Agrishow reúne três dos cinco maiores sistemas de crédito cooperativo do país
Com estimativa de mais de 18 milhões de associados, cooperativas financeiras crescem, em média, 10% ao ano
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29/04/2024
Por: Igor Savenhago
Os visitantes da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), interessados em novidades tecnológicas para modernizar suas propriedades rurais e aumentar a produtividade das lavouras podem contar com o suporte das principais instituições financeiras do país, que oferecem uma gama de linhas de crédito para máquinas, equipamentos, implementos e insumos. Entre elas, três dos cinco maiores sistemas nacionais de crédito cooperativo: Sicredi, Sicoob e Cresol.
O agronegócio é um dos mercados mais relevantes para as cooperativas financeiras. Até o final de março, esse segmento repassou aos produtores rurais brasileiros 17% dos recursos do Plano Safra 2023/2024: foram R$ 54 bilhões, de um total de R$ 319,4 bilhões liberados.
As cooperativas ficam atrás dos bancos públicos, que detêm a fatia de 54%, e dos bancos privados, com 27%, mas, na temporada anterior inteira (2022/2023), ficaram bem próximas da segunda colocação, com R$ 65,6 bilhões garantidos ao agro contra R$ 37,4 bilhões dos privados. Os dados são do Banco Central.
Para a Agrishow, que começou nesta segunda-feira, 29, e vai até sexta, 03, os sistemas cooperativos preparam condições específicas para fechar negócios já nos cinco dias da feira ou para prospectar clientes que querem investir no decorrer do ano.
O que as cooperativas levam para a feira?
Patrocinador oficial do evento, o Sicredi busca consolidar a imagem de parceiro do agro, principalmente dos médios e pequenos produtores, que somam 95% dos cooperados da instituição ligados ao campo. Com mais de 7,5 milhões de membros – sendo 700 mil produtores rurais – e 2,7 mil agências espalhadas pelo país – somente no Estado de São Paulo são 375, desembolsou R$ 42 bilhões nos nove primeiros meses do Plano Safra – quase 78% do montante repassado por todas as cooperativas de crédito.
“Participar da Agrishow é uma oportunidade única para manter a proximidade com o agronegócio e apresentar diversas soluções para os produtores, como consórcios, seguros, linhas de crédito, entre outras. Na feira, temos a oportunidade de ouvir as demandas do setor e oferecer alternativas conforme as necessidades de cada um”, afirma o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Central Sicredi PR/SP/RJ, Gilson Farias.
Já o Sicoob, que tem 7,7 milhões de cooperados – cerca de 500 mil produtores rurais –, marca presença na Agrishow com as 14 cooperativas afiliadas à sua central paulista, que estarão em um estande compartilhado. A Credicitrus, maior cooperativa do sistema, com 169 mil cooperados, montou também uma estrutura própria e espera movimentar R$ 400 milhões, 15% a mais que na edição de 2023.
Como em anos anteriores, as condições promocionais oferecidas na feira começam a ser praticadas antes mesmo do início do evento e se estendem por mais um tempo. Neste ano, o período é de 17 de abril a 28 de junho. “Nossa cooperativa foi criada para atuar, especificamente, com crédito rural. Embora tenha se tornado de livre admissão há cerca de uma década, mantém presença significativa no agro brasileiro: metade dos cooperados é composto pela cadeia do agronegócio”, declara Walmir Segatto, CEO da Credicitrus.
Já a Cresol, que tem 900 mil cooperados, busca, com a presença na Agrishow, se fortalecer na região de Ribeirão Preto, onde expande suas atividades: a cooperativa tem agências em Franca e Sertãozinho e, até o final do ano, prevê inaugurar unidades em Altinópolis e Batatais. Outra expectativa, segundo Cledir Magri, presidente da Cresol Confederação, “é estreitar laços estratégicos com parceiros, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”. Um encontro entre executivos da cooperativa e do banco está programado para esta segunda-feira, 29.
Aumento de associados
As cooperativas de crédito guardam muitas semelhanças com os bancos, disponibilizando, além de dinheiro, investimentos, seguros, consórcios, cartões, entre outros produtos e serviços, mas existem algumas diferenças: uma delas é que, enquanto os resultados financeiros dos bancos ficam nas mãos dos acionistas, nas cooperativas eles são divididos entre os associados – que são considerados donos do negócio – ao final de cada ano, proporcionalmente às movimentações financeiras de cada um.
Para a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), esse é um dos motivos que explicam o crescimento no número de associados. O Anuário do Cooperativismo Brasileiro de 2023, publicado pela OCB, com dados de 2022, informa que mais de 20,5 milhões de brasileiros faziam parte de algum tipo de cooperativa – quase 10% da população –, dos quais 15,5 milhões eram adeptos de instituições de crédito. A estimativa para este ano é que o número já tenha superado 18 milhões. Desde 2019, de acordo com a entidade, o crescimento médio foi de cerca de 10% ao ano.