateadas nas folhas, deformações em frutos e flores, e redução no crescimento das plantas.

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Danos causados por tripes

Danos diretos

Os tripes causam danos diretos às plantas através de sua alimentação. Esses insetos possuem aparelho bucal raspador-sugador, que perfura e raspa os tecidos vegetais para sugar o conteúdo celular. 

Como resultado, surgem manchas prateadas nas folhas, que são o resultado da entrada de ar nos tecidos raspados. Além disso, o ataque a órgãos em desenvolvimento leva a deformações de frutos e flores, causando crescimento irregular.

A alimentação dos tripes também reduz a capacidade fotossintética das plantas, pois as áreas danificadas nas folhas têm menor eficiência na absorção de luz. 

Em ataques severos, as áreas afetadas podem secar e morrer, levando à necrose dos tecidos. Em infestações intensas, pode ocorrer até mesmo a queda prematura de folhas e frutos.

Danos indiretos

Além dos danos causados diretamente pela alimentação, os tripes são vetores de diversos vírus fitopatogênicos, o que amplifica seu potencial destrutivo. 

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O exemplo mais notório é a transmissão do vírus do vira-cabeça do tomateiro (Tomato spotted wilt virus – TSWV), que pode causar perdas de até 100% na produção de tomates.

Outros vírus transmitidos por tripes incluem o Groundnut ringspot virus (GRSV), o Tomato chlorotic spot virus (TCSV) e o Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV). A transmissão desses vírus ocorre de maneira persistente propagativa, ou seja, o vírus se multiplica dentro do corpo do inseto antes de ser transmitido para uma nova planta. 

Isso torna o controle ainda mais desafiador, pois mesmo poucos indivíduos podem disseminar a doença rapidamente.

As consequências da transmissão viral para a produtividade são severas, incluindo redução drástica no desenvolvimento das plantas, deformação de folhas e frutos, necrose generalizada e até mesmo a morte prematura das plantas. 

Identificação e monitoramento de tripes

Tripes com olhos grandes alimentando-se de flores silvestres – Foto: Adobe Stock

A identificação precoce dos tripes é crucial para um controle efetivo. Esses insetos são pequenos, geralmente medindo entre 0,5 mm e 2 mm de comprimento, o que torna sua detecção um desafio. Características para identificação incluem:

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  • Corpo alongado e fino
  • Dois pares de asas franjadas (em adultos alados)
  • Coloração variando de amarelo-claro a marrom-escuro
  • Movimentação rápida quando perturbados

Para uma observação mais precisa:

  • Use uma lupa de mão com aumento de 10x a 20x.
  • Examine a face inferior das folhas, onde os tripes costumam se abrigar.
  • Observe flores e botões florais, locais preferidos por algumas espécies.
  • Bata levemente as partes da planta sobre uma superfície branca para visualizar os insetos que caem.

Manejo e controle de tripes

Controle cultural

O controle cultural envolve práticas agrícolas que tornam o ambiente desfavorável aos tripes e favorável às plantas; a rotação de culturas é eficaz, alternando culturas não hospedeiras e evitando plantar culturas suscetíveis em áreas próximas ou subsequentes. 

A eliminação de plantas hospedeiras é crucial, incluindo a remoção de plantas daninhas que abrigam tripes e a manutenção dos arredores da área de cultivo livres de vegetação. 

O manejo da irrigação é importante, evitando o estresse hídrico e usando irrigação por aspersão para retirar os tripes das folhas. 

A adubação equilibrada é essencial, pois plantas nutridas resistem melhor ao ataque de pragas; evitar o excesso de nitrogênio é importante, pois pode favorecer os tripes. Em cultivos protegidos, o uso de barreiras físicas, como telas anti-insetos, pode ser uma medida eficaz.

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Controle biológico

O controle biológico utiliza inimigos naturais para reduzir a população de tripes. Ácaros predadores como Amblyseius swirskii e Neoseiulus cucumeris são eficazes contra tripes. 

Percevejos predadores, como Orius insidiosus e Orius laevigatus, também são aliados importantes no controle dessa praga.

Fungos entomopatogênicos, como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, podem ser aplicados para controlar populações de tripes. Além disso, nematoides entomopatogênicos, como Steinernema feltiae, têm mostrado resultados promissores no controle de tripes.

A liberação desses agentes deve ser feita de forma preventiva ou no início da infestação para maior eficácia. 

Controle químico

O controle químico, quando necessário, deve ser realizado com critério e como parte de um programa de manejo integrado. É crucial escolher inseticidas registrados para a cultura e praga-alvo, priorizando produtos seletivos aos inimigos naturais. 

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A rotação de ingredientes ativos com diferentes modos de ação é importante para evitar o desenvolvimento de resistência nos tripes.

O momento de aplicação deve ser baseado nos níveis de ação determinados pelo monitoramento, considerando o estágio de desenvolvimento da cultura e da praga. 

A tecnologia de aplicação também é fundamental: deve-se usar volume de calda e bicos adequados para boa cobertura, e considerar o uso de adjuvantes para melhorar a eficácia do produto.

É imprescindível respeitar o período de carência, que é o intervalo de segurança entre a aplicação e a colheita. Acima de tudo, é fundamental consultar um engenheiro agrônomo para a prescrição do receituário agronômico e orientações específicas sobre o uso de inseticidas.

Lembre-se: o controle dos tripes não é apenas uma questão de proteger a safra atual, mas de garantir a sustentabilidade da produção agrícola a longo prazo. Com vigilância constante e ações bem planejadas, é possível manter essa praga sob controle e assegurar o sucesso de suas culturas.

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*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

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