Economia
Abrafrutas comemora 10 anos e cobra mais agilidade na liberação de crédito aos fruticultores
Entidade mira nas exportações e tem ao menos 13 processos iniciados de abertura de novos mercados de frutas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
23/11/2024 - 08:30

Neste ano, a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) completa 10 anos. Satisfeito com os passos já alcançados pela fruticultura no país, o presidente da associação, Guilherme Coelho, ainda vê espaço para crescimento da atividade no país.
“Há dez anos nós exportávamos cerca de US$ 650 milhões, hoje o Brasil exporta US$ 1,320 bilhão e estou imaginando que neste ano vamos bater um novo recorde. […] Esse número ainda é pequeno. Um país que é o terceiro maior produtor de frutas, mas é o 23º exportador, ele precisa andar muito mais, mas nós estamos no caminho certo”, comenta Coelho ao Agro Estadão.
Nesse plano de expansão, o presidente aponta alguns pontos que ainda precisam avançar na questão da produção. Um deles é o crédito rural. “O que nós precisamos mesmo é procurar ter cada vez mais recursos para o financiamento da produção. O Plano Safra precisa chegar perto de todos. Os juros precisam ser adequados à nossa atividade”, pontua.
Questionado sobre o que seria essa dificuldade em relação ao crédito, ele afirma que não se trata de “insuficiência”. A reivindicação de Coelho está relacionada à liberação desses recursos e cobra: “Tem que sair logo”.
“O que os bancos precisam, e têm avançado, é na agilização do crédito. Ele tem que sair rápido. A gente tem que considerar que aquele agricultor está ali para plantar, para colher, pagar suas dívidas e ganhar o seu dinheiro. Essa rapidez do crédito, essa desburocratização do crédito é muito importante”, pediu.
Além disso, a implementação de inovação e tecnologia é outro avanço necessário na fruticultura, segundo o presidente. “O que a gente precisa é pegar a tecnologia disponível, fazer chegar ao produtor pequeno, médio, grande, para que ele possa ter a chamada produtividade. Em um mesmo espaço poder colher mais. Mas não é mais só na quantidade, é na qualidade”.
Exportações no radar
Outro objetivo da Abrafrutas é expandir as negociações de frutas com outros países. Existem pelo menos 13 processos de novas aberturas de mercados em andamento (veja abaixo). Além disso, depois da liberação por parte da China para uvas frescas, o avocado deve ser o foco da associação com os chineses.
Para ampliar as perspectivas internacionais a estratégia que a Abrafrutas pretende adotar é de participar de feiras menores. De acordo com Coelho, hoje a entidade já participa dos maiores eventos de frutas, mas avalia que para expandir o negócio internacionalmente é preciso estar presente em mais lugares. Coelho também aposta na excelência dos produtos brasileiros e afirma: “A gente chega no mundo de cabeça erguida, forte e falando firme”.

Sobre os desafios de internacionalizar frutas típicas do Brasil, mas pouco conhecidas no exterior, como o caju, ele diz que é preciso que tanto vendedores como compradores queiram. E deixa o canal aberto para que produtores procurem a entidade no intuito de começar o processo.
“A Abrafrutas é uma associação que está de braços abertos para receber produtores que querem exportar e a gente tem recebido essas demandas de vez em quando dessas frutas que não são comuns [lá fora]. A gente tenta através dos nossos contatos, dos adidos agrícolas, fazer esse link. Nós estamos abertos. Bateu na nossa porta, a gente busca um caminho, mas claro que tem a parte do empresário de viajar, de conhecer o cliente”, acrescenta.

Jantar em Brasília marca celebração
Não eram poucas as figuras do Executivo presentes no jantar em Brasília na última quinta-feira, 22, que serviu para celebrar os 10 anos da Abrafrutas. Os nomes mais conhecidos eram dos ministros da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira. Também havia secretários e outros representantes do Mapa, além de pessoas da Agência Nacional de Águas (ANA), do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR) e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Fávaro destacou o potencial do país para se tornar o pomar do mundo. “O Brasi, que não tem contencioso com nenhum país do mundo, garante uma estabilidade de fornecimento. Então, quando a gente consegue abrir um novo mercado, a gente garante ele com regularidade de fornecimento, por isso sim vai ser o pomar do mundo, supermercado do mundo e já está sendo”, disse aos jornalistas.
Já Teixeira ressaltou a importância das frutas na alimentação cotidiana dos brasileiros. “É um dos principais alimentos que tem que ir para mesa do povo, assim, é um segmento decisivo. O setor precisa crescer, porque o Brasil não tem ainda uma produção de frutas suficiente, e por isso que nós estamos buscando uma parceria daquelas bem sucedidas na produção de frutas com os agricultores familiares para ampliar a produção”, comentou.
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