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Novas cultivares de arroz podem elevar a produtividade em até 20% em Alagoas

Testadas pela Embrapa no Baixo São Francisco, atingiram produtividade de 16 ton/ha, reduzindo custos com fertilizantes

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Paloma Custódio | Brasília

20/02/2025 - 08:00

Experimento é parte do programa Alagoas Mais Arroz, em parceria com a Embrapa - Foto: Tatiane Bastos/Ascom Seagri/Divulgação
Experimento é parte do programa Alagoas Mais Arroz, em parceria com a Embrapa - Foto: Tatiane Bastos/Ascom Seagri/Divulgação

Três novas variedades de arroz testadas na região do Baixo São Francisco apresentaram resultados positivos na parcela demonstrativa instalada no município de Igreja Nova, em Alagoas. O experimento é realizado em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão (GO), como parte do programa Alagoas Mais Arroz. Durante visita técnica, foi observado que a produtividade de arroz da variedade BRS 705, em casca, chegou a 16 ton/ha. A produção registrada na região é de 12 ton/ha, com média de 9 ton/ha. 

Ao Agro Estadão, o pesquisador líder do Programa de Melhoramento de Arroz da Embrapa, José Manoel Colombari Filho, diz que a expectativa é aumentar em 20% a produtividade média de grãos da região, conforme demonstrado ser possível após a colheita da lavoura experimental. Se confirmado, “a adoção dessas novas cultivares tem um impacto significativo na segurança alimentar e na economia local, especialmente considerando que o estado de Alagoas produz apenas 13% do arroz que consome”.

A BRS A705 se destaca pelo ciclo de maturação significativamente mais curto (de 15 a 20 dias em relação às demais cultivares), permitindo dois cultivos em uma única safra agrícola. O pesquisador da Embrapa explica que essa característica também possibilita comercializar os grãos no período de melhores preços nacionais, geralmente entre dezembro e janeiro. Além disso, a BRS A705 apresenta resistência genética às principais doenças da cultura, como a brusone, reduzindo a necessidade de aplicações de fungicidas. 

As outras duas cultivares testadas são a BRS A704 e BRS A706 CL. A primeira se destaca pela resistência genética às doenças mais comuns da cultura e pelo alto potencial produtivo. Já a BRS A706 CL é amplamente adotada na região, sendo valorizada por incorporar a tecnologia Clearfield®, o que permite um controle mais eficiente de plantas daninhas, com o uso de um único herbicida de ação total.

José Manoel Colombari afirma que as três novas cultivares representam avanços significativos em produtividade quando comparadas à cultivar predominante na região, a BRS Catiana, lançada em 2016. “No aspecto agronômico, essas cultivares possuem maior tolerância ao acamamento, fator essencial para minimizar perdas diante do aumento de eventos climáticos extremos, como chuvas intensas, que afetaram a região na última safra”.

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Qualidade dos grãos

Segundo o pesquisador, o melhoramento genético da Embrapa visa não apenas aumentar a produtividade, mas elevar a qualidade dos grãos e a sustentabilidade da produção. “Essas cultivares apresentam grãos com maior translucidez e brancura, atendendo uma forte demanda da indústria de beneficiamento local, que deseja ter uma maior oferta de matéria-prima de melhor qualidade para a obtenção de arroz ‘tipo 1’, em vez do ‘tipo 2’”, destaca.

Na lavoura experimental de Igreja Nova, a BRS A705 apresentou índices de 66% de grãos inteiros e 72% de rendimento, superando os padrões regionais, que atualmente são de 55% e 70%, respectivamente. “No aspecto nutricional, há planos para introduzir cultivares especiais na próxima safra, como arrozes coloridos, considerados alimentos funcionais, agregando valor ao produto e aumentando a rentabilidade dos pequenos produtores em nichos de mercado que poderão ser associados ao turismo local”, conta Colombari.

Impacto socioeconômico

A Secretaria Estadual da Agricultura de Alagoas (Seagri) informou à reportagem que esse projeto, assim como outras estratégias do programa Alagoas Mais Arroz, apresenta diversas vantagens ao setor arrozeiro do estado, incluindo a elevação da capacidade produtiva, aumento da renda, promoção da segurança alimentar e nutricional, acesso ampliado às políticas públicas e a melhoria da qualidade de vida dos produtores.

Um dos beneficiados é o produtor rural Lindomar Bispo, que cedeu a propriedade no Povoado Ipiranga, em Igreja Nova, para a implantação do experimento. Ao Agro Estadão, ele contou que a principal diferença dessas cultivares é a menor necessidade de fertilizantes, o que contribuiu para a redução dos custos de produção.

Lindomar também destacou a importância das orientações dos técnicos da Embrapa para fazer o manejo correto das variedades de arroz. “[Ensinaram sobre] a importância do nivelamento do solo onde iremos plantar qualquer cultivar; o nível de água durante todo o ciclo; fazer as adubações na hora certa e, principalmente, monitorar a lavoura todos os dias para evitar algum tipo de praga”.

Para José Manoel Colombari, “a manutenção da lavoura experimental como ferramenta de capacitação continuada tem sido essencial para a adaptação prática das tecnologias, garantindo um feedback dinâmico para a evolução sustentável da produção na região”.

Perguntada sobre quando os produtores terão acesso às cultivares BRS A704, BRS A705 e BRS A706 CL, a Seagri explica que, “nos próximos meses, os resultados dos trabalhos que estão acontecendo atualmente irão responder esse questionamento. O Governo de Alagoas já realiza incentivos fiscais que favorecem o setor da rizicultura, como o decreto nº 91.345 de 26 de maio de 2023, que garante apoio à industrialização e ao fomento da produção de arroz, o qual concede incentivo às indústrias situadas no estado”.

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