Robôs da Agrishow fazem soldagens, pinturas, aplicam herbicidas e servem café e chopp
Equipamentos programados para fazer as tarefas sozinhos podem ser vistos nos estandes da Yaskawa e da Solinftec
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30/04/2024
Por: Igor Savenhago
Os movimentos são precisos, minimamente planejados. Na Agrishow 2024, em Ribeirão Preto (SP), os robôs pedem passagem. Não apenas para atrair e encantar visitantes, mas para antecipar tendências em todo o cenário agrícola brasileiro. Pelo menos duas empresas apresentam na feira tecnologias autônomas, capazes de executar com maestria o trabalho pesado na terra enquanto os produtores assumem um novo papel: o de gestores de dados que otimizam o desempenho das lavouras.
No estande da Yaskawa, um grupo japonês com fábrica em Diadema (SP), são os robôs que fazem as honras da casa. Um deles prepara e entrega cafezinho a quem visita a empresa. Outro tira copos de chopp. E todos os equipamentos expostos são “vestidos” a caráter, com chapéus comemorativos às cinco décadas de presença da empresa no Brasil.
Especializada em tecnologia robótica para diversos tipos de aplicações, como soldagem, corte e montagem de peças, organização de caixas, gravação de informações escritas e pinturas, a Yaskawa tem ampliado a presença no agronegócio, setor que começou a ser atendido há menos de dez anos.
Segundo Márcio Garcia, diretor de soluções, 20% dos negócios da empresa já são ligados à produção rural, com perspectiva de crescimento acelerado nos próximos anos. Tanto que uma nova unidade está sendo construída em São Bernardo do Campo (SP), com investimentos de R$ 100 milhões.
Garcia explica que a empresa está criando, também, uma divisão específica para atender o segmento agropecuário. “Quando falamos em agronegócio, a robotização tem se mostrado indispensável, por causa do controle de qualidade que promove”, afirma o diretor ao Agro Estadão. Isso porque permite uma padronização da produção e manutenção das peças de acordo com as diretrizes mais rigorosas exigidas pelo mercado.
Os custos para aquisição de um robô da empresa variam de R$ 60 mil, para modelos de manutenção e soldagem, a R$ 500 mil, para os voltados a pinturas. Nesse último caso, especificamente, Garcia afirma que os robôs podem ajudar a reduzir custos, porque espalham melhor as partículas de tinta e reduzem a quantidade aplicada.
Para essa e outras tarefas, basta criar uma animação no computador, ilustrando os procedimentos a serem executados e transferir o arquivo para os robôs, para que sigam exatamente o que foi determinado. “Ainda existe uma certa preocupação de que a robótica vai eliminar empregos. Na minha visão, esse tipo de tecnologia vem para transformar o mundo do trabalho”, conclui Garcia.
Múltiplas tarefas
Transformação é o que promete também a Solinftec quando divulga o Solix, robô que, além de fazer sozinho a distribuição de herbicidas nas lavouras, ajuda no controle de insetos.
Ele é 100% elétrico. Foi lançado há dois anos como alternativa sustentável, já que reduz tanto o volume de produto aplicado quanto a água necessária para fazer a diluição.
Por meio de sistemas de inteligência artificial, o robô identifica os pontos da área cultivada que precisam receber o herbicida e aplicam apenas neles. Ele também tem uma câmera acoplada, que fotografa a plantação e contribui para que o agricultor defina se há necessidade de suplementação de nutrientes, combate a pragas, entre outras funcionalidades. E uma tecnologia de comprimento de ondas na frente, que gera uma luz eficaz para atrair e eliminar insetos adultos.
O Solix começou a ser desenvolvido em 2018, ano em que a Solinftec lançou na Agrishow outro equipamento inteligente, a Alice, que cruzava informações agronômicas e climáticas para responder a dúvidas dos produtores. Com isso, a Solinftec percebeu que havia demanda para novos produtos nessa linha.
O custo para levar o robô para a propriedade rural varia entre R$ 350 mil e R$ 370 mil. A empresa tem 80 unidades dele em funcionamento: 40 no Brasil e 40 nos Estados Unidos. Bruno Pavão, chefe de operações robóticas, diz que a empresa planeja conquistar clientes em outros países, principalmente na América Latina. Isso será feito passo a passo, pensando em cada detalhe. Como os movimentos dos robôs.