Demandas interna e externa aquecidas devem impulsionar as cotações e câmbio pode determinar as exportações
O ano de 2025 entrou no último trimestre. Nesta reta final, o mercado pecuário deve ser marcado por preços firmes para a arroba do boi gordo, impulsionados pela menor oferta de animais e pela expectativa de recuperação gradual do consumo doméstico. A projeção é da consultoria StoneX, que também alerta para o avanço da competitividade da carne de frango.
Em relatório de projeção divulgado nesta quarta-feira, 15, a consultoria recorda que, após a crise de gripe aviária vivida no início do ano, o preço do frango despencou, intensificando a concorrência entre proteínas. No entanto, com a retomada das exportações, os preços vêm se recuperando. “Como o Brasil é o maior exportador mundial dessa proteína, a recuperação do frango tende a representar pressão altista também para a carne bovina nos últimos meses de 2025”, destacou o documento assinado pela analista da StoneX Larissa Barbosa Alvarez.
No mercado doméstico, a consultoria ressalta que os últimos meses dos anos, tradicionalmente, favorecem os preços. Isso ocorre devido ao aumento do poder de compra da população com o pagamento do décimo terceiro salário e às comemorações de fim de ano. “A sazonalidade típica desse período é um fator de suporte à arroba, especialmente diante de um mercado interno mais ativo e de exportações ainda firmes”, diz o relatório.
Já do lado da oferta, o relatório indica que o último trimestre combina o pico da estação de monta, que direciona fêmeas à reprodução, com a entrada dos animais de confinamento. “Em 2024, a seca comprometeu a qualidade das pastagens, o que antecipou o abate de fêmeas no início de 2025”, lembra o documento. Contudo, as estimativas da StoneX mostram que o volume de abates deve se manter relativamente alto, mas com destaque para animais mais jovens.
Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que, este ano, cerca de 40% dos abates no País envolvem bovinos com menos de 24 meses, tendência que deve se manter até o fim de 2025. “O abate de machos, típico desse período, vem dos confinamentos, que tradicionalmente atendem à demanda asiática, principalmente da China, cujas compras se concentram nos últimos meses do ano, em preparação para o Ano Novo Lunar em janeiro”, explica a especialista.
Com a entrada em vigor das tarifas impostas pelos Estados Unidos (EUA), em agosto, a China ampliou sua participação nas exportações brasileiras, passando de uma média de 52% para cerca de 60% dos embarques.
A StoneX avalia que o aumento das compras chinesas compensou a perda de espaço nos EUA, além de reforçar a importância do principal parceiro comercial do Brasil. Além da China, expandiram suas aquisições neste cenário o México, Rússia, Chile, Filipinas, Oriente Médio, União Europeia e Indonésia.
Somente a Indonésia multiplicou por seis o volume importado em relação a 2024. “A diversificação de destinos reduziu riscos e demonstrou a capacidade de adaptação da indústria exportadora brasileira”, ressalta a consultoria.
Para os próximos meses, a StoneX vê cenário positivo, mas com ressalvas, sobretudo em relação ao câmbio. “As perspectivas para a demanda externa têm caráter neutro, com viés altista, já que a taxa de câmbio será determinante. Isso porque a manutenção ou o aumento dos volumes exportados pode ter menor retorno caso haja desvalorização do real”, alerta.
O relatório também antecipa que 2026 será um ano de recomposição do rebanho, com foco na recuperação do ciclo reprodutivo das fêmeas. “A eficiência reprodutiva será determinante para o equilíbrio de oferta e preços no próximo ano”, aponta.