Agricultura
Castanhas e nozes tropicais: saúde, sabor e sustentabilidade
Do selênio da castanha-do-pará aos lipídeos do caju: castanhas tropicais são tesouros nutricionais com sabor e sustentabilidade
Redação Agro Estadão*
27/12/2025 - 08:00

As castanhas e nozes são alimentos nativos que oferecem perfis nutricionais únicos, combinando sabores diferenciados com benefícios comprovados para a saúde.
A diversidade encontrada em território nacional abrange desde a tradicional castanha-do-pará amazônica até espécies menos conhecidas como o baru do cerrado, representando verdadeiros tesouros da biodiversidade brasileira.
O universo das castanhas e nozes tropicais
As castanhas e nozes tropicais constituem frutos oleaginosos que se desenvolvem em climas quentes e úmidos, diferenciando-se de outras oleaginosas pela origem geográfica e características específicas. O Brasil abriga espécies únicas mundialmente reconhecidas:
- Castanha-do-pará: exclusiva da região amazônica;
- Castanha-de-caju: predominante no Nordeste brasileiro;
- Macadâmia: adaptada ao cultivo em regiões tropicais e subtropicais;
- Baru: nativo do cerrado brasileiro;
- Licuri: típico da caatinga nordestina.
A região amazônica concentra a produção nacional de castanha-do-pará, com o Amazonas responsável por 37% da produção nacional, segundo dados do IBGE. O Pará mantém posição estratégica no setor, produzindo 9.390 toneladas em 2023, representando valor superior a R$ 31 milhões.
Fatores climáticos específicos determinam a qualidade destes produtos. A castanha-do-pará necessita de umidade elevada e temperaturas consistentemente altas da floresta amazônica.
Por outro lado, o baru adapta-se ao clima semiárido do cerrado, enquanto a castanha-de-caju prospera em regiões com períodos secos bem definidos.
Essas condições ambientais particulares influenciam diretamente a composição nutricional e as características organolépticas dos produtos.
O poder nutricional das castanhas e nozes tropicais

O perfil nutricional das castanhas tropicais revela concentrações significativas de nutrientes essenciais. Segundo dados da Embrapa, a amêndoa da castanha-de-caju apresenta 46% de lipídeos totais, sendo 60% ácido oleico e 21% linoleico. A castanha-do-pará destaca-se pelo teor de selênio, alcançando concentrações de até 1.917 microgramas por 100 gramas.
As gorduras monoinsaturadas predominam na composição, especialmente o ácido oleico, que representa entre 68,2% e 80,4% dos ácidos graxos na castanha-de-caju.
Este perfil favorece a manutenção de níveis adequados de colesterol plasmático, conforme estabelecem diretrizes nutricionais brasileiras.
Proteínas vegetais de alto valor biológico complementam o perfil nutricional. A polpa do baru conservado apresenta teores médios de 8% de proteínas em base seca.
Essas proteínas contêm aminoácidos essenciais oferecendo alternativas nutricionais importantes para dietas diversificadas.
Minerais essenciais concentram-se em quantidades significativas. O selênio na castanha-do-pará atua como antioxidante natural, enquanto magnésio, zinco e cobre participam de processos metabólicos fundamentais.
Vitaminas do complexo B e vitamina E completam o espectro nutricional, proporcionando benefícios antioxidantes adicionais.
Benefícios das castanhas e nozes tropicais
O selênio presente na castanha-do-pará demonstra capacidade antioxidante superior. Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (UFV) revelou propriedades anti-inflamatórias significativas, com mecanismos que combatem o estresse oxidativo.
Estudos indicam que o consumo de duas castanhas diariamente eleva em 65% os níveis séricos de selênio, segundo pesquisa da Universidade de Otago.
Polifenóis e outros compostos bioativos reforçam a ação antioxidante. John e Shahidi demonstraram capacidade antioxidante de 14,04 ± 4,45 μmol ET g⁻¹ na castanha-do-pará, confirmando propriedades protetivas contra radicais livres.
A saúde cardiovascular beneficia-se diretamente do consumo regular. As gorduras insaturadas auxiliam na redução do colesterol LDL e aumento do HDL, contribuindo para a prevenção de doenças cardíacas.
O perfil de ácidos graxos favorece a manutenção da pressão arterial dentro de parâmetros normais.
O selênio é associado à proteção de células nervosas, potencialmente prevenindo doenças neurodegenerativas. A combinação sinérgica entre selênio e vitamina E intensifica os efeitos terapêuticos, oferecendo proteção celular ampliada.
Incorporando castanhas e nozes tropicais na sua dieta diária

A recomendação nutricional estabelece o consumo de uma a duas unidades de castanha-do-pará diariamente, fornecendo quantidade adequada de selênio sem riscos de toxicidade.
Para outras variedades, porções de 20 a 30 gramas atendem às necessidades nutricionais sem exceder o aporte calórico recomendado.
Opções culinárias versáteis facilitam a inclusão regular na alimentação. As castanhas complementam iogurtes naturais, enriquecem granolas caseiras e agregam textura a saladas de folhas verdes.
Em preparações salgadas, funcionam como ingredientes para molhos pesto, farofas regionais e coberturas para peixes grelhados.
A moderação permanece fundamental devido à alta densidade calórica. Uma porção de 30 gramas fornece aproximadamente 200 calorias, devendo ser considerada no planejamento alimentar diário para manter equilíbrio energético adequado.
Alergias e precauções ao consumir castanhas e nozes tropicais
A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) classifica castanhas entre os principais alimentos desencadeadores de reações alérgicas.
As reações manifestam-se rapidamente, geralmente entre minutos e duas horas após a ingestão, podendo variar de sintomas leves até anafilaxia severa.
A rotulagem de alimentos processados exige atenção especial. A ANVISA determina a declaração obrigatória da presença de castanhas em produtos industrializados, facilitando a identificação por consumidores sensibilizados.
Pessoas com histórico familiar de alergias alimentares devem buscar orientação médica antes da introdução regular destes alimentos. Testes específicos permitem identificar sensibilizações antes do desenvolvimento de reações adversas.
O cultivo e extrativismo sustentável das castanhas tropicais representam oportunidades concretas para a valorização da biodiversidade brasileira. Na Amazônia, o extrativismo da castanha-do-pará gera renda para milhares de famílias, incentivando a conservação florestal.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
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