Aumento de impostos e ineficiência federal ameaçam competitividade e empregos rurais
O Brasil deve muito ao seu campo. Dele vêm os alimentos que abastecem nossas mesas e os produtos que sustentam uma significativa fatia das exportações nacionais. Em meio a crises econômicas, sanitárias e políticas, o agronegócio tem sido, reiteradamente, o motor que impede o país de estagnar. No entanto, é justamente esse setor que hoje se vê acuado por um governo federal que parece não compreender sua importância estratégica.
Desde o início de 2023, os produtores rurais têm enfrentado uma crescente carga tributária imposta pelo Executivo, para cobrir o déficit fiscal e atender a uma voracidade de gastos desmedidos. Mais de 20 aumentos ou novos tributos foram implementados, afetando diretamente a competitividade do setor. Trata-se de uma escolha equivocada e míope, que compromete não apenas a saúde financeira dos produtores, mas a própria economia nacional e a segurança alimentar da população.
A elevação de impostos sobre insumos, transporte, combustíveis e exportações não pode ser vista apenas como uma medida técnica de ajuste fiscal. Ela carrega profundas consequências sociais e produtivas. O chamado Custo Brasil, já historicamente elevado, se torna ainda mais oneroso, fazendo com que nossos produtos percam espaço nos mercados internacionais — espaço este que não se recupera facilmente.
Não bastasse a carga tributária, os produtores convivem com a ineficiência do governo em reagir a cenários de crise. A resposta morosa ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resultou na perda de toneladas de frutas, flores e pescados. Produtos perecíveis, que exigem logística rápida e ação diplomática ágil, foram simplesmente abandonados à própria sorte. Enquanto autoridades hesitavam em Brasília, produtores viam meses de trabalho e investimento virarem desperdício.
O setor rural pede sensibilidade. Pede que o governo compreenda que, além de geradores de riqueza, os homens e mulheres do campo são guardiões da segurança alimentar de mais de 200 milhões de brasileiros — e também de parte significativa do planeta. Tratar esses produtores como meros contribuintes, ou pior, como inimigos ambientais ou fiscais, é uma distorção grave da realidade.
Não se pode exigir mais sacrifícios de um setor que já opera sob risco climático, cambial e logístico. O que se espera do governo federal é previsibilidade, diálogo e compromisso com a eficiência administrativa. Tributação excessiva e ausência de política agrícola efetiva são caminhos certos para a perda de competitividade, para o desemprego no campo e, em última instância, para o aumento do preço dos alimentos nas cidades.
O Brasil precisa decidir se quer um campo forte, moderno e competitivo — ou um produtor endividado, desmotivado e abandonado. A resposta parece óbvia, mas as ações do governo caminham na direção contrária.
O campo está fazendo sua parte. Resta saber se Brasília fará a sua.