Confederação critica ‘instabilidade política’ e aponta a necessidade de maturidade institucional para destravar o crescimento do país
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) não participou do encontro entre o governo federal e o setor produtivo para discussão das tarifas dos Estados Unidos. Entretanto, em nota publicada nesta terça-feira, 15, a entidade criticou o foco da política nacional em disputas ideológicas, que, segundo a CNA, travam o país e prejudicam as relações internacionais. Para a confederação, trata-se de uma agenda ‘estéril, paralisante e marcada por radicalismos ideológicos’.
“O Brasil, que deveria estar consolidando sua posição como fornecedor estratégico de alimentos, energia limpa e minerais críticos, volta às manchetes internacionais não por suas oportunidades, mas por suas ‘crises políticas pessoais’ internas”, afirmou a CNA.
A entidade também responsabilizou o Governo Federal por reforçar divisões e fragilizar a confiança do setor produtivo. “Em vez de assumir a liderança de uma agenda pragmática e pacificadora, optou por reabrir feridas políticas”, diz o texto.
“A economia não pode continuar sendo refém de narrativas políticas que alimentam extremos e paralisam decisões”, concluiu a entidade, ao pedir maturidade institucional para destravar o crescimento do país.
A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) participou do evento, mas não falou com a imprensa. Em nota, a associação informou que solicitou “ao governo brasileiro que atue junto aos Estados Unidos pela imediata exclusão dos pescados da medida ou, na impossibilidade de reversão imediata, que seja prorrogado por no mínimo 90 dias o início da taxação, para que o setor possa buscar alternativas e evitar o colapso iminente”.
A entidade também alertou para o risco de colapso do setor, que depende majoritariamente do mercado norte-americano. “Não temos plano B. O setor de pescados depende quase que exclusivamente do mercado norte-americano para exportação”, afirmou, no texto, Eduardo Lobo, presidente da Abipesca. Segundo ele, mais de 70% das exportações brasileiras de pescado têm como destino os EUA.
A entidade estima que mais de 20 mil trabalhadores diretos e cerca de 4 milhões de pessoas envolvidas na cadeia produtiva podem ser afetados. “Uma tarifa de 50% representa o colapso de milhares de sonhos e compromissos já assumidos”, disse Lobo.
A Abipesca também apontou que o mercado europeu segue fechado desde 2017 e que o setor enfrenta obstáculos regulatórios e períodos de defeso (interrupção da pesca para preservação das espécies), o que agrava a situação.