PUBLICIDADE

Economia

Por que agricultores franceses dizem ser “loucura” aceitar acordo Mercosul-UE?

Membro de uma principais entidade representativa de produtores franceses defende mudanças no acordo para que haja viabilidade

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

07/11/2025 - 09:09

Foto: Daniel Fagundes/CNA
Foto: Daniel Fagundes/CNA

Apesar do anúncio da conclusão das negociações para um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia ter ocorrido no fim do ano passado, o impasse ainda não está finalizado. A França não vê o pacto comercial com bons olhos e parte disso vem de uma pressão dos agricultores franceses. O entendimento por lá é que “parece meio louco” aceitar um acordo nos termos acertados. 

Francês da região da Normandia e atual presidente da Organização Mundial dos Agricultores (WFO, sigla em inglês), Arnold Puech d’Alissac também é membro do Conselho da Federação Nacional dos Sindicatos Agrícolas (FNSEA) da França. A entidade de produtores é uma das principais na França e uma das vozes mais ativas contra o acordo comercial. Puech conversou com jornalistas nos bastidores da Cúpula dos Agricultores COP 30, realizada em Brasília (DF), e defendeu a posição dos produtores franceses. 

CONTEÚDO PATROCINADO

“É um grande problema para nós, porque nós somos a moeda de troca. Nós temos a impressão que nós vamos perder uma parte do mercado”, comentou ao falar da percepção dos agricultores de lá. E ainda comparou a situação a uma partida de futebol: “Os nossos agricultores dizem que vocês estão praticando uma concorrência desleal. Quando a gente joga futebol, nós temos os mesmos calçados. A gente não tem o direito de ter um calçado eletrônico mágico”.

Ele explicou que o produtor francês tem “dificuldade de compreender” que há uma igualdade de competitividade comercial já que as regras que se aplicam no Brasil não são as mesmas da Europa. “Nós temos um custo de produção mais elevado. Por exemplo, nós não temos confinamento grandes como aqui. A questão dos pesticidas também, pois nós não temos o direito de utilizá-los como aqui. E isso aumenta, obviamente, o nosso custo produtivo”, salientou.

Puech ainda qualifica a situação como um “jogo duplo” ao elencar que a partir de 2026 os custos de produção vão crescer para os europeus. Isso porque fertilizantes nitrogenados terão impacto do Mecanismo de Ajustamento de Carbono nas Fronteiras (CBAM, sigla em inglês), que confere um valor a mais para produtos importados que foram produzidos com elevada emissão de carbono.  

PUBLICIDADE

“Todo mundo produz isso emitindo carbono. Nós vamos pagar esse imposto e é uma nova distorção da concorrência. Mas a gente vai ser os bons alunos do mundo. Vocês não vão pagar esse imposto e o produto que vocês vão vender para nós também não vai sofrer essa imposição”, destacou. 

Queremos o acordo Mercosul-UE, mas não este acordo

Mesmo assim, ele diz que os produtores querem um acordo. “Precisamos vender o nosso vinho, nossos produtos, o nosso derivado de leite. Precisamos de vocês”. Conforme o francês, os agricultores europeus “são favoráveis a um acordo, mas não a este acordo”. A reclamação é de que a discussão para melhorar o tratado ficou paralisada. 

O membro da FNSEA cita o caso do acordo entre o bloco europeu e o Reino Unido, após os britânicos saírem da União Europeia. Um dos incrementos defendidos por ele é a inclusão de salvaguardas que podem ser acionadas de forma unilateral, como ocorre no trato UE-Reino Unido. 

“Se o comércio for perturbado entre o Reino Unido e a União Europeia, pode haver bloqueio de um lado ou do outro. A relação comercial, de um dia para o outro, pode ser bloqueada. Com o Mercosul, por exemplo, a gente só pode bloquear temporariamente o acordo. E somente nos seis primeiros anos de validade do acordo”, disse Peuch.

Do lado brasileiro, a expectativa é de que o acordo entre Mercosul e União Europeia possa sair no fim deste ano. O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou a jornalistas nesta semana que o tratado deve ser assinado no próximo dia 20 de dezembro no Rio de Janeiro, durante a Cúpula do Mercosul.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Líbano abre mercado para bovinos e bubalinos vivos do Brasil

Economia

Líbano abre mercado para bovinos e bubalinos vivos do Brasil

Ministérios anunciaram que negociações foram concluídas nesta sexta-feira, 7; agora, o Brasil soma 486 mercados abertos desde o início do atual governo

Importação chinesa de soja em outubro aumenta 17,2%, para 9,48 milhões de t

Economia

Importação chinesa de soja em outubro aumenta 17,2%, para 9,48 milhões de t

Em valores, as compras da oleaginosa somaram US$ 4,36 bilhões em outubro, 11,2% mais; no acumulado do ano, crescimento foi de 6,4%

Mato Grosso inaugura escritório na China e mira expansão internacional

Economia

Mato Grosso inaugura escritório na China e mira expansão internacional

Unidade ficará em Xangai, onde está o maior porto do mundo em movimentação de contêineres

China retoma compras de frango do Brasil

Economia

China retoma compras de frango do Brasil

País importou em 2024 mais de 500 mil toneladas do frango brasileiro; embarques estavam suspensos desde maio, após caso de gripe aviária no RS

PUBLICIDADE

Economia

Exportação de açúcar avança 12,8% em volume, mas recua 5,8% em receita

Em 2025, o Brasil exportou 27,6 milhões de toneladas de açúcar até outubro, 13,7% menos que no mesmo período de 2024

Economia

Agropecuária garante superávit de US$ 9,2 bilhões em outubro

Com exportações de US$ 10 bilhões no mês e crescimento de 6,4% no acumulado do ano, setor segue como pilar da economia brasileira

Economia

Soja e carne bovina lideram exportações do agro; café é impactado pelas tarifas

Embarques de carne bovina aos EUA recuam mais de 50% em outubro, mas setor consolida resultado positivo devido a outros mercados 

Economia

EUA formalizam fim de tarifas sobre importações da China por 1 ano

Em contrapartida, os EUA esperam que a China elimine controles sobre terras raras e suspenda tarifas agrícolas até dezembro de 2026

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.