Segundo a Embrapa, a cultura apresenta estabilidade produtiva, tolerância a veranicos e menor exigência hídrica
O sorgo granífero tem se mostrado uma alternativa viável para a segunda safra no Mato Grosso do Sul, principalmente em regiões com restrições hídricas. De acordo com informações da Embrapa, a cultura se destaca por sua estabilidade produtiva, tolerância a veranicos (períodos curtos de estiagem) e menor exigência hídrica, características que favorecem seu cultivo em áreas com menor aptidão para o milho.
Segundo Frederico Botelho, engenheiro agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo, há uma demanda crescente de sorgo para produção de etanol. “Com a chegada da indústria e do mercado, esta é mais uma oportunidade para fomentar a cultura”, afirmou. Ainda segundo ele, o sorgo também se diferencia por não ser hospedeiro da cigarrinha, vetor do complexo de enfezamento que afeta o milho.
Entre os atributos agronômicos da cultura destacados por Frederico Botelho, estão o sistema radicular profundo e eficiente, que permite à planta explorar melhor a umidade e os nutrientes do solo, conferindo maior tolerância à seca e contribuindo para a estabilidade produtiva. Além disso, a cultura produz um elevado volume de palhada, o que favorece o Sistema Plantio Direto, ao proteger o solo contra erosão, conservar a umidade e dificultar a emergência de plantas daninhas.
Outra vantagem, segundo o engenheiro, é o aproveitamento da rebrota após a colheita, permitindo o uso da mesma área para produção adicional ou pastejo, o que amplia a eficiência do sistema produtivo. Botelho também ressaltou que algumas cultivares de sorgo apresentam baixo fator de reprodução para determinadas espécies de nematoides, auxiliando no manejo fitossanitário ao reduzir a pressão desses organismos no solo para culturas subsequentes.
A pesquisadora Simone Mendes, da Embrapa, destacou que o sorgo, por ser cultivado após a soja, exige atenção ao monitoramento de pragas como a lagarta-do-cartucho e o pulgão Melanaphis sorghi. “O controle no momento certo garante a eficiência do manejo”, afirmou. Ela ressaltou ainda a importância do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para o planejamento adequado da lavoura.