FAESP prepara plano para incentivar agricultura urbana
Objetivo é adquirir uma área em SP para desenvolver a produção de pescados e vegetais; aquaponia ganhará selo de qualidade na Agrishow 2024
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02/05/2024 | 05:00
Por: Igor Savenhago
A Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP) está elaborando um projeto para incentivar a agricultura urbana por meio da aquaponia, atividade que consiste na produção integrada de peixes ou camarões, e vegetais.
A informação foi dada ao Agro Estadão pelo presidente da FAESP, Tirso Meirelles, que recebeu a reportagem no estande da entidade na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). Segundo ele, o objetivo é adquirir uma área na capital paulista para capacitar pessoas em situação de vulnerabilidade social, onde possam produzir alimentos em espaços pequenos, como as próprias residências.
A aquaponia aplica, entre os conceitos, o de agricultura urbana, que se caracteriza pelo cultivo dentro das cidades, para consumo próprio ou comercialização em pequena escala, e pode ser desenvolvida em vasos ou estruturas que permitam a circulação de água com nutrientes, sob luz natural ou artificial. O sistema permite aumentar a segurança alimentar, o consumo de produtos orgânicos, livres de agroquímicos, além de ambiente limpo, sem tantos resíduos.
Meirelles ainda não dá prazo para a implantação do projeto, mas informa que as discussões estão em andamento. “Precisamos estimular as pessoas a plantar temperos em suas casas e apartamentos, formar hortas, trabalhar com pequenas frutas. E a aquaponia estimula possibilidades nesse sentido”, explica.
A partir do envolvimento da FAESP nesse tema, a Associação Brasileira de Aquaponia (ABA) escolheu o estande da federação, na Agrishow, para lançar, nesta quinta-feira (2), o selo Aquapônicos do Brasil, um programa de certificação que, segundo o vice-presidente da ABA, Cristiano Nicolau Psillakis, vai possibilitar verificar a abrangência do número de produtores que utilizam o sistema no país e ofertar alimentos de qualidade aos consumidores.
Outro motivo para fazer o lançamento na FAESP é que a entidade mantém um curso de aquaponia, que, segundo Meirelles, está entre os mais procurados. Por ser um método considerado barato, pode se tornar acessível não apenas no meio urbano, mas a grande parte dos agricultores paulistas.
“Esse é um passo importante para a agropecuária. A certificação com selo de qualidade ajuda a combater a desinformação que ainda atinge o setor, a mostrar a qualidade do produto brasileiro e como a questão da sustentabilidade é importante para todos nós e um diferencial do agronegócio nacional”, afirma Meirelles.
11 mil pessoas
Durante a feira, a FAESP busca intensificar o contato com produtores rurais. Em todas as edições, custeia a ida de pequenos e médios agricultores, universitários, além de jovens que frequentam o projeto Jovem Agricultor do Futuro – que, durante dez meses, promove aulas teóricas e práticas a adolescentes com o objetivo de capacitá-los para a gestão de propriedades rurais. Para este ano, a meta é levar, nos cinco dias de evento, 11 mil pessoas, muitas delas pela primeira vez. A ideia é aproximá-las das novidades do agronegócio e das discussões sobre o futuro do setor no Brasil.
Mulheres
Ainda na Agrishow, o grupo Semeadoras do Agro, comissão de mulheres da FAESP, vai realizar, também na quinta-feira (2), um evento com previsão de receber cerca de 500 lideranças femininas. O encontro está marcado para as 14h no IAC (Instituto Agronômico), junto ao estande da Secretaria de Estado da Agricultura, onde será lançado um programa de televisão, do qual a comissão fará parte do conselho editorial, e um podcast, ambos para evidenciar o protagonismo das mulheres no agro.
Segundo o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2017, o Brasil tinha naquele ano um quinto das propriedades rurais administrado por mulheres. Um total de 947 mil, das quais 14% estavam no Estado de São Paulo. “Queremos promover essas mulheres fantásticas, contando suas histórias e desmistificando o papel delas no campo”, afirma a vice-presidente da comissão, Juliana Farah.