Com uso intensivo de tecnologia, família gaúcha produz 20,5 toneladas por hectare e vencem concurso nacional
Em Palmeira das Missões, no Noroeste do Rio Grande do Sul, uma família de agricultores conquistou um feito inédito: os irmãos Binsfeld alcançaram 343,1 sacas de milho por hectare na última safra, batendo o recorde nacional de produtividade.
A lavoura irrigada produziu 20.577 quilos por hectare — mais que o dobro da média do país, estimada em 95 sacas por hectare. A conquista e a história da família mostram que tecnologia, dedicação e conhecimento técnico podem transformar a realidade no campo. “Sempre quis trabalhar na propriedade da família. Sempre foi um desejo meu estudar e depois voltar pra dentro da propriedade para agregar o conhecimento que eu estava buscando fora”, contou José Adolfo, um dos proprietários e integrante da família Binsfeld.
O irmão dele, Dimas Binsfeld, explica que o desempenho histórico da família foi possível graças a um manejo preciso, que envolveu sementes de alta performance, análises minuciosas do solo, nutrição personalizada, monitoramento constante e irrigação sob medida. A boa resposta do clima completou o cenário ideal.
A Agrícola Binsfeld alcançou o primeiro lugar da categoria Irrigado, regional e nacionalmente, do concurso promovido pelo Grupo de Estratégias e Tecnologia para Alta Produtividade (Getap) para a safra verão 2024/2025. “Esperamos que este seja apenas o primeiro de muitos anos em que possamos participar e conquistar bons resultados”, projeta Dimas.
Segundo ele, 40% da área da propriedade é irrigada por meio de pivôs centrais. “Tem despesas, manutenções, como qualquer outro investimento, qualquer outro equipamento tem, mas a irrigação é uma segurança”, disse.
Na avaliação de Anderson Galvão, a tecnologia é a maior responsável pela elevação da produtividade. Ele explica que a adoção de sementes com alta tecnologia genética e biotecnológica tem sido o ponto de partida de um ciclo virtuoso na agricultura brasileira. “Ao investir em sementes mais caras e de alto valor agregado, o agricultor tende a melhorar também o solo, a nutrição e o manejo da lavoura — o que inclui o uso de insumos biológicos e defensivos de forma mais eficiente”, disse.
Segundo o CEO, essa mudança de mentalidade levou a um salto expressivo de produtividade em culturas como soja, milho e algodão. Segundo ele, a genética é o gatilho, mas seu sucesso depende de uma série de decisões bem executadas ao longo do processo produtivo. Sem isso, “é como comprar uma Ferrari e não abastecer”, comparou.
A maior prova disso, de acordo com o especialista, é que os maiores índices de produtividade do concurso estão no Sul do país. Na categoria de cultura irrigada, por exemplo, os 15 primeiros colocados são do Rio Grande do Sul — estado brasileiro mais atingido nos últimos anos por desastres climáticos.
“Para mim, a explicação do sucesso da agricultura brasileira — inclusive diante das incertezas climáticas — está, única e exclusivamente, no conjunto de tecnologias adotadas: genética, nutrição, proteção de cultivos, equipamentos e gestão. Não existe bala de prata. Não adianta ter uma genética excelente sem uma boa nutrição, nem uma nutrição eficiente sem um bom manejo de cultivo. Tudo precisa estar integrado.”
O prêmio contou com 390 inscritos de oito estados, que concorreram nas categorias sequeiro e irrigado, de forma regionalizada. A iniciativa busca incentivar boas práticas agrícolas e elevar o potencial produtivo do país.
Para Anderson Galvão, idealizador do projeto Getap e CEO da Céleres Consult, o resultado obtido pelos irmãos Binsfeld é uma evidência clara do potencial produtivo que há nas diferentes regiões do Brasil. “É uma produtividade padrão Wired, Estados Unidos. E, se eu for para o sequeiro, o ganhador na categoria sequeiro, de Candói, no Paraná, colheu 330 sacas de milho por hectare também, praticamente 19 toneladas de milho por hectare”.
Campeão Nacional Irrigado: Agrícola Binsfeld – Palmeira das Missões (RS)
Produtividade: 343,1 sc/ha (Recorde nacional)
Campeão Sequeiro: Jamil Samara – Pastos Bons (MA)
Produtividade: 272,7 sc/ha
Campeão Sequeiro: Cláudio Okada – Madre de Deus de Minas (MG)
Produtividade: 300,1 sc/ha
Campeão Irrigado: Alexandre Vallim – Três Corações (MG)
Produtividade: 264,1 sc/ha
Campeão Nacional Sequeiro: Ernest Milla (Agrícola Candói) – Candói (PR)
Produtividade: 330,9 sc/ha
*Com informações da Getap.