Exportações do agro brasileiro ganharam força com “tarifaço” de Trump, mas possíveis acordos podem limitar ganhos para o setor
Desde que o governo norte-americano anunciou o tarifaço sobre produtos de diversos países, o setor agropecuário brasileiro ganhou mais espaço no mercado internacional. Parte desse resultado foi verificado em abril, quando as exportações de grãos e carnes já registraram aumento, impulsionadas pelo cenário externo.
No entanto, o avanço de um acordo entre Estados Unidos (EUA) e o Reino Unido e a sinalização de uma conversa entre representantes dos governos norte-americano e chinês acendem um alerta ao setor, pois, segundo especialistas, um possível acordo entre as potências pode limitar os ganhos para o agronegócio brasileiro.
Nos próximos dias, devem ser divulgados oficialmente os detalhes do primeiro acordo comercial firmado nesta semana pelos EUA com o Reino Unido.
Conforme os governos, o acordo firmado inclui concessões de ambos os lados. Uma delas é o fim da tarifa de 25% sobre aço e alumínio britânicos, imposta por Trump a todas as importações desses metais em 12 de março. Embora o Reino Unido exporte pouco aço e alumínio diretamente aos EUA, muitos produtos que contêm esses materiais também são afetados pela tarifa.
Atualmente, os EUA respondem por 9% do valor e 7% do volume das exportações britânicas de aço, segundo a UK Steel, associação comercial da indústria siderúrgica do Reino Unido.
Trump também anunciou que os EUA irão aumentar as exportações de carne bovina e etanol para o Reino Unido, com liberação mais ágil na alfândega. Essas importações vinham sendo limitadas por preocupações com o uso de hormônios de crescimento.
“O acordo abre bilhões de dólares em acesso adicional ao mercado para exportações americanas, especialmente no setor agrícola, com destaque para carne bovina, etanol e praticamente todos os produtos produzidos por nossos grandes agricultores”, afirmou Trump a jornalistas na Casa Branca.
Além do acordo com o Reino Unido, há expectativa em torno de um possível avanço nas conversas entre EUA e China, principalmente no setor de grãos. Neste sábado, 10, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o principal negociador de comércio, Jamieson Greer, devem se reunir na Suíça para discutir as tarifas. O encontro é visto como um primeiro passo para aliviar a disputa comercial.
Nesta sexta-feira, 9, o presidente Trump afirmou que tarifas de 80% sobre produtos importados da China “parecem corretas”. Em sua conta na rede social Truth Social, ele escreveu que a decisão sobre a redução ou manutenção dessas taxas “é do Scott B”, em referência ao secretário do Tesouro norte-americano.
Atualmente, os EUA cobram tarifa de 145% sobre todas as importações chinesas. A China, por sua vez, aplica uma taxa de 125% sobre produtos americanos.