Entidades também planejam rebater discurso de que a produção de biocombustíveis concorre com a de alimentos
Os biocombustíveis deverão ser um dos eixos temáticos de um documento que será enviado ao presidente da COP 30, André Corrêa do Lago. Segundo o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o texto, que está sendo preparado pelo enviado especial da Agricultura para a COP, Roberto Rodrigues, vai compilar uma série de sugestões colhidas junto ao setor agropecuário.
“Queremos colocar os biocombustíveis também como prioridade, mostrando aquilo que nós já fizemos e buscando parcerias com outros países de compromissos recíprocos de implementar o uso de biocombustíveis”, destacou Jardim durante um seminário Pré-COP realizado pela Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio) nesta quinta-feira, 9. O deputado ainda adiantou que a formalização da entrega será feita no próximo dia 28 de outubro na reunião-almoço da FPA.
Para o diretor executivo da Bioenergia Brasil, Roberto Hollanda, o Brasil tem condições não só de mostrar o papel dos biocombustíveis na descarbonização, mas de exportar esse modelo. Ele defende que essa seja uma das bandeiras durante o evento sobre as mudanças climáticas.
“Nossa solução é replicável e escalável. Tanto o biodiesel como o etanol podem ser adotados de imediato”, comentou Hollanda, ao lembrar também que isso não será fácil, pois envolve questões de substituição de interesses setoriais e da geopolítica.
Um dos enfrentamentos de temas previstos pelo setor do biocombustível durante a COP 30 é o discurso de uma concorrência entre produção de alimentos e de biocombustíveis. A ideia será demonstrar com dados e informações que essa narrativa não se aplica ao Brasil.
Esse também é o entendimento interno da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O diretor da agência, Pietro Mendes, ressaltou que no Brasil os biocombustíveis fazem um caminho contrário, já que favorecem a produção de alimentos de origem animal.
“No caso brasileiro, não vejo uma vinculação de mudança do uso da terra pela produção de biocombustíveis. A gente tem muito mais uma produção [em conjunto] de biocombustíveis e alimentos do que uma competição entre produção de alimentos e biocombustíveis. Porque no milho, para o etanol, você também tem a produção de DDGS [sigla em inglês para grãos secos destilados com solúveis], na soja você tem o farelo”, comentou, em um dos painéis do seminário.