Economia
Inadimplência atinge 7,4% dos produtores rurais no segundo trimestre, aponta Serasa
Levantamento destaca resiliência do setor, mesmo com custos elevados e eventos climáticos adversos
2 minutos de leitura 26/11/2024 - 14:41
Paloma Custódio | Brasília
Apenas 7,4% dos produtores rurais, que atuam como pessoa física, possuem alguma inadimplência, ou seja, uma dívida vencida há mais de 180 dias. É o que mostra um levantamento da Serasa Experian com base nos dados do segundo trimestre de 2024. Em comparação com os três primeiros meses do ano, houve uma leve alta de 0,3 ponto percentual.
Em nota, o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, avalia que o cenário ainda pode ser considerado relativamente positivo, já que a variação trimestral foi muito baixa. “Mesmo com a retração do preço das commodities, o aumento nos custos de insumos agropecuários e outros desafios, como os acontecimentos climáticos que afetaram a estabilidade financeira no campo, os números de inadimplência no agro se mantiveram praticamente iguais e a maior parcela dos proprietários rurais do país estão conseguindo honrar seus compromissos financeiros e continuar mantendo um saldo positivo para o setor”.
O estudo indica que os grandes proprietários foram os mais impactados pela inadimplência: 9,8% deles tinham dívidas vencidas há mais de 180 dias. Na sequência estão aqueles que não possuem registro de cadastro rural, arrendatários, pessoas participantes de grupos econômicos ou produtores familiares, com 9,3%. Os produtores de médio porte marcaram 6,9% e os pequenos, 6,6%.
Inadimplência por faixa etária
O levantamento da Serasa também revela que, quanto maior a faixa etária do produtor rural, menor é o índice de inadimplência. No segundo trimestre, 7,2% dos produtores entre 50 e 59 anos estavam com o nome no vermelho. A partir disso, quanto maior a idade, menor o percentual.
Credores do agronegócio
Os credores identificados como “Instituições Financeiras”, que financiam as atividades do campo, foram responsáveis pela maior fatia da inadimplência no segundo trimestre (6,5%). Já “Setor Agro” e “Outros Setores Relacionados” correspondem a 0,1% e 0,2%, respectivamente. Essas categorias abrangem produtos e serviços como agroindústrias de transformação, comércio atacadista agro, serviços de apoio ao agro, produção e revendas de insumos e de máquinas agrícolas, produtores rurais, seguradoras não-vida, transportes e armazenamentos.
Inadimplência é maior da Região Norte
A Região Norte registrou o maior percentual de inadimplentes no setor agrícola, com 10,6% no segundo trimestre de 2024. Em oposição, o Sul marcou o menor percentual, com apenas 4,8%. Na análise do head de agronegócio da Serasa Experian, é preciso considerar ainda a suspensão das negativações no Rio Grande do Sul anunciada pela ANBC (Associação Nacional dos Bureaus de Crédito), que perdurou por 60 dias, em função das enchentes que ocorreram na região.
“Essa foi uma iniciativa necessária que pode ter influenciado o baixo percentual no estado. Além disso, os sulistas que atuam com o agro têm um longo e positivo histórico de experiência e resiliência durante os momentos de crise, contando também com uma adesão significativa aos instrumentos de seguro rural, que ajudam a mitigar riscos”, explicou Marcelo Pimenta, em nota.
Para fazer o levantamento, a Serasa Experian considerou dívidas de produtores rurais, que atuam como pessoa física, vencidas entre 180 dias e 5 anos e que somam pelo menos R$ 1.000,00.
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