Opinião

Um outro Brasil

Há um país sensato que faz, que inova, que sua a camisa, que se envolve e que cobra o governo para fazer a sua parte na saúde, na educação, na segurança e no desenvolvimento

Conhecer, desenhar e imaginar o Brasil que queremos é o sonho de todos. Fui expectador atento da história e tive muitas oportunidades de conhecer e estudar outros países. Sinceramente, vejo o nosso país com as lentes da esperança.

Não é ilusão ou utopia. A sensação de que vamos para o abismo, acredito, vem de um olhar enviesado. Os traços mais fortes estão tingidos nas manchetes dos jornais e se baseiam nos absurdos que assistimos e não corrigimos.

Nossos líderes teimam em confirmar a “A Marcha da Insensatez”, de Bárbara W. Tuchman, na qual decisões equivocadas invariavelmente nos levam ao desastre. Nossos representantes nos Três Poderes muitas vezes miram o interesse próprio, sem racionalidade ou bom senso.

São gastos sem planejamento, sem prioridades e sem retorno. Remunerações absurdas e sem critério. Nada pelo bem comum, tudo sem transparência, como se o dinheiro público caísse do céu.

Emendas impositivas para fazer clientelismo, para forçar o executivo a negociar, quase sempre em finalidades dispensáveis ou delituosas. Justiça indolente, venda de sentenças, conluios promíscuos.

Mas é bom destacar, o que se vê não é a regra, nem significa que todos compactuem. Talvez desencantados se omitam, não façam nada, ou muito pouco para corrigir e recuperar a verdade.

A consequência, logicamente, é que esta sinalização do desastre tem reflexos na vida dos cidadãos, das empresas. Gera distorções, sonegação, ganância e tantos outros vícios. O errado pode virar padrão, mas não vira.

Interessante é parar e se dar conta que, mesmo assim, o Brasil anda e a cada dia está diferente, melhor. Você não acredita?

Há um país sensato que faz, que inova, que sua a camisa, que se envolve e que cobra o governo para fazer a sua parte na saúde, na educação, na segurança e no desenvolvimento. Como o poder não faz ou faz pouco, a sociedade civil se desdobra, assume e faz.

Bom saber que não existimos porque há governos. Eles nos balizam, nos tornam peças de um conjunto harmônico, mas não significam a condição primordial para que tudo dê certo.

Fantástico olhar o Brasil real do cotidiano das cidades e dos campos. Se compararmos a fotografia de como era e do que se tornou, certamente ficaremos espantados como conseguimos ainda assim ser tão poderosos.

É porque, apesar de tudo, insistimos em não regredir. Que possamos manter essa força realizadora olhando para o retrovisor apenas para colher as boas experiências, mas nos orientando por um futuro melhor. Ainda depende de nós.