Independentemente de religião, o Papa Francisco era sinônimo de altruísmo, antônimo de egocentrismo
Tenho caminhado. Além do nosso Brasilzão, fui para os Países Árabes, Europa, Rússia, Estados Unidos e, mais recentemente, África. Destinos para os quais o agronegócio me levou para falar, ouvir e, sobretudo, observar.
A cada retorno, sigo para a fazenda, onde trabalho e também recarrego as baterias e reflito sobre um mundo que ainda precisa ser construído. Não só aqui no Brasil, onde as carências ainda são muito grandes, mas em todo o planeta. Falo de pobreza, saneamento básico, educação e, principalmente, segurança alimentar.
Necessidades básicas para o desenvolvimento humano, que foram historicamente ignoradas e, pelos últimos acontecimentos geopolíticos, tendem a se perpetuar. No mínimo, se agravar, empurrando para o abismo países pobres — que ficarão ainda mais pobres — em nome de uma história de poder e egocentrismo dos líderes mundiais.
A guerra comercial entre Estados Unidos e China pode gerar impactos significativos na segurança alimentar global, afetando a cadeia de suprimentos agrícolas, elevando os custos e ameaçando o abastecimento. A Organização Mundial do Comércio (OMC), que antes projetava um crescimento de 2% na economia global, já prevê retração em 2025, impactando especialmente os países menos desenvolvidos.
Neste cenário, perdem todos, inclusive o Brasil. Mesmo com a oportunidade de ampliar sua participação no mercado internacional, a guerra tarifária fere o livre comércio, traz insegurança, altos custos de produção, recessão e inflação.
Em meio a essa reflexão e esse ambiente de incerteza, em um mundo tão carente de união, a morte do Papa Francisco me sensibilizou. Escutei uma enxurrada de declarações unânimes sobre seu poder de transformação — não só da Igreja Católica, mas do próprio consenso global em torno de temas que nunca haviam sido discutidos com tanta coragem.
O Papa Francisco tinha a capacidade de se colocar no lugar do outro, o que chamamos de empatia. Buscava o bem comum, conhecido como senso de coletivo. Desejo, assim, que nossos líderes mundiais possam ser mais “Francisco” e repensem em um futuro de transformações consistentes em um planeta único.