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Economia

Ataque dos EUA ao Irã pressiona fertilizantes e petróleo 

Possível fechamento do Estreito de Ormuz agrava gargalos logísticos para a cadeia de insumos, avalia Markestrat

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com | Atualizada às 12h21

23/06/2025 - 10:11

Foto: Adobe Stock
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O fim de semana trouxe uma escalada na tensão no Oriente Médio, com os Estados Unidos atacando usinas nucleares do Irã, ao lado de Israel. A resposta iraniana, que incluiu a aprovação no parlamento do fechamento do Estreito de Ormuz — rota por onde transitam cerca de 30% do petróleo e uma fatia relevante dos fertilizantes globais — acendeu alertas para a segurança energética e alimentar no mundo.

Porém, apesar do agravamento do cenário geopolítico, os mercados financeiros ainda não precificam o conflito. O petróleo, que seria o primeiro termômetro de uma disrupção real na logística global, subia apenas 0,73% às 9h06 desta segunda-feira, 23, no horário de Brasília. 

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“Se o estreito tivesse sido efetivamente fechado, essa alta seria muito mais intensa. A verdade é que, embora o parlamento iraniano tenha autorizado a medida, ela é extrema e poderia arrastar outros países do Golfo Pérsico para a guerra, o que complicaria muito a posição do próprio Irã”, disse o economista André Perfeito, em nota.

Apesar disso, o clima é de tensão. “Fica evidente que a Europa é a grande perdedora desta nova fase. As bolsas da região caem mais do que em outros mercados. Faz sentido: a Europa, que já não pode contar com o petróleo e o gás da Rússia, agora corre o risco de perder também parte do fornecimento árabe”, destaca Perfeito.

Agro já sentia a crise 

No agronegócio, o sinal de alerta não é novo, mas ganhou força. O fechamento do Estreito de Ormuz — mesmo que ainda não efetivado de fato — adiciona mais uma camada de risco sobre um sistema logístico global que já estava operando no limite. “A operação no estreito é uma das maiores do mundo para fertilizantes e combustíveis. Mas focando no agro, o alerta já estava aceso bem antes desse ataque”, aponta a consultoria Markestrat.

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A consultoria apontou alguns fatos que já influenciavam a cadeia de fertilizantes, impactando o Brasil:

  • A Índia já tinha consolidado a sua relevância como fornecedora de princípios ativos no segmento de agroquímicos;
  • Em 2025, o Brasil já tinha antecipado grande parte das importações necessárias no período pré-safra;
  • Apesar da desaceleração nos volumes atuais, os fretes já estavam subindo nesse mês de junho; 
  • O Peak Season, período tradicional em que acontece o entupimento logístico marítimo, está no 2º semestre. Portanto, logo ali, puxado por açúcar, algodão e outros fluxos sazonais;
  • Os gargalos logísticos já estavam contratados, com ou sem esse ataque. O evento do dia 21 de junho só adiciona mais uma camada de tensão sobre um sistema que já operava no limite.

“Ou seja, os gargalos já estavam contratados antes da escalada militar. O ataque dos Estados Unidos não inaugura uma crise logística, ele agrava uma que já estava em curso”, afirmam os especialistas

Riscos de uma eventual interrupção no Estreito de Ormuz

Neste contexto, a Markestrat destaca quatro pontos fundamentais para entender o real impacto de uma eventual interrupção no Estreito de Ormuz:

  • Decisão política: O parlamento iraniano aprovou o fechamento do estreito, mas a decisão final cabe ao Aiatolá, líder supremo do país. “Se confirmada, será a primeira vez em 40 anos que o Irã impõe esse tipo de bloqueio — um movimento sem precedentes na história recente”, alerta o relatório.
  • Gargalo logístico: O Estreito de Ormuz não é vital apenas para o Irã. Kuwait, Catar, Bahrein e boa parte da Arábia Saudita também dependem da rota, sem alternativas viáveis de escoamento marítimo. Qualquer interrupção impacta diretamente o fluxo global de petróleo e derivados.
  • Risco econômico: Desde 2022, a China se consolidou como principal comprador do petróleo iraniano. Um bloqueio elevaria de imediato os preços globais da commodity. “O choque no barril geraria pressão inflacionária severa, com impacto direto sobre China e Estados Unidos, que já enfrentam desafios econômicos internos. A inflação americana poderia voltar a superar 5%, reproduzindo um cenário semelhante ao de 2023, quando o Fed subiu juros de forma agressiva para conter preços, pressionando ainda mais a dívida pública”, aponta o relatório.
  • Escalada regional: Há risco concreto de apoio externo ao Irã, como grupos houthis no Iêmen, que poderiam também impactar o Canal de Suez via Mar Vermelho, reacendendo o caos logístico vivido em 2023. Além disso, os especialistas salientam que, cresce a preocupação com relatos de interferências iranianas no sistema de navegação GPS na região, o que gera desorientação nas rotas. “Em um estreito tão movimentado e estreito geograficamente, acidentes causados por falhas de navegação poderiam paralisar o tráfego sem a necessidade de um bloqueio formal”, observam.

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