Economia
Demanda enfraquecida pressiona cotações da soja
Com menor apetite, mercado vê preços recuarem em fase de transição de safra; confira ainda tendência para milho, trigo, café e pecuária

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
04/08/2025 - 17:44

O mercado da soja dá sinais de transição. Após semanas de firmeza, os preços passaram por um leve ajuste negativo, refletindo um menor apetite dos compradores e a estabilidade dos estoques. Com isso, segundo avaliação da Markestrat, o produtor precisa voltar o foco ao planejamento da nova safra.
“As perspectivas de produtividade são positivas, especialmente diante do avanço das pastagens e do preparo de solo em boas condições”, pontuam. A logística, por ora, ganha certo alívio com o fim da safra no Maranhão, mas a pressão sobre as margens permanece, exigindo cautela na tomada de decisões comerciais.
Milho
Para o milho, o cenário é um pouco mais complexo. Apesar da retração nas cotações do mercado físico, os contratos futuros apresentaram alta, puxados por uma reavaliação da oferta e demanda global. No Brasil, a colheita da segunda safra avança de forma firme, já superando os 80% em estados-chave. Na Argentina, a safra também mostra força, com 88% colhido.
Ao mesmo tempo, sinais de aquecimento na demanda por etanol no Centro-Oeste, sustentada por investimentos em irrigação e integração agroindustrial, ajudam a dar sustentação ao mercado. “Para o produtor, atenção ao clima e à janela de plantio da safra de verão é essencial, já que os bons preços futuros podem estimular antecipações nas compras de insumos e no planejamento”, sinalizam os especialistas.
Trigo
O trigo segue sob pressão. As condições climáticas adversas, principalmente no Sul, levantam preocupações com a regularidade do estande e o desenvolvimento vegetativo das lavouras. Além disso, os custos de produção permanecem elevados e pouco ajustados aos atuais níveis de preço, tornando a rentabilidade cada vez mais dependente da produtividade.
No mercado internacional, o aumento da oferta global e a desvalorização das commodities ampliam a pressão sobre as cotações. A instabilidade climática, somada ao alto custo de plantio, dificulta o planejamento agrícola. A curva de preços, indica a Markestrat, não projeta recuperação no curto e médio prazos, o que pode minar o ânimo produtivo e gerar impactos no próximo ciclo.
Café
Já no café, o momento é de cautela. Apesar de alguma recuperação nos preços do robusta — com alta média de 4% no mercado físico na última semana e nos contratos de curto prazo —, o cenário do arábica ainda é de leve queda semanal.
A perspectiva para o médio prazo é de pressão baixista, diante das projeções de superávit e risco de saturação do mercado global já na safra 2026/2027. “A nova tarifa imposta pelos Estados Unidos ao café brasileiro reforça a urgência em diversificar mercados e adotar um planejamento de longo prazo para mitigar riscos e manter a competitividade”, alerta a consultoria.

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