Economia

Preço do leite ao produtor segue em alta

Baixa oferta no campo explica quinta alta consecutiva no preço médio do litro

O preço médio do leite pago ao produtor subiu 4,1% em março, chegando a R$ 2,32 por litro, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Esta é a quinta alta consecutiva no valor. Com esse resultado, o preço ao produtor acumula valorização real de 12,9% no primeiro trimestre deste ano, refletindo a baixa oferta no campo. Porém, quando considerada a média para os mesmos primeiros três meses do ano, o preço ao produtor está 21,7% inferior ao igual intervalo de 2023.

A limitação da produção observada reflete o clima de seca e altas temperaturas e a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. 

Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de março/2024). Fonte: Cepea

Captação

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea seguiu em queda. O recuo registrado foi de 2,5% de fevereiro para março. No acumulado do primeiro trimestre, a captação diminuiu 7,5%. Esse contexto reforça a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

Derivados Lácteos

Na ponta final da cadeia, a valorização do leite cru não foi repassada na mesma intensidade para o preço dos derivados lácteos. Segundo pesquisas do Cepea, as cotações do leite UHT e do queijo muçarela no atacado do Estado de São Paulo subiram 3,9% e 0,3% em março, respectivamente. Agentes de mercado relatam consumo ainda retraído, de modo que os canais de distribuição pressionam a indústria por valores mais baixos.

Ainda assim, a média dos lácteos no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período do ano passado registra queda menor que a verificada para o preço pago ao produtor. De janeiro a março, a baixa real nos valores do UHT e também da muçarela foi de 10,4%.

Importações

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para agentes do mercado. Embora as compras externas de lácteos estejam em queda, o volume internalizado neste ano ainda supera o do ano passado. 

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que, em março, as importações caíram 3,3% frente a fevereiro. Porém, essa quantidade ainda é 14,4% superior que a do mesmo período do ano passado. Considerando-se o primeiro trimestre do ano, as aquisições somaram quase 577,5 milhões de litros, 10,4% acima do registrado nos três primeiros meses de 2023. 

Nesse contexto, a expectativa de agentes de mercado é que o ritmo de valorização do produto ao pecuarista perca força em abril.