PUBLICIDADE

Economia

Prejuízo com suspensão das exportações de frango ainda não pode ser mensurado, diz ABPA

Com mercados suspensos e alta no preço do milho, economistas projetam rentabilidade negativa em 2025 e pressão nas cotações domésticas

Nome Colunistas

Paloma Custódio | Guaxupé (MG) | paloma.custodio@estadao.com

20/05/2025 - 11:14

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirmou que ainda não é possível mensurar os prejuízos causados pela suspensão temporária das exportações de frango do Brasil, em decorrência da confirmação de casos de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul.

“[O prejuízo] não pode ser mensurado, porque uma parte das exportações vai ser redirecionada para outros mercados. O que não for vendido para a China, por exemplo, vai ser vendido provavelmente para a produção de farinhas para uso em pet food”, disse ao Agro Estadão.

CONTEÚDO PATROCINADO

Ele destacou que alguns países que haviam adotado embargos totais às importações brasileiras já estão revendo suas posições, como a África do Sul, por exemplo. “Já tivemos notícias de mercados que estavam fechados para o Brasil inteiro e agora estão colocando [o embargo] só para o estado do Rio Grande do Sul, como Cuba, Bahrein e Reino Unido”, acrescentou.

Apesar disso, Santin admite que o setor terá perdas. “Vai ser necessário mudar a logística. Já houve perda de navios, haverá custos adicionais com armazenamento. Mas não há ainda uma quantificação exata desse prejuízo, porque tudo é muito variável”, explicou.

Perdas podem chegar a US$ 1 bilhão, estima economista

Para o economista Fábio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores, as perdas do setor avícola brasileiro com a suspensão das exportações podem variar entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão — o equivalente a cerca de um mês de receita do setor, que somou US$ 9,93 bilhões em 2024, segundo dados da ABPA.

PUBLICIDADE

Ao Agro Estadão, Silveira destaca que, além do impacto direto da interrupção nas exportações, o aumento de 20% no preço do milho em 2025 — principal insumo da alimentação das aves — deve agravar ainda mais o cenário. “É um ano para esquecer, para operar com rentabilidade negativa”, avalia o economista.

Mercado interno pode sentir os efeitos

Com a suspensão dos embarques, o economista projeta que parte da produção será direcionada ao mercado interno, o que deve exercer pressão sobre os preços. “O preço vai diminuir de 5% a 10%, em função dos não embarques de produtos que vão ser revertidos e canalizados no mercado doméstico”, afirma Silveira.

No entanto, o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), ressalta que os produtores devem agir com racionalidade diante da nova conjuntura. “Um excesso de oferta pode provocar uma queda abrupta nos preços, o que não cobre os custos de produção”, explica. 

Segundo Braz, caso o cenário se mantenha desfavorável para exportações, a tendência é que os avicultores reduzam a criação de aves para dimensionar a produção à nova demanda e limitar as quedas nos preços.

O ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, avalia que os preços da proteína de frango não devem cair de patamar no Brasil — conforme mostrou a reportagem do Agro Estadão. “A experiência adquirida no caso [da doença] de Newcastle no ano passado, os preços não baixaram tanto”, disse o ministro ao relembrar a detecção de um caso de outra doença respiratória ocorrido no ano passado em Anta Gorda (RS). 

Reversão do cenário de maneira célere é fundamental

O economista Fábio Silveira destaca que os próximos 30 a 45 dias serão decisivos para o Brasil reverter os impactos da suspensão das exportações de carne de frango. Segundo ele, é fundamental que o governo e o setor produtivo atuem com máxima transparência e agilidade na contenção dos focos de gripe aviária.

“Quanto mais transparente for o processo de identificação e controle dos focos, melhor será a percepção do mercado externo. Porque será possível fazer um relatório internacional dizendo: ‘havia foco A, B e C, mas eles já estão sob controle’”, recomenda Silveira.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Secretária dos EUA exalta qualidade da soja americana após veto da China ao Brasil

Economia

Secretária dos EUA exalta qualidade da soja americana após veto da China ao Brasil

Em reunião com Trump, Brooke Rollins disse que a soja dos EUA é “a de melhor qualidade do mundo”, ao comentar o veto chinês a exportadores do Brasil

Banco do Brasil usa tecnologia para antecipar risco e evitar calotes no agro

Economia

Banco do Brasil usa tecnologia para antecipar risco e evitar calotes no agro

Cerca de 83 mil produtores estão sendo notificados pelo banco para renegociar dívidas, que tenta antecipar problemas com tecnologia e uma comunicação ativa

EUA: confiança dos produtores rurais sobe em novembro

Economia

EUA: confiança dos produtores rurais sobe em novembro

O levantamento mensal apontou 139 pontos, 10 a mais na comparação com outubro e a maior leitura desde junho deste ano

Agro projeta perdas de R$ 173 milhões com novas demarcações indígenas em MT

Economia

Agro projeta perdas de R$ 173 milhões com novas demarcações indígenas em MT

Imea estima impacto sobre produção, emprego e arrecadação nos municípios que terão áreas destinadas a novos territórios

PUBLICIDADE

Economia

China se torna o principal fornecedor de fertilizantes ao Brasil

Segundo dados do MDIC complicados pela CNA, essa é a primeira vez que os volumes comprados dos chineses ultrapassam os da Rússia

Economia

PR: Toledo terá usina de etanol de milho com investimento de R$ 1,18 bilhão

Instalação terá 60 hectares, com projeto que prevê produção de anidro, hidratado e derivados do milho

Economia

Mercado de fertilizantes cresce menos este ano, mas projeta alta em 2026

Com MAP e ureia perdendo espaço, Yara Fertilizantes chama atenção para produtos com baixa solubilidade e espera recuperação da demanda em 2026

Economia

Após ciclos de déficits, cacau deverá ter superávit em 2024/2025

Em contraste com a projeção de alta produção, moagens devem recuar 4,3%, com margens industriais pressionadas

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.