Economia
Retração do PIB da Agropecuária não deve seguir em 2025, indica CNA
Milho e soja tiveram queda de 12,5% e de 4,6% na produção, respectivamente
Redação Agro Estadão
12/03/2025 - 12:03

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê que a retração observada no Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária em 2024 não deve se repetir neste ano. É o que aponta o comunicado técnico da entidade que analisou o PIB do Brasil no ano passado e que foi divulgado nesta terça-feira, 12. Em 2024, o setor teve um queda de 3,2% de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).
A CNA explica que esse resultado negativo foi causado pelo impacto das adversidades climáticas no ano passado. Por isso, a expectativa é de um clima mais favorável neste ano, o que tende a ajudar as safras.
“A retração da Agropecuária em 2024 não deve se repetir em 2025, uma vez que as condições
climáticas mais favoráveis devem possibilitar a recuperação da produção das culturas de verão, como soja e milho. No segundo semestre, também se espera um clima propício, com potenciais impactos positivos sobre a produtividade agrícola. Assim, em 2025, a Agropecuária, a exemplo de 2023, tem potencial para se tornar o grande destaque do ano e um dos principais motores do crescimento do PIB nacional”, destaca a nota.
Mesmo com a perspectiva climática positiva, a entidade pondera que o “ano será desafiador” devido aos custos de produção. Uma desvalorização do Real frente ao Dólar e juros mais altos devem pressionar e elevar esses custos. “Além disso, será necessário atenção às políticas públicas voltadas ao setor, especialmente as de gestão de risco, como o seguro rural, e as de fomento à atividade, considerando possíveis restrições fiscais que podem afetar a disponibilidade de recursos orçamentários”, alerta.
Milho e soja puxam resultado para baixo
Dos 11 setores e subsetores analisados pelo IBGE na composição do PIB, apenas a agropecuária teve uma variação de queda. Esse recuo pode ser explicado pelos dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE. As duas principais culturas de grãos do Brasil, milho e soja, tiveram perdas de produção de 12,5% e 4,6%, respectivamente. Outros produtos tiveram relevância no resultado setorial, como mostra o gráfico abaixo.

Café – mesmo em bienalidade positiva, as regiões produtoras tiveram impacto do clima, o que causou efeitos na produtividade. O café arábica teve um aumento modesto em relação à safra anterior de 1,4%. Enquanto o canephora teve queda de 2,5%.
Cana-de-açúcar – apesar de ter uma perda pequena em comparação a 2023 (-0,9%), as lavouras foram afetadas por secas e queimadas no ano passado, principalmente, a região centro-sul, que concentra cerca de 90% da produção nacional. O Nordeste também registrou seca e uma estiagem na cultura, mas a intensidade foi menor, segundo a CNA.
Carnes – as proteínas animais ajudaram o PIB da Agropecuária a não cair mais. 2024 foi um bom ano para o segmento, que registrou mais abates de animais. Os dados preliminares da Pesquisa Trimestral de Abates do IBGE indicam que o Brasil abateu 39,2 milhões de bovinos no ano passado, o que é 14,9% a mais do que em 2023. Também houve mais abates de aves (2,5%) chegando a 6,4 bilhões de cabeças. Quanto aos suínos, o crescimento foi menor (1,1%), somando 57,9 milhões de animais. O crescimento da produção de carne bovina, suína e de frango foi de 14%, 0,6% e 2,3%, respectivamente.
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