Economia
Primeiro polo de agricultura irrigada de Mato Grosso do Sul é lançado
Iniciativa abrange 26 municípios nas regiões centro e sul do Estado
Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com
03/10/2024 - 15:48

Foi oficializada nesta quarta-feira, 2, a criação do primeiro polo de agricultura irrigada de Mato Grosso do Sul. Durante uma oficina técnica realizada em Dourados, no auditório da Embrapa Agropecuária Oeste, ficou definido que o Polo de Agricultura Irrigada do Centro-Sul de Mato Grosso do Sul vai abranger 26 municípios que já agregam cerca de 80 mil hectares de lavouras irrigadas.
Durante o lançamento, o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Denilton Flumignam, analisou a área que compreende o polo e assegurou que há disponibilidade hídrica para suprir a demanda.
Segundo ele, números de experimentos feitos pela Embrapa demonstram a importância da irrigação para elevar a produtividade. “Num período de três anos, em área plantada pela Embrapa foram colhidas 172 sacas de soja com irrigação, enquanto que em espaço equivalente, sem irrigação, rendeu 134 sacas do mesmo produto. Já o rendimento do milho é ainda maior: 407 sacas com irrigação e 253 sacas sem irrigação”, explicou o pesquisador.

Conforme Nascimento, Mato Grosso do Sul tem cerca de 4,9 milhões de hectares que podem receber irrigação, todos localizados na Bacia do Rio Paraná. Desse total, 2,4 milhões de hectares são classificados com alta aptidão para receber irrigação, o que coloca o estado em segundo lugar em nível nacional em ranking de competitividade, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
A ideia é usar a estratégia da irrigação para ampliar o potencial das lavouras, tanto em produtividade quanto em capacidade, explicou a diretora executiva da Associação de Irrigantes de MS (AIEMS), Daniele Coelho Marques. “A irrigação das lavouras permite o cultivo de três safras ao ano. Além da soja e do milho, outra cultivar com ciclo mais rápido pode ocupar as lavouras no intervalo dessas safras”, diz Marques.
Conforme comunicação do governo sul-mato-grossense, a ideia é incentivar o cultivo de produtos que são importados dos estados vizinhos para abastecer o mercado interno, sobretudo frutas e hortaliças. “A irrigação permite que se produza com eficiência essas variedades, com risco mínimo de perdas e alta produtividade, sendo uma alternativa muito importante para pequenos produtores”, diz o governo estadual em nota.
Ainda de acordo com publicação do estado, estudos demonstram que a agricultura irrigada pode gerar muitos empregos, aumentar o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da localidade, que se traduz em melhores condições de vida para as famílias; diminuir o êxodo rural permitindo que os jovens permaneçam no campo e contribuir para uma gestão responsável dos recursos naturais e da conservação ambiental em geral, na medida em que se tem na água o principal insumo, sendo vital que as nascentes e mananciais sejam preservadas.
A iniciativa ocorre após o governo de Mato Grosso do Sul ter lançado em julho deste ano o MS Irriga (Programa Estadual de Irrigação). “O plano tem objetivo de impulsionar o desenvolvimento de uma agricultura tecnológica, estratégica e sustentável, impulsionando o estado rumo a um futuro inclusivo, próspero, verde e digital”, disse na época o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de MS, Jaime Verruck.
De acordo com a Semadesc, até julho MS somava 320.304 hectares de agricultura irrigada, com aumento de 63% entre 2015 e 2024. Somente com pivôs centrais são irrigados 84 mil hectares (902 pivôs) em 53 municípios, com lavouras de soja, milho e pastagens.
Agricultura irrigada no Brasil
A iniciativa sul-mato-grossenses será o 14º Polo de Agricultura Irrigada do País, criados e coordenados pelo Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional, que em Mato Grosso do Sul tem o apoio da Semadesc, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Associação de Irrigantes.
Presente no evento de lançamento do polo de MS, a diretora do Departamento de Irrigação do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Larissa Rego, afirmou que o país tem um potencial gigante, com cerca de 55 milhões de hectares aptos a receber irrigação. Atualmente, apenas 8,5 milhões de hectares são irrigados em nível nacional e o Brasil ocupa a sexta colocação entre os países que utilizam essa tecnologia de produção.
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