PUBLICIDADE

Economia

Fazendas e usinas de álcool estavam sob controle do crime organizado

Operação Carbono Oculto investiga o uso de seis propriedades no interior de São Paulo para fraude nos combustíveis; veja como funcionava o esquema

Nome Colunistas

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com | Atualizada às 15h05

28/08/2025 - 12:55

Foto: Sefaz-SP/Divulgação
Foto: Sefaz-SP/Divulgação

Quatro usinas produtoras de álcool estavam diretamente sob o controle do crime organizado, enquanto outras duas estavam em processo de aquisição, apontou nesta quinta-feira, 28, a Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Receita Federal. A ação policial foi realizada em conjunto com Polícia Federal, Ministério Público, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e a Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo. 

Além das usinas, a organização utilizava seis fazendas no interior de São Paulo, avaliadas em R$ 31 milhões. Uma frota de 1,6 mil caminhões completava a estrutura logística própria para circulação de combustíveis adulterados e recursos ilícitos.

Durante coletiva de imprensa, Andrea Costa Chaves, subsecretária da Receita Federal, afirmou que a ação mostrou que o crime organizado “invadiu a economia real, da importação à produção, distribuição e comercialização, até o consumidor final, usando inclusive fundos de investimento e fintechs para ocultar patrimônio”.

“A Receita identificou que os fundos fechados com únicos cotistas, geralmente criando várias camadas, tinham bens adquiridos como: um terminal portuário, quatro usinas produtoras de álcool, mais participação em duas, ou seja, estamos falando da economia real. Espaço que deixa de ser ocupado por empresários legítimos que realmente querem empreender no Brasil”, afirmou Chaves.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a complexidade da atuação do crime organizado. “Às vezes a adulteração começa na importação, fraudada muitas vezes. Ou seja, é um esquema extremamente capilar do ponto de vista material, do ponto de vista de distribuição do combustível e extremamente sofisticado do ponto de vista financeiro. Porque são muitas camadas que precisam ser abertas para se chegar no patrimônio do crime organizado”, disse. 

PUBLICIDADE

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, destacou a importância da PEC da Segurança, atualmente em tramitação no Congresso Nacional, que dá status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Segundo Lewandowski, esse modelo já vem sendo aplicado graças à cooperação entre as agências, mas é necessário institucionalizar essa prática. “As investigações continuam, vão em frente, vão se aprofundar e, certamente, em breve teremos outros resultados”, afirmou 

Como funcionava o esquema?

Por meio das fintechs — empresas de serviços financeiros que se diferenciam pelo uso da tecnologia e inovação — os recursos ilícitos eram inseridos no sistema financeiro e reinvestidos em fundos fechados para dificultar o rastreamento. Somente uma dessas empresas movimentou mais de R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024, com depósitos em espécie e transferências disfarçadas.

Fonte: RF

Considerando fraudes fiscais, adulteração de combustíveis, lavagem de dinheiro e blindagem patrimonial sofisticada, o crime organizado movimentou R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, indicou a Operação Carbono Oculto. 

Ação e bloqueios bilionários

A Operação cumpriu mandados de busca e apreensão em 350 alvos em oito estados: São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Santa Catarina. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional já ingressou com ações cíveis de bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens, incluindo imóveis e veículos, garantindo o crédito tributário.

A Receita Federal autuou mais de mil postos de combustíveis distribuídos em dez estados, com movimentação financeira suspeita de R$ 52 bilhões e créditos tributários de R$ 8,6 bilhões já formalizados. Cerca de 140 postos foram utilizados para simular transações e ocultar recursos das distribuidoras vinculadas à organização.

Repercussão 

Após a divulgação dos primeiros dados sobre o esquema fraudulento, as frentes parlamentares ligadas ao agro cobraram urgência do Congresso para aprovar leis que endurecem a fiscalização e combatem fraudes no setor de combustíveis. Já as entidades do setor de combustíveis e bioenergia manifestaram apoio irrestrito à Operação Carbono Oculto. Já as Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), em nota, disse desconhecer o esquema investigado e reforçou que mantém um compromisso permanente com a legalidade.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Tarifaço dos EUA diminui exportações de ovos em agosto

Economia

Tarifaço dos EUA diminui exportações de ovos em agosto

De janeiro a agosto, Brasil exportou mais de 32 mil toneladas, 192,2% a mais se comparado ao mesmo período de 2024

Cade aprova fusão BRF-Marfrig e cria gigante do setor de carnes

Economia

Cade aprova fusão BRF-Marfrig e cria gigante do setor de carnes

MBRF Global Foods Company reúne marcas como Sadia, Perdigão e Qualy, além de ter faturamento anual estimado em R$ 152 bilhões

Produção de etanol nos EUA cresce 0,47%

Economia

Produção de etanol nos EUA cresce 0,47%

Números de produção de etanol nos EUA indicam a demanda interna por milho; mais de 1/3 da safra vai ao biocombustível

México lidera as compras de carne frango em agosto

Economia

México lidera as compras de carne frango em agosto

No acumulado do ano, as remessas de carne de frango tiveram queda de 1,1%, aponta ABPA

PUBLICIDADE

Economia

Como a poda de ameixas na época certa pode dobrar sua colheita

A poda seca ou de inverno, realizada durante o dormência ou pós-colheita, direciona a energia da planta para o desenvolvimento das gemas florais, crucial para uma floração e frutificação bem-sucedidas

Economia

EUA caem para 7º lugar entre destinos da carne bovina brasileira em agosto

Do outro lado, China se mantém como principal comprador ao passo que México, Rússia e Chile ampliam suas importações

Economia

Com tarifaço, exportações de café recuam 31% em agosto

Apesar de tarifa de 50%, mercado norte-americano ainda é o principal destino do produto brasileiro

Economia

Anec prevê exportação de 6,75 mi de t de soja e 6,37 mi de t de milho em setembro

Para o farelo de soja, a estimativa indica 1,94 milhão de toneladas em setembro, crescimento de 19,8% sobre o mesmo mês de 2024

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.