Estresse climático: o que fazer para aumentar a resistência da lavoura? | Agro Estadão
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Estresse climático: o que fazer para aumentar a resistência da lavoura?

Especialista dá dicas sobre como os produtores podem enfrentar momentos de calor intenso e de chuvas fortes

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

10/03/2025 - 08:00

Foto: Adobe Stock
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Os fenômenos climáticos extremos têm deixado de ser exceção para se tornar normalidade. As ondas de calor, os períodos conhecidos como veranicos e as chuvas intensas e volumosas são preocupações recorrentes dos agricultores pelo País. Diferentemente de pragas e doenças, a solução para esses fenômenos não depende de um produto ou técnica. 

Por isso, a agrônoma e coordenadora de mercado da Nitro, Julia Savieto, traça algumas medidas de prevenção ou mesmo de ação pós-estresse que os produtores podem tomar. Ela divide em dois grupos de situações: quando há estresse térmico e hídrico e quando há danos devido ao excesso de chuva. 

Ambos têm formas de lidar distintas, além de que o tipo de cultura — perene ou anual — influencia na tomada de decisão sobre o que fazer nesses casos. Confira as orientações e dicas da especialista. 

Lavouras em estresse térmico e hídrico

Quando se trata de prevenção contra essa condição, Savieto é enfática ao falar que o segredo é “o crescimento radicular”, ou seja, quanto mais raízes e mais profundas melhor para a planta. Para isso, a etapa do plantio se torna fundamental. Nessa fase, a indicação é oferecer matéria orgânica, além do uso de bioinsumos. 

“Hoje, tem microrganismos que ajudam nesse processo. Tem um que foi isolado do mandacaru, do Nordeste, que é uma planta que sobrevive à caatinga. Eles isolaram o Bacillus aryabhattai. Ele traz uma certa resistência hídrica, então, a planta fica menos suscetível aos estresses. Não que ela não vá sentir, mas ela vai sentir menos. […] Então, todas as ferramentas de bioestimulação, extrato de algas, aminoácidos, matérias orgânicas, isso atua na parte preventiva”, instrui a agrônoma. 

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Já para a parte aérea das plantas, que engloba caule, galhos e folhas, o uso de produtos com cobre pode auxiliar no processo de resistência dessas partes. O cobre estimula a produção de lignina, que confere uma espécie de fortificação e adaptação extra à planta. “Ela perde menos água também”, pontua. 

A intenção com esses instrumentos é dar mais força para as plantas e árvores passarem melhor os períodos de calor e falta de água. “Essas ferramentas [para enraizamento ou para parte aérea] têm o benefício de prevenção e, quando há o retorno das chuvas, a planta se recupera mais rápido”, explica. 

Outra dica amplamente difundida é o plantio direto. Segundo a especialista, essa técnica assegura um pouco mais de água no solo, o que ampara o desenvolvimento inicial da planta. “Você mantém mais água e diminui a temperatura. Tem estudos que mostram que um solo descoberto trabalha de 10ºC a 15ºC mais alto do que um solo coberto por palhada”, reforça. 

Lavouras em condições de chuvas intensas

A chuva nem sempre é uma boa amiga dos produtores. Dependendo do volume e da intensidade, ela pode provocar danos físicos sérios nas lavouras, como a quebra de galhos, o acamamento de plantas ou mesmo a perda total por inundação. Por isso, cada situação vai exigir uma avaliação do produtor. 

“São danos que prejudicam a estrutura da planta. São um pouco mais sérios e aí as tomadas de decisão dependem de analisar a viabilidade daquela área de continuar o manejo ou de eliminar o resto daquelas plantas para começar um ciclo novamente”, comenta Savieto.

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No caso de culturas perenes, como frutíferas, os prejuízos têm soluções menos extremas em geral. Fazer uma poda mais drástica eliminando as áreas danificadas costuma ter bons resultados. Além disso, é importante cicatrizar bem os ferimentos ou aberturas na planta. Isso evita com que doenças oportunistas entrem e prejudiquem ainda mais a árvore. Defensivos químicos e biodenfesivos que tenham características cicatrizantes são recomendados pela especialista.

Uma vez que a planta recebe esse tratamento, é hora de estimular a produção vegetativa, isto é, o crescimento dessa parte perdida ou podada. “Nutrientes como nitrogênio, fósforo acabam acelerando o processo vegetativo”, diz Savieto, que também alerta para um acompanhamento técnico nessas situações.

“A planta é como a gente. Ela não consegue absorver todos os nutrientes numa refeição só. Ela precisa de aplicações graduais e, sempre que possível, com um técnico ou agrônomo acompanhando. É importante isso porque, dependendo da fase, você muda o tipo de estímulo, trazendo outros nutrientes como magnésio, enxofre”, conclui. 

Já para as lavouras anuais, essas alternativas de poda e estímulo ao crescimento não funcionam. “Tem que se avaliar com mais critério, porque é a decisão de continuar tocando a área ou então gradear tudo e plantar de novo. É muito da percepção do dano na área”, afirma a agrônoma. Nestes casos, um manejo de prevenção funciona melhor. Por isso, técnicas como o uso da curva de nível ajudam a diminuir os efeitos danosos de uma chuva mais forte.  

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