Chuvas irregulares e temperaturas elevadas impactam negativamente as lavouras do estado
A colheita de soja teve início em algumas lavouras do Rio Grande do Sul, mas, embora menos de 1% tenha sido colhido, a produtividade está menor do que a projetada. A informação é do Informativo Conjuntural da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS) divulgado nesta quinta-feira, 27. A área de cultivo estimada pela Emater é de 6.811.344 hectares, com produtividade de 3.179 kg/ha.
A maior parte do cultivo avança para as fases finais do ciclo fenológico. O predomínio é do estágio de enchimento de grãos, com 56%; enquanto 12% das lavouras estão em maturação. Apesar das chuvas generalizadas em 16 e 17 de fevereiro e das precipitações isoladas nos dias subsequentes, a situação das lavouras varia conforme os volumes de chuva registrados, a capacidade de infiltração e retenção de água dos solos, além das condições de clima e solo durante o plantio.
De acordo com o levantamento da Emater, as precipitações irregulares e as temperaturas elevadas têm causado a morte prematura das folhas do terço inferior da planta de soja, além da queda de vagens e a formação heterogênea dos grãos (alguns normais e outros subdesenvolvidos). Em áreas mais afetadas pela estiagem, como no centro-oeste do estado, os técnicos da Emater observaram a ausência de fechamento das entrelinhas e predomínio de haste única nas plantas, ou seja, sem ramificações laterais.
Já onde as chuvas foram mais expressivas, principalmente no leste, as lavouras apresentam potencial produtivo satisfatório, mas demandam umidade para a completa formação dos grãos.
A colheita do milho atingiu 64% da área cultivada no Rio Grande do Sul. Segundo a Emater, a produtividade se mantém satisfatória, em 7.116 kg/ha, apesar da insuficiência de chuvas em etapas intermediárias do ciclo. Os efeitos da restrição hídrica, ocorrida em janeiro e fevereiro, tendem a se intensificar nos cultivos semeados em novembro e meados de dezembro, que estão na fase de floração e enchimento de grãos (14% da área total).
As lavouras implantadas tardiamente, que estão ainda em fase vegetativa (5% da área), devem se recuperar devido à reposição de umidade no solo. No entanto, a Emater pondera que serão necessárias precipitações regulares para sustentar o potencial produtivo. A estimativa para o cultivo de milho na safra 2024/25 no estado é de 748.511 hectares.
A chuva e as altas temperaturas devem continuar nos próximos dias no Rio Grande do Sul. A partir desta sexta-feira, 28, a aproximação de uma frente fria sobre o oceano, em interação com a massa de ar quente presente no estado, poderá provocar novos acumulados de chuva, que devem se estender ao longo do sábado e do domingo.
A presença da alta pressão entre o litoral sul e região Sudeste do Brasil manterá o transporte de calor e umidade para o Rio Grande do Sul, dificultando o deslocamento dos sistemas de instabilidade para outras regiões do país. Os acumulados de chuva devem ser observados em quase todas as regiões, mas os principais acumulados devem ser observados na metade sul do estado.
Já as temperaturas seguem elevadas, especialmente na metade norte. Na região das Missões e na Metropolitana de Porto Alegre, as máximas podem passar dos 35°C nesses dias. Na segunda-feira, 3, a atuação do anticiclone na costa do Brasil seguirá transportando calor e umidade do Norte do país para o Rio Grande do Sul.
Esse padrão favorecerá a formação de nuvens de chuva sobre a metade sul do estado, além de manter as temperaturas máximas elevadas. Essa condição deve persistir na terça e na quarta-feira, com temperaturas máximas elevadas e chuvas isoladas. As precipitações devem ser irregulares e, em áreas da metade sul, centro e nordeste, podem variar entre 5 e 30 mm. Nas demais áreas, os volumes esperados ficarão entre 1 e 20 mm.