Tecnologias inclusivas e com benefícios visíveis para o produtor rural também foram temas do evento
Um dos assuntos tratados na World Agri-Tech South America, que aconteceu esta semana, em São Paulo, foi a necessidade de criação de metodologias próprias para medir o quão sustentável é a agricultura tropical. Quem deu mais detalhes sobre o tema foi a presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Silvia Massruhá. Na avaliação dela, apesar dos agentes do mercado interno saberem que o Brasil tem práticas sustentáveis, é preciso mostrar os números, os resultados.
“Com tudo aquilo que a gente desenvolveu sobre agricultura tropical, nós temos muitos dados e informações e a gente tem que usar isso para auxiliar na tomada de decisões em todos os níveis da agricultura”, disse durante a participação no evento.
Ao Agro Estadão, Massruhá explicou que os 50 anos da Embrapa deram expertise ao Brasil para criar as referências na temática de agricultura de baixo carbono. Além disso, a percepção é de que não se pode medir usando a régua da agricultura de clima temperado.
“A gente foi desenvolvendo cultivares mais adequadas a nosso tipo de clima e solo, e conseguimos hoje comparar, acompanhar e ver os protocolos mais sustentáveis usados nos sistemas de produção. E a gente precisa usar isso como parâmetro para a agricultura tropical, porque muitas vezes, lá fora, nos países de clima temperado, eles têm uma visão de clima temperado e os parâmetros e referências são outros”, reforçou a presidente do órgão de pesquisa.
Nessa direção, a Embrapa já desenvolve, desde 2023, o Projeto Integra Carbono. Essa plataforma de informação reúne vários tipos de cadeias produtivas, de sistemas de produção e das práticas sustentáveis que foram utilizadas na agricultura brasileira. A ideia é que a partir disso se crie um arcabouço de protocolos que dão segurança para desenvolver uma agropecuária baixa ou neutra em emissão de gases do efeito estufa.
“Isso vai servir para que a gente possa ter indicadores e métricas como referências na agricultura tropical”, completou Massruhá.
Outro tema que foi debatido durante o evento foi a aplicação da tecnologia no campo. Na visão de algumas empresas, hoje é necessário que a tecnologia seja de fato útil ao agricultor e também inclusiva. O CEO da Ciarama Máquinas John Deere, Renato Seraphim, disse que a proposta que tem levado para dentro da empresa é simplificar, tornar mais acessível essas tecnologias, assim como o produtor já utiliza o whatsapp como suporte no dia a dia.
“O que eu proponho para o meu time é tornar mais simples para o produtor”, ressaltou Seraphim durante o painel.
Também falando sobre tecnologias mais assertivas, o diretor de Digital da BASF na América Latina, Almir Araújo, disse que a discussão deve levar em conta a “proposta de valor” para o produtor. Um produto ou tecnologia sem um resultado prático palpável, não deve ter muito sucesso.
“O agricultor só vai perceber essa proposta de valor de fato se ele ver o resultado na prática. E esse precisa estar ligado com o retorno de investimento também pra ele. Porque ele faz investimento na tecnologia, né? Então ele precisa saber”, ressaltou ao Agro Estadão.
Na perspectiva das fazendas inteligentes, o diretor da AGCO na América do Sul, Rodrigo Junqueira, expressou o que ele entende ser necessário para avançar nessa direção. “Precisamos desenvolver uma tecnologia de agricultura inteligente que ajude a integrar a frota do agricultor independentemente da marca”, afirmou.
*Jornalista viajou a convite da BASF
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