Inovação
Pulverização localizada protege lavouras com mais eficiência
Tecnologia aplica defensivos somente nas plantas daninhas, reduzindo custos e causando menos impacto ambiental
3 minutos de leitura 07/02/2024 - 06:06
Por: Da Redação
Uma das maiores dificuldades do produtor brasileiro é o manejo das ervas daninhas resistentes ao uso de herbicidas, que prejudica as plantações e provoca perdas na hora da colheita. Para ajudar a resolver esse problema, uma tecnologia desenvolvida na Holanda tem se mostrado importante aliada da lavoura: a pulverização localizada, também chamada de pulverização seletiva.
A técnica consiste em um sistema de sensores instalados na barra de pulverizadores agrícolas. Esses aparelhos fazem a leitura do solo e identificam as plantas daninhas, aplicando o defensivo no alvo certo e em tempo real.
Relatos dos produtores comprovam os benefícios da pulverização localizada. A tecnologia alivia os impactos ambientais e reduz custos, uma vez que a diminuição do consumo dos defensivos agrícolas chega a níveis de 80% a 90%.
Um exemplo ilustra bem a eficiência do sistema: na pulverização convencional, 3 mil litros de herbicida eram aplicados para cobrir uma área de aproximadamente 30 hectares. Com a pulverização localizada, a mesma quantidade é capaz de abranger nada menos que 500 hectares. Ou seja, hoje, a proteção das lavouras passa a ser maior e melhor com menos produtos.
Mais com menos
Algumas empresas oferecem a tecnologia da pulverização localizada no Brasil, entre elas, a Trimble, a Smart Sensing e a Eirene Solutions.
Os processos do trabalho são bem parecidos. Batizado de WeedSeeker (na tradução, caçador de ervas daninhas), o sistema da Trimble possui um painel instalado dentro da cabine, que é controlado pelo operador. Dali, ele pode calibrar os 10 níveis de regulagem dos sensores durante a operação de campo. Os sensores são instalados com espaço de 38 centímetros entre um e outro e emitem um feixe de luz infravermelha.
O raio de luz consegue fazer a diferenciação da cultura infestada pela erva daninha e envia o sinal para o bico mais próximo, que dispara o jato do produto, trazendo mais eficiência operacional. Os sensores trabalham em uma altura que varia de 60 centímetros a um metro, gerando maior flexibilidade da oscilação da barra durante a operação.
Outra empresa é a Smart Sensing, sediada em Piracicaba (SP), que criou o Weed-it. Ele também usa um conjunto de sensores, que identifica as plantas comprometidas por meio de emissão de uma luz de alta intensidade. Cada sensor cobre um metro de largura e faz 40 mil leituras por segundo.
Segundo a companhia, o sistema identifica as plantas através da clorofila e, em frações de segundo, os bicos aplicam o produto somente no ponto necessário. O Weed-it pode ser utilizado a qualquer hora do dia e com a pulverizadora se movimentando a até 25 km/h. O ajuste automático de vazão do herbicida acontece de acordo com a velocidade da máquina.
Fatores que oneram as lavouras
Já a Eirene Solutions, empresa especializada em tecnologias sustentáveis para o agronegócio, criou o SaveFarm, resultado da união de modernas tecnologias de inteligência artificial e de sensores ópticos de alta resolução.
De acordo com a Eirene, a proliferação de plantas daninhas nas lavouras e o aumento da resistência a herbicidas são fatores que oneram o segmento agrícola em tempo, recursos financeiros e capacidade de gestão ambiental.
Pensando nisso, ela desenvolveu o sistema inteligente, que vai acoplado ao bico de pulverização e se vale da visão computacional e de algoritmos para detectar as plantas daninhas, colocando em prática a pulverização.
O SaveFarm pode ser instalado em qualquer pulverizador e, ao fazer a leitura do solo, detecta a presença das plantas, faz o acionamento mais assertivo do jato — somente em cima da erva daninha — e depois é desligado automaticamente.
Outra característica do SaveFarm é que, por ter válvulas PWM, o sistema pulveriza uma taxa mínima em área total, com uma dose parcial do defensivo. Ao detectar a existência de uma planta, ele aciona o jato com a taxa máxima (dose total) e, posteriormente, volta a aplicar a dose parcial.
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