Comigo projeta safra robusta durante lançamento da Tecnoshow 2026

No trajeto entre Goiânia e Rio Verde (GO) — cerca de 230 quilômetros — é possível ter uma ideia de como o clima tem influenciado o início da semeadura da safra 2025/26. Com o solo úmido das leves pancadas de chuvas observadas ao longo do caminho, imagina-se que a chuva não está deixando os agricultores na mão. 

A percepção foi confirmada por Dourivan Cruvinel de Souza, presidente executivo da cooperativa Comigo — Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano. “As chuvas começaram no fim de setembro e os cooperados iniciaram o plantio. Depois, deu uma parada de uns dez dias sem chuva, interrompendo um pouco os trabalhos, mas agora o ritmo já voltou ao normal”, disse em conversa com o Agro Estadão.

Segundo o dirigente da Comigo, se o clima continuar ajudando, a expectativa é repetir ou até superar o bom desempenho da safra passada, quando as lavouras de soja registraram uma média de 70 sacas por hectare. “Vamos torcer para que essa nova safra também seja abençoada e que a gente continue produzindo bem”, destacou o dirigente da maior empresa de Goiás e 5ª maior cooperativa do Brasil. 

Financiamento 

Apesar da confiança com a safra, as dificuldades de crédito rural, que têm intensificado o cenário de inadimplência no campo, não passam despercebidas na Comigo. Nesse contexto, Dourivan aponta, sobretudo, o imbróglio observado entre os cooperados arrendatários. “Quem tem garantia consegue acessar financiamento sem grandes obstáculos, mas o arrendatário está sentindo mais. O custo do arrendamento está muito alto, e com o os juros bancários, pesa bastante na conta”, disse.

Atualmente, a Comigo tem mais de 12,5 mil cooperados, com uma média de ingresso anual de cerca de 1.200 novos cooperados, exigindo um sistema rigoroso de análise de crédito interna. Mesmo assim, casos pontuais de atraso de financiamentos foram verificados. “Nós conhecemos o histórico de cada cooperado, sabemos para quem podemos conceder crédito e para quem não podemos. Tivemos alguns casos pontuais de atraso, mas nada que comprometa a cooperativa”, explicou.

Contagem regressiva para a Tecnoshow 2026

A conversa de Dourivan com o Agro Estadão ocorreu durante o lançamento da Tecnoshow Comigo 2026, realizado na noite de quinta-feira, 30, em Rio Verde (GO) — cidade-sede da cooperativa e onde estão concentradas suas principais unidades industriais. O evento marcou o início da contagem regressiva para mais uma edição de uma das maiores feiras de tecnologia agropecuária do país, marcada para ocorrer entre 06 e 10 de abril do próximo ano.

Durante o lançamento, Antônio Chavaglia, fundador e presidente do Conselho de Administração da Comigo, destacou a importância da feira como vitrine do desenvolvimento tecnológico do agronegócio goiano. 

Segundo ele, a Tecnoshow nasceu com o propósito de difundir conhecimento e aproximar o produtor das soluções mais modernas do campo, e hoje reflete o avanço da agricultura e da pecuária no Centro-Oeste. “Quando olhamos para o que era o agro há 50 anos e o que ele é hoje, vemos uma transformação impressionante. A pesquisa, a tecnologia e o comprometimento do produtor fizeram nossa região atingir um novo patamar”, afirmou.

Novidades 2026

Segundo o diretor de insumos da Comigo e coordenador-geral da Tecnoshow, Cláudio Teoro, a feira de 2026 chega com o compromisso de reforçar a comunicação, ampliar o alcance das inovações e reconhecer o papel da imprensa no fortalecimento da imagem do agronegócio. 

Com esse propósito, durante o lançamento, foi anunciada a criação do Prêmio de Jornalismo Tecnoshow — iniciativa inédita voltada a jornalistas e comunicadores que atuam na cobertura do setor. “A comunicação é essencial para nós. Quando vemos o engajamento dos jornalistas e da imprensa na divulgação do que acontece dentro da feira e no campo, percebemos o quanto esse trabalho é importante para levar a mensagem do agro de Rio Verde para o Brasil e para o mundo”, destacou Teodoro.

No primeiro ano, o Prêmio Tecnoshow terá como tema a Conexão e contemplará quatro categorias: televisão, rádio e podcasts, texto (impresso e digital) e fotografia (também nas duas versões). As premiações em cada categoria somam R$ 20 mil, sendo: R$ 7 mil para o primeiro lugar, R$ 5 mil para o segundo e R$ 3 mil para o terceiro colocado.

A apuração dos resultados contará com o apoio da Agrojor — Rede Brasil de Jornalistas Agro — e da multinacional indiana de agroquímicos, UPL. O regulamento e o formulário de inscrição serão divulgados nos próximos dias nas redes oficiais da Comigo e da Tecnoshow.

Além da novidade voltada à imprensa, Teoro adiantou que a feira contará com uma estrutura ainda mais confortável para expositores e visitantes. A programação técnica será diversificada, com palestras, painéis e vitrines tecnológicas. Os temas vão incluir sustentabilidade, eficiência produtiva, agricultura de precisão e inovação em insumos.

“Mesmo em anos de desafios, nossa equipe realiza a feira com muito empenho. O público encontrará oportunidades de negócio, mas também de aprendizado e troca de experiências”, salientou. 

À reportagem o dirigente informou que “ainda era cedo para falar de expectativa de resultados”, porém, disse esperar que a Tecnoshow 2026 mantenha o ritmo de crescimento das últimas edições. Este ano, a feira movimentou mais de R$ 10 bilhões em negócios e registrou um público recorde de mais de 140 mil visitantes.