Agricultura
Fertilizantes: Brasil deve atingir recorde de entregas em 2025
Projeções da Agrinvest, apresentadas no Simpósio Sindiadubos NPK 2025, apontam alta de 1% em relação a 2024, mesmo em cenário desafiador
Redação Agro Estadão
31/10/2025 - 17:26

Mesmo diante de um ano marcado por desafios logísticos e de mercado, o Brasil deve registrar em 2025 o maior volume de entregas de fertilizantes de sua história. A estimativa, divulgada pela Agrinvest durante a 19ª edição do Simpósio Sindiadubos NPK, realizada nesta quinta-feira, 30, em Curitiba, projeta a distribuição de 48,2 milhões de toneladas — crescimento de 1% sobre o total de 2024. O evento reuniu cerca de 1,1 mil participantes de diversos Estados e do exterior.
“Já está consolidado que será um volume recorde de produtos. Ainda falta confirmar alguns dados, mas, neste momento, enxergamos um aumento de 1% em relação a 2024”, afirmou o engenheiro agrônomo Jeferson Souza, analista de fertilizantes da Agrinvest.
Apesar do resultado positivo, o comportamento do mercado foi considerado atípico, segundo Aluisio Schwartz Teixeira, presidente do Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Paraná (Sindiadubos-PR). “Não há dúvida que o volume de fertilizantes entregue vai aumentar este ano, mas houve uma modificação nas importações: os preços vieram subindo paulatinamente e, por questão de custo, com as margens apertadas, o produtor brasileiro comprou produtos com menor concentração de nutrientes, principalmente da China”, explicou.
Teixeira destacou que as exportações chinesas para o Brasil praticamente dobraram em várias categorias: o volume de fertilizantes supersimples saltou de 300 mil para 600 mil toneladas; o de NP (à base de nitrogênio e fósforo), de 900 mil para 2 milhões; e o de sulfato de amônio (com nitrogênio e enxofre) aumentou em 1,5 milhão de toneladas.
De acordo com Souza, da Agrinvest, esse movimento fez o país importar mais produtos menos concentrados, o que exige maior volume total para atender à demanda interna. “Nossa projeção é de queda nas entregas de fósforo. A dúvida é se haverá crescimento em nitrogênio e potássio”, observou. Atualmente, mais de 85% do consumo brasileiro de fertilizantes depende de importações, principalmente da Rússia, China, Canadá e Irã.
Mesmo assim, o analista acredita que a produtividade agrícola não será comprometida. “As doses de P₂O₅ (fósforo) estão menores, mas os solos brasileiros ainda contam com boas reservas acumuladas nos últimos anos”, afirmou.
Gargalos logísticos e inadimplência marcam o ano
O aumento das importações em curto período trouxe impactos diretos à infraestrutura portuária. No Porto de Paranaguá (PR), a intensa movimentação provocou filas de navios e atrasos no descarregamento, com espera média de 60 dias. Esse congestionamento gerou custos adicionais, com demurrage entre US$ 20 e US$ 25 por dia, detalhou o presidente do Sindiadubos-PR.
Além dos problemas logísticos, o setor também enfrentou elevação da inadimplência entre produtores rurais e dificuldades relacionadas às novas regras de frete. Ainda segundo Teixeira, a aplicação de multas por descumprimento da tabela da ANTT aumentou os custos e pressionou a indústria.
Setor mantém otimismo e prevê avanço até 2028
Apesar das dificuldades, a expectativa para os próximos anos permanece positiva. Segundo o dirigente, as empresas continuam ampliando investimentos e abrindo novos polos de produção. “As empresas de fertilizantes continuam investindo forte e abrindo novos polos. Até agora o Brasil não tem sofrido nenhum tipo de sanção comercial, aceita fertilizantes do mundo todo e consegue aumentar a produção de grãos sem desmatamento, em áreas de pastagens degradadas””, destacou.
Com esse ritmo de crescimento, Teixeira acredita que o volume de 50 milhões de toneladas de fertilizantes entregues, projetado inicialmente para 2050, poderá ser alcançado já em 2028.
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