Economia
Perdas em lavouras do RS podem chegar a 100% em algumas regiões, aponta Emater
Soja, milho e feijão 2ª safra foram culturas mais afetadas; Estima-se que mais de 50% da produção não está sendo escoada

Sabrina Nascimento
10/05/2024 - 14:57

As chuvas torrenciais que atingiram o Rio Grande do Sul entre o final de abril e o início de maio comprometeram a produção agropecuária do estado. Os danos mais significativos são nas culturas da soja, do milho e do feijão 2ª safra.
O informativo conjuntural da Emater/RS divulgado na quinta-feira, 09, também aponta perdas drásticas na produção de hortifrutigranjeiros. Ainda há danos nas pastagens, mortes de animais e a interrupção da produção leiteira.
Ao Agro Estadão, o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera informou que os levantamentos dos prejuízos municipais já estão sendo realizados, porém, “levará ao menos três semanas para que as equipes possam percorrer as regiões”.
Somente depois da coleta de dados é que será possível ter noção real das perdas. “Algumas lavouras não serão colhidas e onde houver colheita, terá prejuízos de qualidade”, diz Baldissera.
Acompanhe os detalhes do relatório para cada cultura:
Soja
A cultura estava em ritmo final do ciclo, com 76% da colheita finalizada. As produtividades eram “consideradas satisfatórias, chegando a picos excelentes de 5.400 kg/ha, ou à produção mediana, próxima a 3.000 kg/ha”. No entanto, as chuvas interromperam o avanço dos trabalhos.
Agora, “a perspectiva da operação para as áreas restantes (24%) mudou abruptamente, e as perdas de produção serão elevadas, podendo atingir até 100% das áreas remanescentes.”
“A qualidade dos grãos retirados de lavouras maduras, que estiveram sob chuva durante vários dias, está inapropriada, e muitas não serão colhidas pela inviabilidade econômica”, destaca o informativo da Emater-RS.
Milho
Em decorrência das chuvas, os trabalhos de colheita foram interrompidos, atingindo 86% da área cultivada. Em algumas regiões, as perdas “chegaram a 100%, em algumas lavouras”, como é o caso de Lajeado e Caxias do Sul, municípios gravemente atingidos pelos temporais.
Cenário similar é observado em Santa Maria, onde ”mais de 72% da área cultivada foi colhida, apresentando produtividade média de 4.752 kg/ha”. No entanto, “as lavouras que não foram colhidas antes da enchente deverão apresentar perdas próximas a 100%”. Durante a trégua das chuvas, “nas poucas oportunidades de colheita, a cultura da soja foi priorizada.”
Feijão 2ª safra
As lavouras estavam se desenvolvendo normalmente em razão das condições climáticas adequadas. Porém, os altos volumes de precipitação suspenderam os tratos culturais. Assim, “o elevado volume pluviométrico e a umidade atmosférica, ocorridos no período, comprometeram a qualidade dos grãos nas lavouras em estágio de maturação.”
Em Frederico Westphalen, região acompanhada pela Emater, o feijão 2ª safra “foi severamente afetado pelas intensas precipitações, resultando em perdas expressivas na produtividade, podendo ultrapassar 40%. Há a possibilidade de agravamento dessas perdas, caso as previsões de mais chuvas, nos próximos dias, se confirmem”, diz a nota.
Arroz
Além da interrupção dos trabalhos, o cenário do arroz é agravado, por conta da localização das plantações, onde estão concentrados os principais pontos de alagamento. Além disso, a Emater-RS indica “problemas para a secagem dos grãos, o que resulta na perda de qualidade e rendimento”.
Em Soledade, onde grande parte das lavouras foi inundada, a avaliação inicial é de “perdas totais”, no entanto, “após a normalização da situação, será realizada uma avaliação dos níveis de perdas e da qualidade do grão”.
Leite
Em várias regiões, o encharcamento das pastagens tem deixado o pastoreio inviável e compromete a oferta de alimento para o gado. Além disso, as enchentes têm prejudicado o acesso às propriedades, impedindo o transporte do leite e afetando a coleta e o escoamento da produção. A falta de energia foi um problema e exigiu o uso de geradores.
“As condições gerais do rebanho são críticas” na região administrativa da Emater-RS de Porto Alegre. “Houve perdas significativas devido a afogamentos, especialmente nas regiões do Vale dos Sinos, Vale do Caí e Centro-Sul. A coleta de leite está sendo comprometida em várias localidades. Estima-se que mais de 50% da produção não está sendo escoada.”
Pastagens
As recentes chuvas intensas e enchentes causaram danos significativos às pastagens em praticamente todo o estado. Desde a dificuldade na semeadura e no desenvolvimento até a perda de culturas já implantadas, as condições climáticas adversas comprometeram a disponibilidade e a qualidade das pastagens para o gado.
Alagamentos, erosões e danos no solo são alguns dos impactos observados, que resultaram em um cenário desafiador para os produtores rurais. Segundo o informativo, “as atividades de implantação de pastagem foram interrompidas e as recentemente implantadas, danificadas pelas chuvas, possivelmente exigindo replantio.”
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