Economia
48% das propriedades de soja e milho do Centro-Oeste não têm impedimentos socioambientais e financeiros
Pesquisa revela, ainda, que 85% estão em situação regular para pleitear crédito rural conforme orientações do Manual de Crédito Rural

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com
10/06/2025 - 12:00

A região Centro-Oeste é responsável por aproximadamente metade da produção de milho e soja do Brasil. Uma pesquisa inédita da Serasa Experian mostrou que 48% das propriedades rurais produtoras desses dois grãos na região não apresentam impedimentos socioambientais, além de terem baixo risco de inadimplência.
O estudo contabilizou mais de 116 mil imóveis rurais que plantaram milho ou soja em pelo menos uma das últimas cinco safras (safra 2020/2021 até a safra 2024/2025). Os pesquisadores analisaram duas vertentes principais: a parte financeira, tendo como base o Agro Score; e a parte socioambiental, que utilizou os critérios previstos no Manual de Crédito Rural que impedem o financiamento de áreas que não estejam em conformidade — por exemplo, propriedades com embargo ambiental ou alguma restrição devido ao não cumprimento de normas trabalhistas.
Com base no cruzamento de dados, a pesquisa colocou três grupos diferentes:
- Aprovadas (48% das propriedades): estão aptas para uma análise automática de crédito, já que não apresentam pendências socioambientais e têm baixo risco de inadimplência.
- Em análise (37% das propriedades): estas propriedades apresentam alguma pendência menor nos critérios socioambientais ou têm um risco médio de inadimplência. A depender do apetite ao risco da instituição financeira, não teriam problemas para acessar crédito.
- Reprovadas (15% das propriedades): imóveis que têm algum impedimento socioambiental mais grave ou que apresentem um alto risco de inadimplência.
Segundo o head de Ciência de Dados Agro da Serasa Experian, Frederico Poleto, é preciso ponderar que isso não significa um impedimento ou uma dificuldade para o acesso ao crédito, já que 52% das propriedades teriam algum ponto de observação. “Cada instituição costuma adotar os seus pontos de corte, políticas. Então, é difícil a gente ter uma análise unânime”, comenta ao Agro Estadão.
Já o gerente de Soluções e Produtos Agro da empresa, Dyego Santos, faz o cálculo somando os imóveis da categoria “Aprovadas” e “Em análise”. Segundo ele, 85% estariam dentro da fatia habilitada para acessar ao crédito rural. “O estudo demonstra que é um alto percentual de aptidão para tomada de recursos para atividade agrícola. A soma dos 85%, a gente entende que não encontra nenhuma inconformidade dentro dos aspectos avaliados, então, a gente vê como um cenário bastante satisfatório”, pontua.
Mato Grosso tem 26,1% dos imóveis com inconformidade
Entre as quatro unidades federativas, Goiás foi a que apresentou o maior número de propriedades no quesito “Aprovados”. Já Mato Grosso foi o estado que apresentou o maior número de propriedades no grupo de “Reprovados”, com 26,1%. “Especialmente no estado do Mato Grosso, um dos principais indicadores ali foi a presença, por exemplo, de áreas [de produção] em florestas públicas, que são delimitadas”, indica Santos. Mas o gerente lembra que é preciso observar outros aspectos neste caso, como a complementaridade da regra.
“Neste caso, não significa que automaticamente todos os imóveis dentro dos 26,1% não têm aptidão [ao crédito], que não podem ter produção agrícola. Desde que respeitem a complementaridade da regra, que é a produção agrícola em uma área territorial que não impacte o perímetro estabelecido da floresta pública, eles podem produzir”, explica.
Unidades Federativas | Reprovada | Em análise | Aprovada | Propriedades com plantios nos últimos anos |
Goiás | 8,1% | 33,8% | 58,1% | 76.380 |
Mato Grosso | 26,1% | 37% | 36,9% | 59.513 |
Mato Grosso do Sul | 9,4% | 42,6% | 48% | 28.373 |
Distrito Federal | 19,9% | 80,1% | 0% | 1.893 |

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