Clima
La Niña está chegando ao fim e clima deve ser neutro nos próximos meses
Frente fria avança e semana é marcada por chuva isolada e queda de temperatura na região central do país

Paloma Custódio | Brasília | paloma.custodio@estadao.com
11/03/2025 - 08:00

O fenômeno La Niña, marcado pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, está chegando ao fim. A informação foi confirmada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). As projeções indicam uma probabilidade de 60% para condições ENSO-neutras entre março e maio, ou seja, sem a influência de El Niño ou La Niña. Já as chances para que o La Ninã continue, mesmo fraco, nesse período são de 40%. A partir de abril até junho, o percentual para a condição de neutralidade deve subir para 70%.
O sócio-diretor e meteorologista da Nottus, Alexandre Nascimento, destaca que, há algumas semanas, o fenômeno de resfriamento do Pacífico, que já era fraco, vem perdendo a intensidade. Além disso, a anomalia na região central do Brasil está próxima de zero, indicando condições dentro da normalidade meteorológica. “A expectativa já era de uma La Niña fraca e curta mesmo”, disse à reportagem.
Além disso, segundo a OMM, a probabilidade de formação de El Niño é insignificante no primeiro semestre de 2025. No entanto, as previsões a longo prazo ainda são incertas, devido à imprevisibilidade da primavera boreal — transição entre o inverno e o verão no hemisfério norte.
Frente fria avança pelo país nesta semana
Segundo previsões da Nottus Meteorologia, o forte sistema de alta pressão, que predominou nas últimas semanas, perde forças e uma frente fria consegue avançar pelo país. O último final de semana já registrou chuvas irregulares na Região Sul. No meio desta semana, uma segunda frente fria avança e deve chegar à região central brasileira. “As temperaturas caem e não devemos ter o retorno do sol escaldante das últimas semanas”, informa o meteorologista Alexandre Nascimento.
O fenômeno pode causar o retorno das chuvas em São Paulo, no sul de Minas, no Triângulo Mineiro, no leste de Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Segundo o meteorologista, não serão chuvas fortes. “Ainda devem ser precipitações isoladas, mas pelo menos a temperatura deve cair um pouco em relação às semanas anteriores. Além disso, a umidade melhora”, destaca.
A passagem das frentes frias também provoca o retorno das chuvas em Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Contudo, as precipitações serão isoladas e de fraca intensidade, acompanhadas de uma leve queda na temperatura em comparação com as semanas anteriores, além de uma melhora na umidade relativa do ar. Em Mato Grosso, no entanto, a previsão é de uma redução no volume de chuvas em relação ao observado nas semanas passadas.
Na Região Sul do país, além da chuva e da queda de temperatura no Rio Grande do Sul no último final de semana, a expectativa é que as precipitações continuem ao longo desta semana em Santa Catarina e no Paraná. Além disso, as temperaturas não devem voltar a subir como nas semanas anteriores. Segundo a meteorologista da Tempo OK, Kerollyn Andrzejewski, essa condição prevista para o Sul “favorece a reposição hídrica e aumenta a umidade do solo”.
No Matopiba, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) continua beneficiando as lavouras do Maranhão, com chuvas abundantes e frequentes. Pode voltar a chover forte também nas áreas produtoras do Piauí. Nas áreas do oeste da Bahia e no Tocantins, a chuva deve melhorar só na próxima semana.
No Norte do país, a previsão da Tempo OK Meteorologia é de chuvas frequentes no noroeste do Pará, Amazonas, Roraima e Acre, o que pode impactar as operações agrícolas. “Risco de temporais localizados e pode afetar a logística de escoamento da produção”, alerta a meteorologista Kerollyn Andrzejewski.

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