Economia
Café retido nos portos em 2024 gera prejuízo de R$ 51,5 milhões ao setor
Problema foi causado por atrasos e mudanças nas escalas de navios, além de rolagens de cargas
Redação Agro Estadão
04/02/2025 - 13:00

Um levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) revelou que 1,826 milhão de sacas de café ficaram retidas nos portos brasileiros em 2024, sem embarque. O problema foi causado por atrasos e mudanças nas escalas de navios, além de rolagens de cargas. Segundo o Cecafé, de junho — quando a entidade começou a realizar o levantamento — até dezembro de 2024, o prejuízo acumulado dos exportadores somou R$ 51,5 milhões, incluindo custos extras com armazenagem e logística.
Levando em consideração um preço médio FOB — tipo de frete em que o comprador assume os riscos e custos com transporte — de exportação de US$ 304,25 por saca de café verde e a média de R$ 6,09 do dólar em dezembro, o não embarque desse café implica que o Brasil deixou de receber, nos 12 meses do ano passado, US$ 555,62 milhões, ou R$ 3,3 bilhões, como receita cambial.
De acordo com Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, os gargalos logísticos também trazem prejuízos aos produtores brasileiros de café, que, em sua maioria, são da agricultura familiar. “O Brasil é o país que mais transfere o preço FOB [Free on Board] da exportação a seus cafeicultores e o não embarque do produto, por limitações de infraestrutura portuárias, reduz o repasse de capital a eles”, explica.
Do lado dos profissionais que realizam os embarques, de acordo com Heron, também grandes desafios logísticos, com dificuldades para consolidar as cargas devido ao aumento dos embarques de produtos que usam contêineres.
Além disso, a falta de infraestrutura adequada nos portos do Brasil agrava a situação. “Os imbróglios na logística e os prejuízos que nossos exportadores acumulam demonstram um esgotamento da estrutura portuária e que se fazem cada vez mais urgentes investimentos para ampliar capacidade de pátio e berço, melhorar as condições de rodovias, ferrovias e hidrovias e aprofundar o calado para o recebimento de embarcações maiores”, afirma o diretor técnico do Cecafé em nota.
Neste contexto, o Cecafé reforça que vem capitaneando, junto a outras entidades do comércio exterior, a realização de diálogos com autoridades públicas para buscar soluções que reduzam os riscos, minimizem os prejuízos aos exportadores e possibilitem uma célere melhoria na estrutura dos portos.
Porto de Santos lidera atrasos em dezembro
Conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital, 71% dos navios, ou 206 de um total de 290 porta-contêineres, tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil, em dezembro do ano passado, impactando as exportações de café.
O tempo mais longo de espera em dezembro foi de 56 dias, registrado no Porto de Santos (SP), o maior da América do Sul. Além disso, 40 navios sequer tiveram abertura de portão no cais santista.
De acordo com os dados do boletim DTZ, o Porto de Santos, que respondeu por 68% dos embarques de café no acumulado de 2024, registrou um índice de 84% de atraso ou alteração de escalas de navios em dezembro. Isso envolveu 132 do total de 157 embarcações.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
China acelera compras de carne bovina à espera de decisão sobre salvaguardas
2
Brasil deve registrar recorde histórico na exportação de gado vivo em 2025
3
Banco do Brasil dá início à renegociação de dívidas rurais com recursos livres
4
Adoçado com engano: apicultores denunciam uso de ‘falso mel’ na indústria alimentícia
5
Oferta de etanol cresce mais rápido que consumo e acende alerta no setor
6
Onde nascem os grãos da xícara de café mais cara do mundo?
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Economia
IBGE: estoque de produtos agrícolas totalizou 79,4 milhões de t ao fim do 1º semestre
Maiores estoques, segundo o instituto, foram de soja, com 48,8 milhões de toneladas, seguida por milho, arroz, trigo e café
Economia
Banco do Brasil registra baixa adesão à linha subsidiada de renegociação de dívidas
Banco do Brasil concentra maior parte dos R$12 bi em crédito controlado; renegociações avançam com recursos livres nos primeiros 21 dias
Economia
Mapa ordena recolhimento de azeites de oliva fraudados
Análises laboratoriais confirmaram a adulteração dos produtos com outros óleos vegetais, resultando em inadequação para o consumo
Economia
Serasa vê persistência da inadimplência no agro em 2026
Com margens apertadas e crédito restrito, é esperada, conforme a instituição, uma reorganização das operações no campo
Economia
Pressão da indústria e inflação levam governo Trump a revisar tarifa sobre café
Presidente do Cecafé diz que o momento é “o mais favorável em meses” para negociação; em outubro, embarques de café caíram 20%
Economia
Boa Safra triplica faturamento com outras culturas e aposta em sorgo e milho
Líder nacional na produção de sementes de soja, empresa movimentou R$ 109 milhões no terceiro trimestre com milho, sorgo, trigo, feijão e forrageiras
Economia
Recuperações extrajudiciais são “nova dor de cabeça” do agro, apontam especialistas
Busca por acordos entre endividados e credores fora do âmbito judiciário leva preocupação aos agentes do mercado de crédito rural
Economia
Estoques elevados de soja podem frear compras da China
Reservas de soja nos portos chineses atingiram recorde de 10,3 milhões de toneladas em 7 de novembro, segundo operadores internacionais