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Dependência externa de fertilizantes ainda preocupa

1 minuto de leitura

07/06/2024 | 08:00

Por: Celso Moretti

Em 2022 o Brasil se reencontrou com um problema sistêmico do agro: a monumental dependência da importação de fertilizantes

Nada menos do que 85% desses insumos usados pela agricultura brasileira são importados. São quase 40 milhões de toneladas. A luz vermelha foi acesa com o início da guerra da Ucrânia, em fevereiro daquele ano. Veio o bloqueio do Mar Negro. Somente Rússia e Belarus respondem por 50% do potássio que chega ao Brasil. O governo à época deu início à chamada “diplomacia dos fertilizantes”. Vários países como Canadá, Estados Unidos, Marrocos, Rússia, Jordânia e Israel foram visitados. Felizmente, a safra 2022/23 não foi comprometida e, em alguns portos, fertilizantes nem chegaram a adentrar o território brasileiro, sendo reexportados dali mesmo. 

Para se desenvolverem adequadamente, as plantas necessitam de diversos nutrientes. Três são exigidos em maior quantidade: nitrogênio, fósforo e potássio. Entre 60 e 70% do nitrogênio, ao redor de 85% do fósforo e quase a totalidade do potássio (99%) são importados. Os principais países parceiros do Brasil para a compra desses insumos são diferentes para cada tipo de fertilizante. De acordo com a Comex Stat (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), em 2024 figuraram como principais parceiros para a aquisição de nitrogênio (N), a Rússia, a China, o Catar e os Estados Unidos. Para fontes de fósforo (P) destacaram-se o Egito, a China, o Marrocos e Israel. Já para o potássio (K) os principais parceiros fornecedores são o Canadá, a Rússia, o Uzbequistão e a Belarus. 

O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), um conjunto de ações que busca minimizar a dependência da importação de fertilizantes, foi estabelecido em 2022. A ideia central é conjugar esforços dos setores público e privado visando a diferentes aspectos como a modernização, a reativação e a eventual expansão de plantas industriais de fertilizantes já existentes no País. O plano busca ainda a melhoria do ambiente de negócios com foco na atração de investimentos tanto para as cadeias produtivas, quanto para a distribuição de fertilizantes. Estímulo à produção de bioinsumos, uso de adubos organominerais e de remineralizadores estão entre as ações elencadas no PNF. No quesito bioinsumos o Brasil já deu mostras que poderá se tornar o maior líder global. E isso, em pouco tempo. Microrganismos fixadores de nitrogênio e mobilizadores de fósforo nos solos ajudam o Brasil a economizar bilhões de dólares anualmente.    

Empresas, cooperativas e produtores estão em ritmo acelerado de planejamento da safra de verão. Segundo especialistas, o mercado de fertilizantes deve crescer da ordem de um milhão de toneladas em 2024. Dados do USDA, publicados em 10 de maio, indicam pequena retração na produção mundial de milho. Para o Brasil é estimado aumento ao redor de 4% em relação à safra 2023/24. Os americanos preveem também aumento na produção global de soja para a safra 2024/25 da ordem de 6%. As estimativas para a produção brasileira do grão elevariam o total produzido em 9,7%, chegando a 169 milhões de toneladas. 

A agricultura brasileira tem potencial e capacidade de seguir alimentando um mundo que possui diversos países em insegurança alimentar. As projeções acima indicam crescimento na produção de grãos, o que significa, em última análise, maior demanda por fertilizantes, considerando-se as dosagens correntemente aplicadas de NPK. 

Com terra agricultável e tecnologia, o Brasil tem tudo para assegurar incrementos ainda maiores nas próximas safras. Apesar de o problema estar ainda presente e de ser uma preocupação importante, existe a expectativa de que os esforços em andamento no país terão impacto positivo e poderão apresentar solução complementar para um setor estratégico para a economia. É sabido que não existe vara de condão. Que os conflitos existentes não tragam impactos negativos para o suprimento de fertilizantes e que as estratégias sendo implementadas surtam os efeitos esperados. A conferir.

Categorias: Opinião

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