32 municípios estão em situação de emergência no RS devido à estiagem
Os prognósticos de mais um ano de estiagem colocam os produtores de soja e milho em alerta no Rio Grande do Sul. A região oeste do estado é a que mais está sofrendo os efeitos do La Niña e confirmando a falta de chuvas. Em Santa Rosa, o produtor rural Clenir Dalcin conta que a última chuva “boa” caiu em 19 de dezembro e depois desse dia, foram apenas pancadas mal distribuídas, insuficientes para a saúde das plantas.
“A gente estima hoje uma quebra de 30% a 40% na produtividade se chover nos próximos dias. Se não chover, a perda será maior”, avalia em conversa com o Agro Estadão. “No geral, as lavouras estão bem castigadas”, completa.
Até esta quarta-feira, 29, o Rio Grande do Sul tem 32 municípios com decreto de situação de emergência por conta da estiagem (veja lista abaixo). Outros seis municípios já entraram com o pedido e aguardam o decreto, segundo a Defesa Civil do estado.
Um estudo técnico realizado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), aponta queda na previsão inicial de produtividade dos grãos. E, de 61 sacos por hectare de soja, o resultado estimado está em 47,8 sacos.
“Tem regiões que as perdas já são mais de 50% e, diante do quadro que está persistindo, a capacidade de reação dos nossos agricultores está extremamente limitada, pela combinação dos efeitos de aumento de custos e as três estiagens que passamos nos últimos quatro anos”, avalia Sérgio Luís Feltraco, diretor-executivo da FecoAgro/RS.
Feltraco explica que o oeste do estado, na região da fronteira, tem áreas com mais de 30 dias sem chuvas e que nessa região estão importantes municípios produtores. E com a previsão de um fevereiro de chuvas abaixo da média, a preocupação cresce. “Em fevereiro, todas as regiões estarão em fase de florescimento e fixação de vagens. É um momento crítico que a lavoura precisa de água para garantir produtividade e peso do grão”, comenta o diretor.
“Mesmo que se tome todos os cuidados para mitigação de riscos nessas operações, as condições extremas inviabilizam a capacidade de pagamento do produtor”, afirma o executivo da FecoAgro/RS.
No cenário em que os produtores rurais gaúchos acumulam dívidas de três safras perdidas por estiagens e do desastre climático do ano passado, o que acontecer nesta safra pode ser determinante para o futuro das culturas. Feltraco avalia que, cada vez mais, os agricultores usarão menos tecnologia na implantação das lavouras.
“Nós estimulamos o produtor a fazer com racionalidade o uso da tecnologia, porque o produtor depende dessa atividade. Então o nível de dificuldade que ele vai enfrentar é proporcional ao endividamento acumulado nos últimos quatro anos”, sentencia.
A FecoAgro/RS reúne 30 cooperativas agropecuárias, totalizando 171 mil associados. O diretor-executivo conta que a pecuária de leite e de corte também já sente os efeitos da falta de chuvas. A pastagem que serve de alimento está escassa e, com isso, os criadores já estão usando a silagem que serviria de comida durante o inverno.
“Além disso, tem o desconforto térmico do animal, consequência das altas temperaturas e baixa umidade do ar. Isso impacta a produção de leite e a qualidade da carne”, pontua Feltraco.
Os municípios que já fizeram o pedido e aguardam o decreto são: