Economia
Dólar dispara e bate R$ 6: como fica o agro
Valorização da moeda deve estimular mais recordes nas exportações de carnes, mas impacto em grãos deve ser limitado no curto prazo
Sabrina Nascimento | São Paulo | Atualizado às 13h08
28/11/2024 - 11:03
Nesta quinta-feira, 28, o dólar comercial disparou e atingiu R$ 6 pela primeira vez na história do Brasil, reagindo à fala do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o pacote fiscal do governo. O ponto de atenção do mercado é o impacto do anúncio do aumento da faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais.
Em pronunciamento na quarta-feira, 27, Haddad disse que a iniciativa será compensada com elevação da taxação para quem ganha acima de R$ 50 mil por mês. Na véspera do anúncio, o dólar já havia encerrado o dia no maior patamar da história — R$ 5,91.
Para o agro, a alta do dólar tem efeito dúbio: ao passo que melhora a rentabilidade com as exportações de produtos agropecuários, também aumenta o custo com insumos importados, como fertilizantes.
Segundo o analista de mercado, Vlamir Brandalizze, um dólar em alta neste momento do ano deve beneficiar novos acordos e contratos de embarque do setor de carnes, que estão batendo recordes consecutivamente. “Abre oportunidade para os exportadores fazerem contratos para garantir dólar futuro, em nível alto, que vai favorecer os embarques futuros”, destaca Brandalizze.
Já o complexo de grãos não deve sentir reflexo positivo no curto prazo. Isso porque as bolsas nos Estados Unidos não operam nesta quinta-feira, 28, devido ao feriado de Ação de Graças no país e na sexta-feira, 29, ainda é esperado um dia morno para as negociações. “Se fosse um dia normal, certamente a gente ia ver crescer bastante os negócios futuros para aproveitar esse dólar. […] Vai depender agora dele [o dólar] sustentar esses patamares para a semana que vem”, pontua Vlamir.
Crédito mais caro
Na outra ponta da gangorra da perda de competividade do real frente ao dólar, a Markestrat explica que, o câmbio alto encarece mercadorias importadas, ocasionando aumento nos custos de produção e perda de poder monetário por parte da população.
Alem disso, o agro pode sofrer com crédito mais caro. “Se o receio do Banco Central com o retorno da inflação foi a tônica que justificou elevar a taxa básica de juros Selic para 11,25% em 6 de novembro, fato é que todo o Brasil está sendo exposto a ritmos maiores de encarecimento do crédito a partir de agora”, contextualiza a consultoria em relatório.
Com o cenário atual, a consultoria acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode optar, na reunião de dezembro, em elevar para “11,75% ou até mesmo 12%” a Selic. “Se até essa reunião do Copom o real prosseguir em desvalorização, a condição que se põe na mesa é simples: ou o Banco Central aumenta os juros para tentar segurar a disparada no câmbio, ou o governo mostra comprometimento com o Brasil e revisa os próprios interesses para 2026”, destacam os especialistas.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
CONTEÚDO PATROCINADO
Banco do Brasil bate recorde de investimentos no campo
2
“Paramos completamente de entregar ao Carrefour”, diz diretor da Minerva
3
Você sabe por que as galinhas caipiras comem pedras?
4
Carrefour França diz que não venderá carne do Mercosul; agro no Brasil repudia
5
Fungos que atacam a horta: conheça os principais tipos e como prevenir
6
Conheça as 7 maiores fazendas do mundo
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Economia
Safra 2024/25: produção de grãos pode atingir recorde de 322,4 milhões de toneladas
Levantamento da Conab mostra que as chuvas favoreceram as lavouras nos principais estados
Economia
Selic a 12,25% deve encarecer o crédito rural no próximo ano, avalia Markestrat
Por unanimidade, Copom elevou a taxa básica de juros pela terceira vez consecutiva
Economia
Aprosoja-MT vai ao CADE contra a Moratória da Soja e Abiove defende que não é cartel
Presidente da Associação que representa os produtores de soja de Mato Grosso diz que não poupará esforços para extinguir de vez a Moratória e reparar os danos financeiros dos agricultores
Economia
Exportações de carne bovina perdem ritmo, mas crescem 9% em novembro
China reduz participação nas exportações totais, enquanto os EUA e os Emirados Árabes ampliam compras
Canadá abre mercado de penas de aves do Brasil
Produto é usado para fabricar almofadas, travesseiros e estofados
MP-RS identifica produção de leite com soda cáustica e água oxigenada
Operação Leite Compen$ado apurou que o leite era vendido no Brasil e na Venezuela; setor produtivo pede para população "confiar no leite gaúcho"
Área de arroz pode reduzir na safra 2024/2025 como consequência das enchentes de maio no RS
Federarroz também estima aumento médio de 5% no custo de produção e critica preço estipulado nos leilões de arroz da Conab
CNA projeta crescimento de até 5% no PIB do Agro em 2025
Entidade representativa também prevê ano “desafiador” devido às incertezas internas e externas