Entidade vê tendências em soluções para o produtor rural e aponta quais devem ter impacto no Agro
Cerca de 160 startups participam da primeira etapa do Programa de Impulsionamento de Startups do Agro. Após passarem por um processo de seleção para entrarem no programa, nesta terça, 20, elas participaram de uma live para recepcionar e ambientar as empresas de inovação. O diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Bruno Lucchi, abordou as oportunidades e desafios do agronegócio brasileiro.
“[Vamos falar] como vocês podem nos trazer soluções e aliviar essa caminhada dos produtores rurais que é bem árdua. Pese nós sermos uma potência, não é fácil o produtor se manter na atividade de forma competitiva”, introduziu Lucchi.
O diretor dividiu os principais gargalos para se encontrar alternativas em quatro campos:
As startups poderão desenvolver até três projetos pilotos com todos os custos pagos pela CNA. Além disso, aquelas que concluírem a trilha de impulsionamento poderão participar de um evento para apresentar seus projetos e empresas para produtores rurais e investidores. Segundo a CNA, esse processo iniciado em meados de agosto vai até o dia 4 de outubro.
Um dos pontos abordados por Luchi foi a piscicultura brasileira. Na visão do representante da CNA, o peixe “é uma das proteínas no Brasil que pode ter uma expansão tão grande como frango, suíno e bovino”. No entanto, a perspectiva é de que há alguns pontos para serem avançados como dar mais celeridade no melhoramento genético dos peixes nativos e também o desenvolvimento de rações mais adaptadas a esses peixes.
Outro ponto foi a rastreabilidade bovina. “É uma tecnologia que a gente tem trabalhado, associado à parte de regulamentação, em buscar uma norma exequível, e que [exige uma] tecnologia que venha para somar e não para travar o processo”, afirmou.
Ainda nessa questão do desenvolvimento de tecnologias, a CNA vem trabalhando para que se possa desenvolver uma máquina para classificar os grãos de soja. Atualmente, essa classificação é feita de forma manual e subjetiva, de acordo com Lucchi, e a ideia é tornar o processo mais objetivo.
Apesar de alguns dos principais produtos agropecuários brasileiros, como soja e milho, se beneficiarem de um mercado futuro, essa não é a dinâmica de negociação de boa parte do que é produzido no Brasil. A intenção da CNA é que haja um desenvolvimento dessa base de troca para trazer mais estabilidade aos produtores que não estão incluídos no grupo das commodities, como feijão e leite.
“Leite, por exemplo. Se tivesse um mercado futuro poderia diminuir muito essa volatilidade que o produtor tem de preço e essa gestão no escuro, que alguns deles têm dificuldade de fazer”, disse Luchi.
Outro tema abordado foi a implementação do Código Florestal. Segundo dados do ano passado apresentados pelo diretor, menos de 2% dos Cadastros Ambientais Rurais (CAR) já foram validados. A demora nesse processo causa prejuízos ao produtor e há uma carência de iniciativas que sejam viáveis para a execução dessas análises e validações.
“O produtor fez sua parte, mas os estados não. Porque a gente bate tanto nessa tecla de que a principal política ambiental do país hoje tem que ser essa validação do CAR? Porque se o produtor quer recuperar a área, ele não pode fazer sozinho se não tiver o CAR validado; se o produtor for embargado, ele não pode sair do embargo sem ter o CAR validado; se o produtor quer comercializar uma cota de reserva legal [caso tenha excesso de reserva legal], ele não pode fazer se não tiver o CAR validado. Então, toda a política do Código Florestal passa pelo CAR analisado e validado”, enfatizou o diretor.
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